Bebê de 5 meses morre após tomar injeção com dipirona em UPA de Goiás

Boletim médico indica que Ayslla Helena morreu por insuficiência respiratória e choque séptico, e que a injeção aplicada contribuiu para a morte. Polícia Civil investiga o caso.

A família da pequena Ayslla Helena Souza Lopes, de 5 meses, denunciou à Polícia Civil que a bebê morreu após tomar uma injeção com dipirona em Trindade, na Região Metropolitana da Capital. Ao site g1, a prefeitura explicou que apura um suposto erro na aplicação, que foi feita em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

“A única filha que eu tenho se foi por negligência médica, eu quero justiça. Minha filha era só um bebê”, desabafou Andréia Lopes, a mãe.

 

 

 

Segundo a família, a menina foi diagnosticada com a doença “mão-pé-boca” e, entre as prescrições, a médica passou o medicamento para ser injetado, mas a enfermeira não encontrou a veia e pediu para aplicar no músculo, o que foi autorizado.

Andréia disse que surgiu uma ferida com secreção no lugar da aplicação, a menina piorou e morreu na segunda-feira (7).

“A enfermeira que aplicou a injeção pegou a receita que a médica passou e foi na sala dela perguntar se podia dar intramuscular, a doutora autorizou e ela deu. Só que ela deu muito em cima da região que era pra fazer”, explicou.

Um boletim médico indica que Ayslla morreu por insuficiência respiratória e choque séptico e que a injeção aplicada contribuiu para a morte. A delegada Cássia Borges explicou que será feita uma perícia no corpo da menina e o caso está sendo investigado.

Ferimento onde Ayslla Helena Souza Lopes tomou injeção, ela morreu em Trindade, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Ferimento onde Ayslla Helena Souza Lopes tomou injeção, ela morreu em Trindade, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Em nota, a Prefeitura de Trindade disse que instaurou sindicância administrativa interna, junto ao Núcleo de Segurança do Paciente, para verificar se houve “algum equívoco na assistência prestada à paciente em relação às prescrições e modo de administração de medicamentos”.

Além disso, a prefeitura informou que “a equipe envolvida no caso já foi afastada de suas atribuições, ou seja, não trabalham na UPA 24h até que os fatos sejam todos apurados” (leia nota completa no fim da reportagem).

Ao g1, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) explicou que “todas as denúncias relacionadas à conduta ética de médicos recebidas, ou das quais tomam conhecimento são apuradas e tramitam em total sigilo, conforme determina o Código de Processo Ético-Profissional Médico”.

O g1 não conseguiu contato com a defesa dos médicos e da enfermeira até a última atualização desta reportagem.

Ferimentos em Ayslla Helena Souza Lopes, que morreu em Trindade, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Ferimentos em Ayslla Helena Souza Lopes, que morreu em Trindade, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

 

Detalhes do caso

 

 

A primeira consulta de Ayslla aconteceu na última sexta-feira (4), a médica receitou dipirona, ibuprofeno e soro para reidratação oral. A menina piorou e voltou à UPA no domingo (6).

Desta vez, ela foi atendida por um médico de plantão, que prescreveu anti-inflamatório e mandou a bebê de volta para casa, com a orientação para os pais fazerem compressa e depois drenarem a secreção.

“Eu não fiz isso, eu já estava colocando a água morna, porque estava muito feio”, explicou a mãe.

 

Na segunda-feira (7), a família voltou à UPA pela terceira vez, porque a bebê havia piorado. A menina deu entrada na unidade às 10h05.

O relatório médico detalhou que ela estava com “taquidispneia grave”, que é quando a respiração fica acelerada e difícil, além de apresentar baixa saturação, desconforto para respirar e sonolência.

10 minutos depois o quadro da menina piorou e ela teve uma parada cardiorrespiratória, segundo o relatório. A equipe médica detalhou que tentou reanimar Ayslla por 1h10, mas ela não resistiu.

Nota Prefeitura de Trindade

 

 

A Prefeitura de Trindade informa que já instaurou sindicância administrativa interna, junto ao Núcleo de Segurança do Paciente, para que seja verificado se houve algum equívoco na assistência prestada à paciente em relação às prescrições e modo de administração de medicamentos.

O diretor clínico da UPA 24 Horas Dilson Alberto de Souza, Rogério Taveira, solicitou todos os documentos que descrevem os procedimentos realizados na paciente durante o período em que esteve na unidade de saúde.

A equipe envolvida no caso já foi afastada de suas atribuições, ou seja, não trabalham na UPA 24h até que os fatos sejam todos apurados.

A Prefeitura de Trindade presta total apoio à família por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social. Foram disponibilizadas profissionais de assistência social para atender as necessidades dos pais e serviço funerário.

É com imenso pesar que a Prefeitura de Trindade recebe a notícia do falecimento da paciente, e roga ao Pai Eterno conforto para os familiares. Todas as investigações necessárias serão realizadas para elucidar a causa da morte.

Por Michel Gomes e Patrícia Bringel, g1 Goiás e TV Anhanguera