Na conclusão, pecuaristas apontam que a fase da cria é essencial para produzir carne de extrema qualidade
A insatisfação com a qualidade da carne produzida no Brasil, o impacto da seca nas pastagens, alta do milho e a estimativa de falta de animais para abate no segundo semestre deste ano foram o motivo da reunião de pecuaristas de diversos Estados, que buscam avanço em produtividade com padrão internacional, gerando um produto que agrade o consumidor. Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul foram representados no debate, que apontou a nutrição na fase da cria, com introdução de meio quilo de concentrado durante 180 dias, como alternativa de avanço para a pecuária. O debate aconteceu nesta terça-feira (14), na Capital Paulista, durante o maior evento de pecuária de corte da América Latina, a BeefExpo.
Durante sua palestra, o criador Rubens Catenacci, chamou a atenção do potencial dos demais pecuaristas e para as consequências do estímulo do rúmen. “Como queremos volume e qualidade, temos a tarefa de melhorar a alimentação dos animais, desde a fase da cria. A combinação entre ração, leite e capim é a formula que utilizo em Mato Grosso do Sul, com o objetivo de ganhar tempo e qualidade, entregando no frigorífico um rebanho precoce, preenchido de forma adequada, que gera maior rentabilidade e satisfação do consumidor”, pontua o proprietário da Fazenda 3R, localizada no município de Figueirão.
A afirmação do produtor sul-mato-grossense é confirmada pelo zootecnista Nelson Oliveira. “Dar velocidade ao desenvolvimento do animal na fase de cria significa entrega de animais precoces e mais preparados para o abate, além de ganho de tempo na fase de confinamento, quando utilizado”, afirma. “Com a inclusão da ração na nutrição animal, o animal ganha papilas ruminantes. Isso agiliza o ganho peso com impactos indiretos, que chegarão à mesa do consumidor”, completa Oliveira, da Agroceres Multimix.
Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (Sistema ILPF), investimento em máquinas, tecnologia e em capacitação, touros melhoradores, sustentabilidade e, até o uso de nitrogênio na pastagem foram temas relacionados pelos profissionais da pecuária para elevar a qualidade da carne bovina brasileira.
Rogério Rosalin, administrador da Fazenda 3R, destacou o papel do consumidor na exigência do que acontece da porteira para dentro. “Alguns brasileiros deixam de comer proteína e levam em conta dois fatores primordiais: preço e qualidade. É nesse perfil de consumidor que devemos focar. Ele pode e deve influenciar no que é feito nas fazendas. A cada dia mais ele busca conhecer a origem do seu alimento, e sem investimentos, o pecuarista vai deixar a desejar, elevando os preços e diminuindo aqui, o que vivemos oscilando, a qualidade da carne”, enfatiza.
A BeefExpo, que reúne pecuaristas de todo o Brasil, segue com programação até a quinta-feira (16), com julgamento de animais, leilões, palestras, debates, exposição e outras ações que buscam produtividade da pecuária brasileira.