Pai suspeito de matar filhas de 4 e 8 anos fica em silêncio durante interrogatório à polícia

O pai suspeito de matar as filhas de 4 e 8 anos, em Santo Antônio de Goiás, na Região Metropolitana de Goiânia, ficou em silêncio durante o interrogatório à polícia na tarde desta sexta-feira (26). O delegado que investiga o caso, Marcus Cardoso, interrogou Ramon de Souza Pereira na enfermaria do Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo).

Mirielly Gomes Souza, de 8 anos, e Cecília Gomes Souza, de 4 anos, foram encontradas mortas na terça-feira (23), dentro de um carro pegando fogo. Segundo as investigações, o motorista de aplicativo encontrou a esposa com um outro homem, a agrediu, pegou o carro, buscou as filhas nas escolas e as matou. Ele foi preso no mesmo dia, em um lago, após ter tentado se matar.

O delegado afirma que, durante a prisão, o suspeito confessou à Guarda Civil Metropolitana (GCM) que matou as meninas para se vingar da esposa. Entretanto, o advogado de Ramon, Djalma Alves, aponta uma ilegalidade no momento da prisão e diz que orientou o investigado para que se mantenha no direito constitucional de ficar em silêncio durante o interrogatório à polícia.

O delegado explica que Ramon foi ouvido informalmente e que a confissão à GCM não entrará no processo, apenas o interrogatório. Apesar do silêncio, Cardoso afirma que há provas suficientes que comprovam a autoria e a motivação do crime. “Ele pode falar o que quiser, pode mentir, pode negar e pode confirmar, mas já temos elementos que confirmam o crime”, destaca.

Cardoso detalha que o tênis de Ramon encontrado no local do crime, os áudios enviados por ele anunciando que se vingaria da esposa e as imagens das câmeras de segurança são elementos que serão usados no processo. Além disso, diz que deve ouvir a avó materna das vítimas, um familiar do suspeito e o homem que teria sido encontrado pelo suspeito com a esposa dele.

“Nós também aguardamos o resultado das perícias no local do crime, na faca e dos exames cadavéricos e das lesões na esposa do suspeito. O inquérito será finalizado até a próxima quinta-feira (1º), quando o suspeito deve ser indiciado por duplo homicídio qualificado por motivo torpe, com recurso que dificultou a defesa das vítimas e pela lesão corporal contra a esposa”, finaliza.

Irmãs Mirielly Gomes Souza, de 8 anos, e Cecília Gomes Souza, de 4 anos — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Irmãs Mirielly Gomes Souza, de 8 anos, e Cecília Gomes Souza, de 4 anos — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Cronologia dos fatos

 

Confira as informações divulgadas pelos delegados Marcus Cardoso e Humberto Teófilo:

  • Por volta de 16h, Ramon encontrou a esposa com outro homem em Goianira e a agrediu com socos e chutes. O homem que estava com a mulher fugiu de moto. A chave do carro dela estava na ignição, por isso, Ramon fugiu usando o veículo.
  • Primeiro, Ramon buscou a filha de 4 anos em um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei).
  • Cerca de 300 metros do Cmei, Ramon pegou a filha mais velha na escola.
  • Ramon comprou galão com gasolina e faca.
  • Ramon levou as meninas até Santo Antônio de Goiás.
  • Por volta de 17h45 ligou para sogro, que gravou toda a ligação. Segundo o delegado, era possível ouvir as meninas no fundo chorando e dizendo que o pai estava colocando álcool no carro.
  • Ramon matou as meninas a facadas e colocou fogo no carro.
  • Por volta de 20h, o fazendeiro Edmir Batista encontrou o carro ainda em chamas e acionou a polícia.
  • Cerca de 70 policiais trabalharam nas buscas, fizeram uma varredura e a polícia conversou com parentes do casal.
  • Por volta de 15h30, Ramon foi encontrado pela Guarda Civil Metropolitana em um lago na região do crime e foi encaminhado à delegacia.
  • Ramon conversou com o delegado, mas precisou ser levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). De lá, foi encaminhado ao Hugo.

 

Carro que foi queimado com as duas crianças na zona rural de Santo Antônio de Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Carro que foi queimado com as duas crianças na zona rural de Santo Antônio de Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Por Augusto Sobrinho, g1 Goiás