Livre do ataque de caramujos em plantações, agricultor ensina armadilhas de como acabar com o tipo de molusco, que além de transmitir doença para humanos, pode também servir de criadouro em potencial para ovos do Aedes aegypti – mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.
De acordo com informações do site Dourados Agora, Ramão da Silva Pireslote, dono de lote em transição agroecológica, na cidade de Ladário, conta que infestações de caramujos lhe causaram grande prejuízo, em 2013, e ele, então, resolveu tomar medidas de combate adaptada pela equipe de agricultura familiar da Embrapa Pantanal. “Hoje não existem mais caramujos na nossa horta”, comemora.
As armadilhas atrativas tradicionais funcionam da seguinte maneira: durante o entardecer, a pessoa estende sacos de pano embebidos em leite ou cerveja junto à cultura infestada. Na manhã seguinte, utilizando luva protetora, retira os caramujos que se acumularam sobre esses tecidos. Ramão optou por colocá-los em garrafa de boca larga, jogar sal e enterrar, já que a estrutura do molusco pode acumular água de chuva e servir para criadouro de mosquitos.
Outra adaptação sugerida consiste na preparação de calda feita com a cebolinha. “Eu batia a cebolinha com água no liquidificador e embebia o pano”, diz Vanderli Apolinário da Silva, esposa de Ramão. “Tinha muito caramujo, muito mesmo. Eles comiam cebolinha, alface e salsinha. Mas atacavam mais a cebolinha e furavam a folha. Não tinha como vender”, conta.
Os pesquisadores Francisco José Zorzenon e Tércio Barbosa de Campos, do Instituto Biológico, descreveram em publicação do site Infobibos alguns estragos causados pelos caramujos ou lesmas: “Raspam com estrutura chamada rádula as folhas, caules e brotos novos, podendo, em infestações severas, levar à morte das plantas”.
TESTE
Para testar a eficiência das caldas na atração dos caramujos, foram feitos testes durante uma semana. Melhores resultados de controle, de espécie ainda não identificada, foram obtidos com a cerveja, seguida pela calda de cebolinha.
Os tecidos embebidos em cerveja capturaram 508 caramujos; em seguida, aparecem aqueles embebidos no extrato de cebolinha, com 426; sacos embebidos em água atraíram 393 caramujos e, por fim, aparecem panos molhados com leite cru, com 279, totalizando 1.606 capturas.
DOENÇA
Caramujos do tipo africanos (que já se tornaram uma praga no Brasil), geralmente, se proliferam depois de chuvas. Visto que gostam de ambientes quentes, úmidos e com sombra. O molusco transmite a meningite eosinofílica, considerando que ele atua como hospedeiro intermediário do verme Angiostrongylus Cantonensis, agente etiológico da doença, explicam especialistas. A doença pode causar forte dor de cabeça, náuseas, vômitos e rigidez da nuca. O tratamento, na maior parte dos casos, é feito com analgésicos para aliviar dor e corticoides para combater a meningite.
Correio do Estado