Após um mês sem precipitações na região de Chapadão do Sul, as lavouras de algodão safra desenvolvem em aparente normalidade, porém a produtividade deve ser afetada, seja pela falta de água e/ou altas temperaturas registradas nos últimos dias. Períodos prolongados como estes podem interferir negativamente na qualidade da fibra e suas características intrínsecas.
Apesar de estarem sob condições de baixa umidade relativa, as doenças do algodoeiro continuam a evoluir nas áreas de algodão safra. No terço inferior das plantas foram detectadas, em algumas propriedades, na primeira quinzena de abril, a presença de doenças como Mancha de mirotécio, Mofo branco, Mancha alvo e Mancha de ramulária, esta última com presença na cultura já a mais tempo desde os 40 (DAE). O controle com fungicidas não pode ser ignorado mesmo nas condições climáticas desfavoráveis para a evolução destas doenças já instaladas.
Já o algodão safrinha está em uma situação mais preocupante no que tange às perspectivas de produtividade, pois a falta de água ocorre justamente no período de florescimento e frutificação de estruturas reprodutivas, fato que tem causado a queda das mesmas. Causando grande preocupação quanto ao resultado final que será obtido nestes campos de algodão de segunda safra.
No geral, as pragas mais presentes nas lavouras neste momento são lagartas dos gêneros Spodoptera frugiperda e Helicoverpa armigera, que nesta fase devem ser monitoradas constantemente pois atacam diretamente as estruturas reprodutivas do algodoeiro causando grandes prejuízos quando ocorre escape ou aumento da população destas lagartas. Até o momento, o bicudo tem se mostrado presente em algumas áreas, porém é encontrado com maior frequência em bordaduras e numa população baixa em relação às safras anteriores como relatados pelos monitores de campo das fazendas da região. Percevejo-marrom e mosca-branca são pragas que agora diminuíram sua ocorrência dado o controle realizado durante os últimos dias, os resultados foram satisfatórios e estas pragas voltaram a ficar abaixo do nível de controle em várias propriedades.
Núcleo 2 – Costa Rica e Alcinópolis
No Núcleo de Costa Rica e Alcinópolis, os primeiros talhões semeados com algodão safra estão com aproximadamente 137 DAE (dias após emergência). Na região algumas áreas estão entrando na fase de cut-out; onde é possível identificar a abertura das primeiras maçãs no terço inferior dos algodoeiros. Nesta fase, precipitações mais espaçadas e períodos de luminosidade com maior incidência são de suma importância para o desenvolvimento da cultura. Porém na região de Costa Rica e Alcinópolis, a ausência de precipitações nas últimas semanas vem preocupando os cotonicultores da região, pois quando ocorrem precipitações são de formas irregulares, atingindo poucas ou nenhuma área semeada com algodão. De acordo com relatos, algumas propriedades do Núcleo estão aproximadamente trinta dias com ausência de precipitações, sendo que a última na maioria delas foi ainda no mês de março.
O bom manejo e a estruturação do perfil do solo é frequente na região, porém pode-se observar sintomas de estresse hídrico em alguns talhões que apresentam sinais de compactação, manchas em reboleiras com altos índices populacionais de nematoides e/ou reboleiras de percevejo castanho. Por outro lado, no algodão de segunda safra os sintomas de estresse hídrico nas plantas são mais evidentes, alguns talhões em pleno desenvolvimento com espaçamento de noventa centímetros não fecharam entrelinhas, pois a falta de água provoca alterações no metabolismo da planta, reduzindo o seu potencial de crescimento, desenvolvimento e na capacidade de absorção de nutrientes
Com a aproximação do início da fase final do ciclo do algodoeiro, compreendida pela fase de capulho e/ou abertura das maçãs, devemos ficar atentos com algumas pragas importantes nesta fase da cultura, como é o caso da mosca-branca e pulgão. Estes insetos sugam a seiva da planta e ao se alimentarem, liberam uma excreção açucarada que se em contato com a pluma, podem ocasionar sérios danos na qualidade da fibra do algodoeiro, depreciação do produto e dificuldades na comercialização da pluma são alguns fatores negativos.
Outra praga importante nesta fase, e que tem aumentado significativamente nas últimas semanas é o ácaro rajado (Tetranychus urticae). Esse ácaro pode ocasionar danos quantitativos quanto qualitativos, quando o ataque é intenso ocasiona a desfolha precocemente, forçando a abertura precoce das maçãs com peso reduzido e fibras de qualidade inferior.
Foi identificado nesta semana em alguns talhões isolados, e na sua grande maioria nas bordas dos talhões a presença de plantas com sintomas do ataque da broca da raiz, geralmente seu ataque ocorre no início do ciclo da cultura, porém seus sintomas são mais frequentes e mais fáceis de serem vistos com o passar do desenvolvimento do algodoeiro. A boa destruição da soqueira e da rebrota do algodoeiro, o tratamento de sementes e aplicações de inseticidas específicos logo após a emergência ainda são as formas usuais de combate desta praga.
Com relação a doenças, foi observado um aumento significativo de Mancha de ramulária (Ramularia areola) na maioria das propriedades da região nas últimas semanas, também em alguns pontos isolados onde a cultura ficou com porte maior é possível identificar a presença de Corynespora sp. (Mancha alvo). Na média foi necessário realizar entre cinco e sete aplicações para o controle de doenças.
com informações da AMPASUL