Com a alta dos insumos, principalmente óleo diesel e fertilizantes, devido às oscilações do mercado internacional, as margens operacionais da pecuária de corte estão cada vez mais apertadas. Dados divulgados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) indicam que entre janeiro e março deste ano, por exemplo, as margens líquidas, ou seja, custos operacionais menos a receita bruta na pecuária, acumularam queda de 7,96% nos modelos de cria e 0,68% na recria e engorda em todo o País.
Para a Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores de Novilho Precoce, com a margem de ganho cada vez mais apertada, o pecuarista deve ficar de olho nos detalhes da gestão da propriedade, entre eles, no formato de comercialização dos animais com as plantas frigoríficas.
Modalidades de comercialização – “Existem três formas de comercialização do animal para o abate: através do peso morto, que é feito dentro da planta frigorífica; pelo peso vivo, que é intermediado por um comprador que vai até a propriedade; e pela balança própria, como acontece com os associados da Novilho Precoce”, explica o presidente da entidade, Rafael Gratão.
O cálculo, segundo a associação, é feito da seguinte maneira: no peso morto trabalhado diretamente no frigorífico, um animal de 600 kg vai ter seu peso multiplicado por 54% (valor de referência do rendimento da carcaça utilizada usualmente pelos frigoríficos). Esse resultado é dividido por 15 kg (uma arroba) e multiplicado pelo valor atual em reais da arroba.
No cálculo por peso vivo, feito na fazenda e intermediado por um comprador, o animal só é pesado após 4 horas de jejum, ou seja, os 600 kg já se tornam 576 kg na balança, mesmo usando a referência de rendimento de carcaça do frigorífico, de 54%, a diferença é aproximadamente de R$ 259 a menos para o pecuarista, por animal.
“Se você multiplicar esses R$ 259 por mil cabeças, o pecuarista está perdendo 259 mil reais ao vender para esse comprador, e essa é uma conta que às vezes ele não faz por falta de gestão, de conhecimento, por achar que é mais prático, mas que custa muito caro no fechamento dos custos no fim do mês. Ele precisa estar cada vez mais atento, pois com a alta dos insumos, essa gestão precisa ser cada vez mais apertada”, explica Gratão.
Para os participantes da Associação a diferença é ainda maior, pois com a balança própria, é possível confirmar o rendimento por animal de 56%. “Temos balança própria em algumas plantas frigorificas, com um rendimento 2% maior do que o comprador de peso vivo oferece ao pecuarista, nosso associado chega a ganhar R$ 450 a mais por animal, ou seja, se multiplicado por mil estamos falando de 450 mil reais, isso tendo todo um acompanhamento técnico da Associação, dentro e fora da porteira, além de outras vantagens que vão além dos ganhos no frigorifico”, finaliza o presidente.
Fundada em 1998 por um grupo de pecuaristas, a Novilho Precoce MS tem como objetivo atender a crescente demanda por carne bovina de qualidade comprovada. Atualmente são 300 associados, em 400 propriedades rurais, com um abate mensal de 10 mil animais.
Programa Precoce MS – Em Mato Grosso do Sul o programa estadual Precoce MS concede incentivos fiscais para pecuaristas cadastrados e que abatem animais jovens e bem acabados. Somente neste ano, segundo a Semagro-MS (Secretaria de Produção, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar) mais de R$ 75 milhões foram pagos a produtores inscritos no programa.
No Estado, o programa conta com 3.300 estabelecimentos rurais cadastrados, 25 frigoríficos credenciados para abater e 869 profissionais responsáveis técnicos habilitados. Além disso, 64% das fazendas cadastradas fazem rastreabilidade ou identificação nos seus rebanhos.
Por José Roberto dos Santos – CAMPO GRANDE NEWS