Laços familiares unem pelo menos 27 parlamentares eleitos neste ano para o Congresso. Da esquerda ao Centrão, há políticos da mesma família que chegarão ao Legislativo por diversos partidos. Os eleitores escolheram casais, irmãos e pais e filhos para vagas na Câmara e no Senado. Entre eles está o casal Sérgio Moro (União Brasil), futuro senador pelo Paraná, e Rosângela Moro (União Brasil), que vai ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados por São Paulo.
Moro afirmou que ele e Rosângela trabalharão em parceria no Congresso. “Temos pautas comuns, mas também pautas específicas. Ela deve focar em pautas sociais. Eu, em pautas econômicas. Ambas anticorrupção e segurança pública”, disse o ex-juiz da Lava Jato ao Estadão.
Nas redes, tanto Moro quanto Rosângela pregam a criação de uma “bancada da Lava Jato” no Congresso. Além dos dois, o ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que coordenou a força-tarefa da operação em Curitiba, foi eleito deputado federal.
Detinha (PL-MA) e Josimar Maranhãozinho (PL-MA) serão outro par no Congresso. Os dois foram eleitos para a Câmara. Maranhãozinho ganhou o segundo mandato. Alvo da Polícia Federal por suspeita de desvio de recursos públicos, o parlamentar sempre negou irregularidades.
Calheiros
Existem, ainda, casos em que pai e filho serão colegas. O Senado terá dois “Renans”. Renan Calheiros (MDB-AL), eleito em 2018 para um mandato de oito anos na Casa, terá a companhia do ex-governador de Alagoas Renan Filho (MDB-AL).
“Cada um guardará a sua individualidade. Nunca esqueça que filho é uma geração certamente melhorada”, afirmou Renan pai ao Estadão.
Outro Calheiros no Congresso é Renildo, deputado federal pelo PCdoB de Pernambuco, que foi reeleito neste ano. Renildo é irmão de Renan pai.
No Salão Verde da Câmara também será possível encontrar uma dobradinha doméstica. O deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), conhecido como Dudu da Fonte, obteve novo mandato e conseguiu eleger seu filho Lula da Fonte (PP-PE), de 21 anos. Os dois fizeram campanha juntos em Pernambuco, mas o pai disse que Lula da Fonte terá um mandato autônomo.
“Ele tem vida própria na política. Foi presidente do PP jovem e do PP do Recife e hoje é vice-presidente do partido (em Pernambuco). Sempre participou das minhas campanhas e agora tem vida própria na política. Tem as bandeiras dele, como a causa animal e a segurança alimentar”, destacou Dudu da Fonte.
Os irmãos petistas Jilmar e Nilto Tatto também serão colegas de Câmara. Nilto já era deputado federal e foi reeleito. Secretário nacional de Comunicação do PT, Jilmar estava sem mandato e retornará à Casa a partir de 2023.
“Vou trabalhar para criar o Sistema Único de Mobilidade, assim como tem o Sistema Único de Saúde. A pauta do Nilto é diferente: são temas da agenda ambiental, dos povos originários, dos quilombolas e agricultura familiar”, declarou Jilmar, ex-secretário municipal de Transportes em São Paulo.
O petista disse que atuará como articulador político dentro do Congresso. “O meu perfil é mais pró-mobilidade, mais de articulação política. Até pelo fato de eu ser da direção nacional do PT, (o foco) é mais a relação com os partidos”, disse Jilmar.
Famílias
Nas fileiras evangélicas, o missionário R. R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, emplacou dois filhos como deputados federais, embora ele mesmo não tenha disputado nenhum cargo. David Soares (União-SP) e Marcos Soares (União-RJ) conquistaram cadeiras na Câmara.
Para algumas famílias, no entanto, a disputa de 2022 significou distanciamento. A deputada Angela Amin (PP-SC) não foi reeleita e estará fora do Congresso, que ainda terá seu marido, o senador Esperidião Amin (PP-SC). Eleito em 2018, ele tem mais quatro anos de mandato.
Caso parecido é o de Kátia Abreu (PP-TO), que não teve o mandato renovado. Ex-ministra da Agricultura, ela não será mais colega do filho, o senador Irajá Abreu (PSD-TO), que foi eleito em 2018.
*Agência Estado