A Polícia Civil fechou uma clínica de reabilitação para dependentes químicos por maus tratos e tortura, no início da tarde desta quarta-feira (13), em Sonora. O proprietário da clínica Thiago de Barros da Silva, de 31 anos e o coordenador Adriano Alves Manoel, de 33 anos, foram presos.
Segundo informações policiais, um paciente resolveu procurar a Delegacia para denunciar os abusos e torturas que outro interno havia sofrido na clínica, como forma de castigo. Ele contou que Thiago e Adriano deram choques na barriga e no órgão genital de um interno de 29 anos.
Diante da gravidade das denuncias, os policiais e o Delegado Francis Flavio Tadano Araúo Freire, com o apoio da Policia Militar, se deslocaram até a clínica onde encontraram treze internos, inclusive três adolescentes, almoçando.
Os policiais informaram aos internos sobre os motivos da operação policial, neste momento um deles entrou em prantos e levantou a camiseta, apresentando um ferimento no abdômen e contando que havia sido amordaçado com uma gaze, algemado e amarrado num “pau de arara”.
No momento do resgate todos os internos começaram a denunciar os maus tratos e agressões sofridas na clínica. Eles também informaram que eram impedidos de contar sobre as agressões para seus familiares ou a terceiros.
Os internos também apresentaram todos os objetos que eram utilizados nas agressões e ameaças, como pedaços de madeiras e até mesmo uma furadeira.
Os policiais encontraram um pedaço de madeira com a escrita “Você é especial, Jesus te ama e eu também”, assim como uma extensão elétrica e um pedaço de fio que segundo as vítimas eram utilizados para dar choques. No escritório de Thiago, foram localizados uma algema e tacos de sinuca que também seriam objetos utilizados nas agressões.
Os pacientes informaram aos policiais que jamais houve a presença de um médico, psicólogo ou enfermeiro na clínica e que eles eram medicados por Thiago e Adriano.
Foram apreendidos vários medicamentos de uso controlado, seringas, agulhas, gazes e outros objetos. Os autores e as vítimas foram encaminhados para a Delegacia de Polícia Civil.
A revolta dos pacientes era tanta que na delegacia eles quiseram agredir os autores, porém foram contidos pelos policiais. A assistência social do município foi acionada para dar apoio aos internos. O caso foi registrado como crime de tortura, maus tratos, sequestro e cárcere privado.