Mais três pessoas procuraram a delegacia de polícia de Chapadão do Sul alegando terem sido vítimas de Francielle Menegueti Pereira, de 26 anos, presa na noite de quinta-feira (9), acusada de cobrar R$ 110 para aplicar falsa vacina contra a gripe H1N1 em aproximadamente 75 pessoas no município.
Dentro de 15 dias o delegado responsável pelo caso, Danilo Mansur, deve receber laudo pericial das agulhas e ampolas usadas pela mulher. O documento deve apontar se nas agulhas apreendidas constam mais de um tipo sanguíneo. “Essa é nossa grande preocupação. Descobrir se ela usava a mesma agulha em todas as pessoas, apesar dela ter dito que descartou boa parte das que foram utilizadas”, explicou a autoridade.
O laudo vai esclarecer ainda se o material colhido nos frascos eram mesmo para imunizar contra a gripe, ou outro material, como água, por exemplo. “Assim que tiver o laudo em mãos o inquérito deve ser concluído rapidamente”, observou o delegado.
As pessoas que foram “imunizadas” pela técnica de enfermagem estão sendo chamadas para realizarem exame de sangue no intuito de constatar se apresentam alguma reação com relação ao produto aplicado e terão garantia de imunização contra a gripe.
Alguns, por precaução, foram orientados a tomar o coquetel – composto de remédios destinados a impedir possível multiplicação de vírus no organismo.
DESMASCARADA
Francielle foi desmascarada após vacinar cinco pessoas da mesma família. “Na quarta-feira ela foi chamada para imunizar família toda numa residência por R$ 550. Ao ver a maneira com que Francielle armazenou a vacina, no recipiente plástico, uma das clientes, que trabalha na área da saúde, desconfiou e chegou a questionar se a forma com que ela estava fazendo era correta, já que não estava condicionada conforme o protocolo médico. No dia seguinte, ao levar o filho ao médico, questionou ao dono da clínica de imunização Prime Imune, se Francielle trabalhava lá, e recebeu a informação de que ela tinha sido demitida há uma semana e que a vacina contra H1N1 estava em falta na rede particular há mais de um mês”, detalhou o delegado.
Desesperada, a família acionou a polícia, que na mesma hora já foi até a residência de Francielle, onde foi encontrado material usado para a falsa imunização, além do dinheiro recebido na noite anterior.
“Essas vacinas têm que ficar guardadas a temperaturas entre 2ºC e 8ºC, e não num guarda-roupa”, pontuou o delegado, esclarecendo que a mulher chegou a furtar vacinas durante o período em que trabalhou na clínica de imunização. “Uma seringa cheia é para vacinar pessoa adulta, em crianças usa-se apenas a metade da seringa, o restante tem que descartar, mas ela não fazia isso, quando vacinava uma criança na clínica, ela guardava uma metade para vacinar em casa”, contou.
“Ela também confessou que enquanto trabalhava na clínica escondia as vacinas na geladeira e levava para casa”. No celular apreendido a polícia encontrou conversas de Francielle com clientes, cujo teor era para agendar a vacinação na residência das pessoas. “Ela não pode vacinar, pois não tem habilitação para isso e nem autorização do médico”.
Francielle está detida na delegacia de Chapadão do Sul e aguarda remoção para o presídio. Se condenada pode pegar até 24 anos de reclusão, sem considerar o crime continuado que pode aumentar a pena. A mulher responderá por furto qualificado mediante abuso de confiança, perigo para vida ou saúde de outrem, falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos e medicinais.
VALQUÍRIA ORIQUI correio do estado