Produtores rurais estão enfrentando dificuldades para acessar os cerca de R$ 340 bilhões do Plano Safra. O acesso ao recurso é mais uma das dificuldades às vésperas do início da safra de verão. Casos de lentidão na disponibilidade são verificados em estados como Paraná, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
A safra de verão inicia na próxima semana no país. Os produtores ainda se veem em meio as incertezas climáticas com o La Niña e o atraso na entrega de insumos, como o fertilizante.
Glauber Silveira, comentarista do Canal Rural, revela que em recente conversa com o Ministério da Agricultura houve relatos de que estaria tudo bem com o repasse do Plano Safra aos produtores. “Mas, a gente sabe que infelizmente não é a realidade”.
Difícil de acessar e insuficiente
De acordo com o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Fabrício Rosa, não bastasse as dificuldades para o produtor acessar os recursos do Plano Safra, como o mesmo ainda é insuficiente para a atender a demanda nacional. Ele frisa que o valor deveria ser superior a R$ 700 bilhões.
“O valor de R$ 340 bilhões é o que o governo consegue apoiar. Mas, até isso é importante a gente qualificar, porque efetivamente recursos que serão equalizados, ou seja, que são de juros controlados, que o governo vai pagar a diferença dos juros de mercado, são R$ 195 bilhões. Ou seja, não são os R$ 340 bilhões. Outros R$ 145 bilhões são relativos a juros livre”, diz Rosa.
O grande ponto que está trazendo preocupação, pontua o diretor executivo da Aprosoja Brasil, é em relação ao orçamento que foi anunciado na última semana. “O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2022/23 já apresentou alguns cortes, especialmente no Seguro Rural. Há lentidão, dificuldades na liberação desses recursos”.
Conforme Glauber Silveira, quando se atrasa a liberação do financiamento começa-se a atrasar o produtor, o que o leva a buscar crédito em tradings, revendas. “O crédito existe. O problema é o custo desse crédito. O que pode levar o produtor, muitas vezes pelo desespero, tomar um crédito muito alto”.
Cana Rural