PESQUISAS: Oportuno repetir na atual fase da campanha eleitoral: “pesquisa não é prognóstico, é diagnóstico. ”Diagnóstico é o resultado atual de uma avaliação no momento presente. Prognóstico é um resultado prévio, algo que pode ocorrer no futuro. O prognóstico é possível a partir da leitura feita com base nos dados do diagnóstico. Tal qual na medicina, na política o segundo depende do primeiro para existir.
‘PEGADINHAS’: Para os mais experientes ou rodados em campanhas eleitorais é recomendável adotar algumas manhas na leitura das pesquisas. Pesa a credibilidade do instituto pesquisador, os critérios adotados do trabalho a campo (locais e perfis sócios/econômicos do eleitor) e principalmente a interpretação correta desses números.
AVISO! As surpresas ocorrem em todas eleições. Em 2018 candidatos que já tinham encomendado roupas da posse acabaram frustrados. Essa não será diferente por várias razões. O alto número de candidatos ao Executivo implica na concorrência maior para Assembleia Legislativa e Câmara Federal. Às vezes não se ganha eleição apenas com o nome ou pose.
NO DIVÃ: A cada 7 de setembro voltamos a questionar os erros e acertos do Brasil ao longo da sua história. A propósito vale citar uma declaração preciosa de D. Pedro II a um jornal português. Disse o imperador: “É uma pergunta que sempre me faço e não consigo responder. O que foi melhor? Permanecer esse monstro unido, ou teria sido melhor se separar em vários países.
INGOVERNÁVEL: Pelas suas dimensões oceânicas, há quem sustente a tese de que o Brasil teria tido mais chances de êxito se dividido em 4 países: São Paulo, Rio, Bahia e Minas juntos; Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul unidos; Pernambuco (Olinda) de Alagoas ao Ceará e finalmente a Amazônia liderado pelo Pará. Agora, tarde demais.
‘TOPA TUDO’: Impressiona a obstinação do ex-promotor Sergio Harfouche (Avante). Lá atrás iria tentar o Governo como vice de Simone Tebet. Hoje sua candidatura à Câmara Federal esbarra na falta de desincompatibilização do cargo, como decidiu o TRE. O relógio contra Harfouche. Como desafiava o apresentador de TV: “para ou continua? ”
PROMESSA: Sinônimo de pacto, jura, palavra. Se na religião é voto feito a Deus ou a um santo, na política é apenas palavra dita, ou seja, palavra em vão, que efetivamente não corresponde a um compromisso de ação futura. Ao longo da história a promessa perdeu a credibilidade pela sua vulgarização e o não resgate na maioria dos casos. Aí a promessa se transformou em estelionato eleitoral.
SUGESTÃO: Já que estamos em plena campanha, com promessas para todas situações, vale lembrar que uma boa maneira de avaliar a credibilidade dos políticos é exatamente verificar o cumprimento das promessas anteriores. Vale também um estudo profundo do potencial do candidato, se ele é capaz de viabilizar o cumprimento das promessas.
SEM EXCEÇÃO: Pelas entrevistas, debates e declarações diversas dos candidatos, concluo que suas assessorias lançaram mão de todos os remédios para sanar nossos males. Criatividade quase comparável as fantasias de Harry Potter, mudando cenários, situações e personagens. Basta o eleitor analisar quem é quem para adotar uma postura cautelosa na escolha.
COMPARAÇÃO: Há por exemplo o consumidor que acredita piamente de que o preço do produto anunciado como ‘promoção’ é o melhor. Aí fideliza e só compra deste anunciante. Nas eleições por sua vez, há o eleitor que opta pelo candidato que mais promete soluções. Igual ao consumidor, esse eleitor não faz comparações com as ofertas dos concorrentes.
ESTELIONATO? A expressão ‘estelionato eleitoral’ lembra por analogia o artigo 171 do Código Penal. O candidato registra seu plano de governo e por má fé ou ignorância das atribuições do cargo, promete ações que não pode realizar – se eleito. Aliás, o registro do tal ‘plano de governo’ serve para fiscalizar se o candidato (eleito) cumpriu as promessas. Mas legalmente ele não é obrigado a cumpri-las.
BELEZA! No papel os planos de governo encantam pelo pragmatismo como são tratados os desafios da administração em todos os níveis. Se sobra o otimismo fantasioso – há carência de planejamento correto como é adotado na iniciativa privada. Seria como empreender uma longa viagem sem tomar as devidas precauções contra os imprevistos.
ESPERTEZA: Cerca de R$1,5 bilhão que deveria beneficiar os clientes pelo desconto do ICMS ficaram com a Claro, Oi, Vivo e Tim. Após a denúncia do deputado Paulo Duarte (PSB) e que protocolou representação contra as operadoras no MPF, a Adecom (Associação de Defesa dos Consumidores de MS) foi a justiça para receber em dobro o que foi apropriado pelas empresas. Às vezes a esperteza come a mão do esperto.
TEM JEITO? Em 2018, dos 513 deputados federais eleitos, só 27 deles se elegeram com seus votos, sem depender de redistribuição de votos pelo coeficiente eleitoral. Houve caso do candidato com 128 mil votos que não se elegeu e de outro com apenas 200 votos que chegou lá. Com tanta gente beneficiada pelas regras generosas, é impossível aprovar a reforma partidária.
LAMENTÁVEL: Já falamos aqui do erro de Sergio Moro em deixar a Magistratura pelo inseguro cargo de Ministro da Justiça. Agora não há como ignorar a persistência dele no erro ao concorrer ao senado. As notícias mostram o quanto tem sido alvo de bombardeio de críticas na mídia. Uma vez mais faltou-lhe um bom conselheiro. Decididamente não precisava disso.
DE VOLTA: Contrariando a maioria das previsões, o ex-senador Delcídio do Amaral (PTB) deve mesmo disputar a Câmara Federal. E não foi fácil ‘dar a volta por cima’ no TRF da 1ª. região (Brasília) e chancelada pelo desembargador Julizar B. Trindade após decisões desfavoráveis. Agora ele luta contra o tempo num cenário desafiador.
E VOLTA? O ex-poderoso e ex-imponente prefeito de Campo Grande – Alcides Bernal – decidiu – como se diz – calçar as sandálias da humildade para confessar sua situação financeira precária e que o incapacitaria de resgatar compromissos impostos pela justiça. Pelos indicativos, sua derrocada na política terá a mesma velocidade de sua ascensão meteórica.
CONVENHAMOS: A mídia publica que o candidato a deputado federal pelo MDB, Carlos Bernardo – empresário do ramo educacional na fronteira – teve sua candidatura barrada. O fato foi motivado por falta de orientação jurídica por extrapolar o valor numa doação eleitoral. O caso cabe recurso, mas é uma lição aos candidatos para que não cometam erros primários perante a justiça.
REELEIÇÃO: “A reeleição é um insulto à Nação…(–)…Se o presidente Castelo Branco tivesse querido, teria sido reeleito…(-)…Pois bem. Foi preciso que chegasse a Presidência da República – não um militar, mas um civil, um professor universitário, para que o Brasil regredisse ao nível mais baixo da América Latina em matéria de provimento de chefia do Estado…” (Paulo Brossard – ex-senador)
AVALIAÇÃO: Nesta ressaca de 7 de setembro o assunto principal se refere a postura do presidente Bolsonaro nas comemorações. Claro, há muitos interesses em jogo na grande mídia inclusive. Mas pergunta-se: Essa movimentação trará reflexos capaz de interferir na tendência do eleitorado que as pesquisas mostram? Pelo sim, pelo não, vamos esperar.
Fim da linha:
O Brasil não é para principiantes (Tom Jobim)