Depois do feriado de Páscoa, os negócios nas bolsas internacionais foram retomados e, em Chicago, as cotações da soja trabalhavam com estabilidade na manhã desta segunda-feira (28). Os principais vencimentos, por volta das 7h10 (horário de Brasília), perdiam 0,25 ponto, levando o contrato julho/16 aos US$ 9,17 por bushel; o maio/16, referência para a safra do Brasil, trabalhava sem variação, valendo US$ 9,10.
Apesar desses ligeiros ajustes, que também podem ser registrados nos futuros do farelo, os preços da oleaginosa no mercado futuro norte-americano iniciam essa nova semana com suas máximas desde outubro. Entretanto, os analistas internacionais já sinalizam uma possível falta de direção para as cotações, uma vez que no final desta semana, no dia 31 de março, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz seu novo reporte de estoques trimestrais e pode impactar o andamento dos preços.
“Não tenho muita direção para o mercado. Há alguma cobertura de posiçõe no trigo e na soja, nesta segunda em Chicago, antes da chegada do novo boletim do USDA”, diz Kaname Gokon, analista de mercado japonês da corretora Okato Shoji em entrevista à agência de notícias Reuters.
Além disso, o mercado ainda inicia a semana atento ao andamento das cotações do petróleo, que sinalizaram uma recuperação nos últimos dias, ao dólar frente ao real e demais moedas emergentes, bem como à conclusão da safra da América do Sul e ao início da nova dos Estados Unidos.
Assim, apesar de poucos novos negócios estarem sendo efetivados no Brasil neste momento, os ganhos nas principais praças de comercialização do interior do país variaram entre 0,81% – em Cascavel/PR, onde o preço ficou em R$ 62,50 por saca – a 2,42%, em Ubiratã, também no Paraná, onde o último valor foi de R$ 63,50. Em Campo Novo do Parecis, Mato Grosso, alta de 1,75% para R$ 58,00.
Nos principais portos do Brasil, os ganhos também foram importantes. Em Rio Grande, a soja disponível fechou a semana com R$ 77,20 por saca e ganho de 0,92%, já a futura, com embarque em junho, foi a R$ 78,00 e subindo 0,65%. No terminal de Paranaguá, altas de, respectivamente, 1,31% e 1,30%, para R$ 77,50 e R$ 78,00, neste último valor, referência para embarque maio/16.
“A valorização do dólar sobre o real entre os dias 18 e 23 animou os produtores no Brasil. A moeda americana acumulou alta de 2,65%, subindo para R$ 3,678. A questão política continuou dando o tom das oscilações cambiais no Brasil”, inforomou a consultoria Safras & Mercado em nota nesta quinta-feira.
Bolsa de Chicago
Nos primeiros 23 dias de março, os contratos maio/16, referência para a safra brasileira, e agosto/16 subiram, respectivamente, 5,51% e 5,57%, para US$ 9,05 e US$ 9,14 por bushel. Os ganhos expressivos, segundo explicam analistas, reflete uma volta dos fundos de investimento ao mercado da soja após meses atuando nas margens à espera de novidades. Uma junção de fatores passou a atuar sobre os preços e renovou seus ânimos.
Nesta quinta-feira, porém, os traders contaram ainda com um outro ingrediente no quadro internacional que foram as boas vendas semanais norte-americanas de farelo de soja reportadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). As principais posições do derivado, nesta sessão, subiram mais d 1% na CBOT.
Na semana encerrada em 17 de março, os EUA venderam 476,4 mil toneladas do derivado, enquanto as expectativas dos traders variavam entre 50 mil e 200 mil toneladas. O principal destino do farelo norte-americano foram as Filipinas, que adquiriram 201,8 mil toneladas. Apesar do volume grande da última semana, as vendas do ano comercial 2015/16 ainda estão 15% abaixo do registrado no mesmo período da 2014/15.
“Dessa forma, o total comprometido de farelo para exportação cresceu para 8,05 milhão de toneladas”, explicam analistas da Agrinvest Commodities. “Esse dado também dispara reversão de posição dos fundos, vendidos em farelo e comprados no óleo”, completam.
Ainda entre os derivados de soja, as vendas semanais de óleo também ficaram acima do esperado ao totalizaram 24,4 mil toneladas, 39% a mais do que na semana anterior. Todo o volume refere-se à safra 2015/16 e o maior comprador, neste caso, foi a Venezuela, ao responder por 10 mil toneladas. No caso do óleo, as vendas do presente ano comercial estão 19% menores do que as da temporada anterior.
Já as vendas semanais de soja em grão ficaram abaixo do esperado. As operações, na semana encerrada em 17 de março, somaram 440,1 mil toneladas, 34% a menos do que o registrado na semana anterior, e aquém das expectativas dos traders, que variavam de 475 mil a 900 mil toneladas. Da safra 2015/16 foram vendidas 410,8 mil toneladas, com o México como principal comprador e, da 2016/17, 29,3 mil.