Venda de vacina contra leishmaniose canina é suspensa no Brasil após ‘desvios’ em lotes

Após a empresa Ceva Saúde Animal anunciar a suspensão temporária e imediata da comercialização de todos lotes da Leish-Tec, vacina contra a leishmaniose visceral canina, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou, na noite desta quarta-feira (24), que determinou a suspensão da fabricação e da venda do imunizante, além do recolhimento de oito lotes.

Segundo a fabricante, a suspensão da venda foi adotada de forma preventiva para a análise interna de todos os lotes do imunizante.

“Foram identificados alguns desvios nos lotes 029/22, 037/22, 043/22, 044/22, 060/22, 004/23 que, em linha com orientações das autoridades, devem ser recolhidos imediatamente. A empresa está tomando ações internas para identificar as razões dos desvios e corrigir a situação o mais breve possível”, diz um comunicado disponibilizado no site da Ceva.

Já o Mapa afirmou que uma fiscalização constatou “desvio de conformidade do produto, que pode ocasionar falta de eficácia da vacina, gerando risco à saúde animal e saúde humana”.

A pasta determinou o recolhimento de oito lotes da vacina: 029/22; 037/22; 043/22; 044/22; 060/22; 004/23; 006/23; 017/23. Eles foram reprovados “por apresentarem teor de proteína A2 inferior ao limite mínimo estabelecido na licença do produto”.

No início da tarde, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) afirmou que aguardava as diretrizes do Mapa para orientar os profissionais.

A vacina

 

 

A vacina Leish-Tec foi desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e está disponível no mercado desde 2008.

Em nota, a UFMG afirmou que “o produto já está licenciado” e “não está mais em fase de teses e desenvolvimento, estágio sobre o qual a universidade teria responsabilidade”.

Segundo a Ceva Saúde Animal, o imunizante é o único contra leishmaniose visceral canina aprovado pelo Ministério da Saúde e pelo Mapa.

Leishmaniose

 

De acordo com o CFMV, a leishmaniose visceral é causada por um protozoário transmitido aos humanos e outros animais por meio da picada de insetos flebotomíneos.

Além da vacinação, as medidas de prevenção incluem o uso de repelentes, principalmente nos horários de atividades do vetor (amanhecer e anoitecer), e a limpeza dos quintais, sobretudo os que possuem plantas, para evitar o acúmulo de matéria orgânica.

Entre os sintomas da doença, estão perda de apetite, emagrecimento, pelo opaco, queda de pelos, aparecimento de feridas na pele e, em estágio mais avançado, crescimento exagerado das unhas e perda dos movimentos das patas traseiras.

Por Rafaela Mansur e Patrícia Luz, g1 Minas