Variações climáticas podem afetar qualidade da soja e atrasar plantio do milho em MS, alerta Conab

O sexto levantamento da safra de grãos divulgado nesta quinta-feira (9), pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), alertou sobre o impacto das variações climáticas — estiagem e excesso de chuva — em duas das principais culturas de Mato Grosso do Sul.

Para a soja, apontou que existe risco de perda de qualidade dos grãos em parte das lavouras. Quanto ao milho, indicou atraso na semeadura. Em contrapartida, manteve a projeção de uma produção recorde.

A Conab estima que Mato Grosso do Sul deva colher, na safra 2022/2023, 25,940 milhões de toneladas de grãos. É a maior da história do estado. O volume representa 8,3% da produção nacional, que deve atingir 309,888 milhões de toneladas.

Com essa quantidade, o estado se mantém como o quinto no ranking nacional, atrás somente de Mato Grosso (92,554 milhões de toneladas), Paraná (45,710 milhões de toneladas), Rio Grande do Sul (33,198 milhões de toneladas) e Goiás (31,652 milhões de toneladas).

Recorde

 

 

Mato Grosso do Sul deve colher a maior safra de soja de sua história, segundo a Conab — Foto: Reprodução/TV Morena
Mato Grosso do Sul deve colher a maior safra de soja de sua história, segundo a Conab — Foto: Reprodução/TV Morena

 

A Conab aponta que a colheita da safra de soja no estado está sendo impactada pelo excesso de chuva. Entretanto, talhões mais tardios que estão em enchimento de grãos contaram com boa umidade no solo.

“Há risco de perda na qualidade dos grãos, uma vez que mais de 50% das lavouras se encontram em maturação e apenas 24% haviam sido colhidas, até o final de fevereiro. A colheita dos primeiros talhões apresentou muita variação de rendimento devido à restrição hídrica do final de dezembro e início de janeiro, mas a perspectiva para o restante das lavouras é de produtividades mais alta e estáveis, elevando o prognóstico geral do estado”, detalhou o boletim da safra da empresa pública.

Mesmo com os impactos climáticos, a Conab estima que com aumento de 5,8% na área cultivada (de 3,554 milhões de hectares para 3,760 milhões de hectares) e incremento de quase 20 sacas em média na produtividade (de 41,8 sacas por hectare para 61), a produção sul-mato-grossense da oleaginosa nesta temporada atinja os 13,764 milhões de toneladas.

Esse volume é o maior da história do estado. Se fosse um país, colocaria Mato Grosso do Sul neste ciclo (conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos — USDA), como quinto produtor mundial do grão.

O estado seria superado apenas pelo Brasil (153 milhões de toneladas), Estados Unidos (116 milhões de toneladas), Argentina (33 milhões de toneladas) e China (20 milhões de toneladas).

A Conab diverge do USDA em relação à projeção nacional. Para a empresa pública brasileira, o país deve colher no ciclo 151,4 milhões de toneladas de soja.

Mato Grosso do Sul permanece no posto de quinto maior produtor nacional. Mato Grosso (43,903 milhões de toneladas), Paraná (21,293 milhões de toneladas), Goiás (17,280 milhões de toneladas) e Rio Grande do Sul (15,188 milhões de toneladas) devem colher mais.

Milho

 

Quanto ao milho segunda safra, a Conab diz que o excesso de chuva provocou atrasos consideráveis na semeadura. “Atualmente o solo está com elevado armazenamento hídrico, apresentando muitos pontos de encharcamento, exigindo no mínimo dois dias de sol pleno para tráfego das semeadoras. Foi identificada uma intenção de cultivo ligeiramente maior em relação ao levantamento anterior, mas ainda passível de alteração por conta do atual atraso na semeadura e da curta janela disponível. Apesar da reduzida insolação, as lavouras semeadas estão apresentando excelente evolução inicial”, destacou na análise no boletim.

A companhia projeta que deve ocorrer um aumento da área plantada de 2,5% (de 2,161 milhões de hectares para 2,215 milhões de hectares), mas, uma redução de produtividade de 10,7% (de 94,4 sacas por hectare para 84,3 sacas por hectare), o que deve provocar uma queda da produção de 8,5% frente ao ciclo anterior (de 12,253 milhões de toneladas para 11,214 milhões de toneladas).

Mesmo com a retração, a safra será a segunda maior nos 45 anos do estado e mantém Mato Grosso do Sul como terceiro maior produtor nacional do cereal (no ciclo de inverno). Em primeiro está Mato Grosso (44,676 milhões de toneladas) e depois aparece o Paraná (15,657 milhões de toneladas).

Por Anderson Viegas, g1 MS