Mulher que morreu após ter 90% do corpo queimado disse à enfermeira que ela mesma acendeu o fósforo, diz polícia

Em depoimento à Polícia Civil, a enfermeira que prestou o primeiro atendimento a Pâmela Oliveira da Silva, de 27 anos, que morreu no dia 22 de agosto após ter 90% do corpo queimado, relatou que ouviu da vítima que ela mesmo teria acendido o fósforo que provocou o incêndio. A Polícia Civil de Rochedo (MS) investiga o caso.

Ao g1, o delegado Roberto Duarte Faria, titular de Rochedo, disse que a enfermeira contou que Pamela chegou ao hospital lúcida, na companhia do marido e questionava como estava sua aparência. A vítima precisou ser transferida para a Santa Casa de Campo Grande, passou semanas internada e não resistiu aos ferimentos.

 

Em contrapartida, o pai de Pamela afirma que a filha acordou do coma após uma melhora e acusou o marido de tê-la queimado na frente dos filhos, de 10 e 6 anos. O marido nega a versão contada pelo sogro.

“Ouvimos a enfermeira que prestou o primeiro atendimento a Pamela, e segundo ela, a vítima chegou lúcida ao hospital e na companhia do marido. Ela afirma que a vítima disse que riscou o fósforo e causou o acidente”, disse.

 

Família defende feminicídio

 

 

O pai de Pamela foi até a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e informou que a filha teria sido vítima de feminicídio. No boletim de ocorrência, registrado no dia 26 de julho, o homem confirma que os netos presenciaram toda a ocorrência.

Segundo o pai da vítima, o casal teve uma briga e, durante a discussão, o homem teria jogado quatro litros de gasolina no quarto. A briga continuou até que o marido de Pamela deu socos e chutes na esposa, até ela cair na cama, momento em que riscou o fósforo e fechou a porta.

O pai de Pamela afirmou que não acredita na hipótese de que a filha teria tentado tirar a própria vida apesar das informações sobre possíveis problemas psicológicos que ela enfrentava.

Polícia aguarda laudo

 

Pamela morreu aos 27 anos. — Foto: Arquivo Pessoal
Pamela morreu aos 27 anos. — Foto: Arquivo Pessoal

O marido de Pamela nega a versão contada pelo sogro, segundo ele, toda a família estava em casa quando o homem pegou um galão de gasolina para abastecer um cortador de grama. Em um dado momento, Pamela teria acendido um fósforo próximo, quando o acidente aconteceu.

De acordo com a polícia, a filha mais velha do casal foi ouvido pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) e relatou a mesma versão contada pelo pai. A Polícia Civil aguarda o laudo de perícia criminal, realizado pelo Instituto Médico Legal (IML), para esclarecer as circunstâncias do crime.

“O investigador que esteve no local apontou que haviam indícios de que teria acontecido um acidente doméstico, sendo essa a versão da filha e do marido. O laudo da criminalística, assim como o depoimento da criança que estava no local do crime, serão fundamentais para entender o que aconteceu, o resto é palpite”, esclareceu.

Por Débora Ricalde e Rafaela Moreira, g1 MS