Suspeito de torturar adolescente chamou pedreiro para soltar vítima
Preso por suspeita de torturar e queimar a namorada adolescente de 17 anos, Samuel Goés dos Santos, 27 anos, foi quem chamou ajuda para socorrer a menina que estava presa em uma quitinete no Bairro Moreninhas, em Campo Grande. O caso foi descoberto na tarde de terça-feira (17), quando a vítima foi resgatada.
Durante coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (20), a delegada Analu Ferraz, responsável pelo caso, contou que a PM (Polícia Militar) chegou até a vítima após o suspeito pedir para que o pedreiro, que trabalhava em uma obra perto, abrisse a quitinete porque a menina estava presa.
O dono do local então recebeu ligação por volta das 12h daquele dia e foi informado que a adolescente estava para fora da quitinete, mas vagando pelo condomínio. Ele então acionou os militares que resgataram a vítima e a levaram para atendimento médico em uma unidade de saúde.
“Não sabemos se alguém abriu para ela ou ela conseguiu sair sozinha. Estamos trabalhando para entender essas dinâmicas. A defesa ficou de apresentar os laudos psiquiátricos, mas sobre a insanidade mental ou se ele estava sob efeito de psicotrópicos no momento do crime, porém isso é importante no curso penal, para mim hoje não tem diferença”, explicou Analu.
Segundo a delegada, o proprietário afirmou em depoimento que havia alugado a quitinete para Samuel há três dias, mas a vítima ia ao local esporadicamente. Os vizinhos afirmaram que não ouviram nenhuma briga durante o período em que ela estava presa no local.
“Ela ainda está se recuperando, mas vamos ouvi-la no hospital para entender a dinâmica dos fatos. Ele estava com advogado e foi ouvido ontem pela manhã, mas optou por ficar em silêncio. Vamos aguardar o laudo e prontuário do atendimento dela, há muitas lesões, queimaduras, seios cortados, vagina dilacerada. Situação muito grave”, afirmou a delegada.
A irmã da vítima também prestou depoimento, à delegada ela contou que o relacionamento de Samuel com a adolescente era complicado e já havia acontecido algumas agressões antes do cárcere. No entanto, ela acabou precisando de atendimento médico e precisou ser levada para hospital, por isso, deve ser ouvida novamente.
“Estamos trabalhando com a vizinhança para definir uma linha do tempo. Vamos continuar ouvindo familiares. Preciso encaixar algumas peças e para determinar como materializou esse cárcere, há quanto tempo ela estava ali. Porque o inquérito precisa ser alicerçado de provas para que ele responda por todos os crimes”, pontuou a responsável pela investigação.
Samuel foi preso com mandado e encaminhado para o Centro de Triagem Anísio Lima, em Campo Grande. Ele é suspeito de tortura, cárcere privado e tentativa de feminicídio. O caso segue sendo investigado.
Por Ana Paula Chuva e Bruna Marques – Campo Grande News