A Argentina aprovou a primeira soja transgênica com resistência à seca do mundo. O anúncio foi feito nesta semana pelo governo no país, para quem a cultivar coloca o país em um “seleto” grupo de países que desenvolvem localmente o grão geneticamente modificado, entre eles o Brasil.
“Não são eventos apenas tecnológicos, mas também econômicos e sociais”, disse a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, com um histórico de conflitos com o setor agropecuário argentino. Segundo ela, esse tipo de produto é fundamental não apenas para a economia dos produtores rurais do país, mas também para as exportações.
De acordo com a agência oficial Telam, o desenvolvimento da nova variedade de soja foi feito por uma parceria público-privada entre a Universidade Nacional do Litoral, onde foi identificado o gene, e a empresa Inder, que incorporou a tecnologia à soja. A promessa da nova variedade é a manutenção dos níveis de produtividade em casos de carência de água.
Ainda conforme a agência, o ministro da Agricultura do país, Carlos Casamiquela, destacou a concentração na pesquisa de transgênicos na agricultura. Segundo ele, mais de 90% da soja, milho e algodão geneticamente modificados são fornecidos por apenas cinco empresas multinacionais. Para ele, é preciso ampliar e “democratizar” o acesso às tecnologias pelo produtor rural.
O governo do país vizinho anunciou também a aprovação de uma variedade transgênica de batata resistente ao vírus PVY. Ele é considerado o principal problema para a cultura, podendo causar perdas de até 80% nas lavouras.
No Brasil, o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), entidade que divulga dados científicos sobre este assunto, comentou a descoberta dos argentinos. Em nota, a diretora executiva do CIB, Adriana Brondani, avalia que o anuncio do governo vizinho está alinhado com o desafio de alimentar uma população cada vez maior e de maneira sustentável.
“Uma soja tolerante à seca permite cultivar essa leguminosa em regiões com baixa disponibilidade de água, o que certamente contribui para diminuir a pressão da agricultura sobre áreas protegidas e para o aumento na produção de alimentos”, afirma Brondani.
Globo Rural