Entre os rios mais assoreados do país, Taquari vai ter mil hectares reflorestados com 2 milhões de árvores em MS

Entre os rios mais assoreados do Brasil, o Taquari receberá investimento do governo de Mato Grosso do Sul para o reflorestamento de 1,3 mil hectares. O pedido de socorro para o afluente já havia sido debatido por especialistas há alguns anos, como no caso da Conferência sobre as Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (COP-27).

O anuncio do investimento de R$ 5 milhões para o reflorestamento de parte da bacia do Taquari foi feito, nesta terça-feira (6), em Campo Grande. O projeto visa restaurar áreas das cabeceiras do rio, com o plantio de 2 milhões de árvores.

O Rio Taquari nasce no extremo sul de Mato Grosso e percorre boa parte do Pantanal, em Mato Grosso do Sul, desaguando no Rio Paraguai. O rio tem quase 850 km de extensão. A situação mais grave e preocupante é na região de Corumbá, onde quase 100 km estão completamente secos. No local, onde deveria correr água, tudo o que se vê é uma estrada de areia.

O governador do estado, Eduardo Riedel (PSDB), foi categórico na fala ao abordar o combate ao desmatamento ilegal. Além do governo estadual, o projeto “Sementes do Taquari” terá apoio de empresas privadas. “O resultado será um estado próspero e sustentável, não vamos abrir mão destas premissas. Estamos seguindo um caminho seguro, que vai oferecer prosperidade e inclusão para nossa gente”.

O diretor-presidente do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), André Borges, destacou que o parque tem 33 mil hectares. Para o representante, o estado virá na toada de conservação. “Vamos atuar em 1.300 hectares. Nosso objetivo é fazer a recuperação, que representa 21% do Parque, que é uma área degradada de pastagem”.

Problema antigo

 

 

Carcaça de jacaré em parte assoreada do Rio Taquari. — Foto: Reprodução/TVMorena
Carcaça de jacaré em parte assoreada do Rio Taquari. — Foto: Reprodução/TVMorena

O assoreamento do Taquari é considerado por especialistas um dos maiores desastres ambientais do Brasil. Segundo os profissionais, o rio só será recuperado se houver ações contínuas.

O acúmulo de sedimentos no fundo do rio já dura mais de 30 anos e é provocado pela exploração do Cerrado, como explica o diretor-executivo do Instituto Taquari Vivo, Renato Roscoe.

“O produtor rural naquela época, há quase trinta, quarenta anos atrás, usou o que se tinha de conhecimento na época para abertura dessas áreas, sem se atentar que essas áreas eram muito mais frágeis que as áreas do Cerrado. Por tanto, apontar os responsáveis por isso é muito difícil. Foi um processo histórico de ocupação que acabou gerando os problemas que nós vemos hoje no Rio Taquari”, detalha Roscoe.

 

Quem vive e cuida da região sente os impactos do problema ambiental. “O Rio Taquari realmente nos entristece pelo acontecido, penalizando a gente pantaneira, a gente do Taquari, a economia daquele lugar, das fazendas e, com certeza, uma perda de biodiversidade irreparável”, comenta o presidente do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Ângelo Rabelo.

Por José Câmara, g1 MS