AMPLAVISÃO – Candidatos: adversários hoje, parceiros amanhã

TRAIR E COÇAR… Na política a traição é conhecida pelo termo “Cristianizar”. O candidato é abandonado pelos companheiros de partido que passam a apoiar um concorrente de sigla diferente. Neologismo originário do episódio de 1950. O candidato Cristiano Machado (PSD) perdeu o apoio dos líderes partidários que optaram pelo adversário (vencedor) Getúlio Vargas (PTB).

OUTROS CASOS: Em 1985 Paulo Maluf perdeu o apoio do PDS que apoiava Tancredo Neves (MDB). Em 1989 Aureliano Chaves (PFL) foi traído pelas lideranças em prol de Fernando Collor (PRN) e Ulysses Guimarães (MDB) perdeu o apoio do partido, cujas lideranças ficaram com Collor de Mello. E mais: em 1994 foi a vez do MDB trair Orestes Quércia e em 2018 a vítima do MDB foi Henrique Meirelles.

NO TELHADO? A pratica da ‘cristianização’ continua: Líderes do MDB de 11 Estados apoiam o candidato Lula (PT), mesmo com Simone Tebet candidata da sigla. Situação delicada para a senadora que patina nas pesquisas (também no MS) e já admitiu optar por Lula num eventual 2º turno. Como se vê a política não muda e o MDB também – de olho em ‘boquinhas’ de governo futuro.

CAUTELA: Neste 1º turno os candidatos ao Governo devem ser cuidadosos, medindo palavras e colocações verbais para não criar situações irreversíveis num possível 2º turno. Pelo menos nas entrevistas das quais tenho participado os candidatos procuraram medir as palavras, usando a maior parte do tempo falando de seus projetos e promessas.

DIFERENTES: A tendência é que nenhum de ambos candidatos no turno final vença apenas com o seu estoque de votos, sem apoio de quem tenha ficado de fora. Aí reside a habilidade do candidato em se conduzir nesta fase, vendendo seu peixe, mas sem criar atritos graves, incontornáveis com outros concorrentes que poderão ser parceiros valiosos na reta final. Foi assim em 1998 com Pedro Pedrossian apoiando Zeca do PT ao Governo.

BOMBANDO: Nas redes sociais um vídeo emociona pelas imagens e música no ginásio de esportes de Ivinhema. Nele, o prefeito Juliano Ferro é recepcionado por um garoto especial e abraçado por dezenas de outras crianças. Juliano não é candidato, mas o poder oceânico do celular como instrumento de relações sociais está mais que provado.

REPRISE: Há uma constelação de candidatos de todos partidos nestas eleições que tem consciência das parcas possibilidades de êxito. Mas eles, na maioria dos casos, estão fincando os alicerces de olho nas próximas eleições municipais. Deste pleito sairão candidatos à vereador, prefeito e vice prefeito em 2024. É assim que funciona o ‘intestino’ da política.

ESTRATÉGIA: Em Costa Rica (2018), o delegado Cleverson (PDT) saiu candidato a deputado estadual. Para alguns – ato de insanidade devido ao cenário. Obteve 3.499 votos (27,73%) apenas no município, dando-lhe parâmetro de seu potencial para as eleições municipais que venceu em 2020. Outro caso: Após obter 11.145 votos para deputado federal em 2018, Alan Guedes virou prefeito de Dourados.

‘NO MAS!” Tal qual o ‘croupier’ do cassino paraguaio anuncia o fim das apostas, chegou ao final a época em que os eleitores iam em busca do ‘salvador da pátria’. Hoje – o pretendente tem que ir à luta, suar a camisa, disputar espaços, revendo conceitos, posturas, sacrificando a profissão, a saúde a família e o patrimônio. É o preço a pagar.

INTERNET: Através dela muita gente está ganhando popularidade dentro de seu espaço social para alavancar seus negócios e também para trampolim político. Em muitas cidades o fenômeno vem ocorrendo. Anônimos se transformaram em personalidades conhecidas, queridas, ganhando credibilidade inclusive. Não sei se isso será bom ou ruim para a política.

DOIS REGISTROS: Um deles se refere a visita (terça feira) discreta do ex-ministro Zé Dirceu (PT) à Campo Grande proferindo duas palestras para públicos específicos. O outro relativo a bronca do deputado Pedro Kemp (PT) pela ‘conta salgada’ de seu almoço no Restaurante Coco Bambu. Kemp observou: “pior é que só ao sair do restaurante, vendo a bandeira do Brasil – descobri que o dono era um bolsonarista radical.”

O MERCADO: O dinheiro pode não decidir eleição, mas ajuda. Vale o velho ditado ao vermos tanta generosidade suspeita na busca de votos. Naturalmente não se fala em nomes, mas após conversar com figuras do oceano eleitoral, percebe-se que no ‘mercado de votos’ vigora a lei da oferta da procura. Hoje inflacionou com a procura por poderosos compradores. De leve…

COVARDIA: É de dar pena a situação do indígena Magno Souza, candidato ao Governo pelo Partido da Causa Operária. Além do despreparo, vive em situação de penúria para sustentar a família de 5 pessoas e ainda responde a processo por furto de uma bicicleta. Ao entrevista-lo senti o drama dele, sem noção do seu papel no contexto. Uma marionete das lideranças partidárias.

VIRA A CHAVE: Candidatos a diversos cargos eletivos analisam a campanha eleitoral e apostam na data de 7 de setembro como emblemática para início de um novo ritmo das eleições. Acham que o fator motivacional pesará junto ao eleitor para se manifestar e começar sedimentar o ponto de vista que vai desaguar na escolha dos nomes. Pode ser.

LAVANDERIA? Expectativa quanto a linha de conduta dos candidatos no programa eleitoral. Os exemplos dos pleitos passados apontam: vai depender dos números das pesquisas à medida que se aproximar a data do 1º turno. Observadores já apostam de que assuntos delicados virão a tona. Aliás, as redes sociais já fazem estragos. Vale tudo, menos perder.

A PROPÓSITO: Não há decisão judicial suficiente para recuperar os estragos eleitorais e reabilitar a honra deste ou daquele atingindo por mentira ou armação. Vale comparar com aquele inocente que ficou anos na cadeia acusado do crime que não cometera. Uma eventual indenização financeira não compensará o tempo perdido. Não se brinca com essas coisas.

GRANDES MENTIRAS: Lula-Não houve mensalão. Zé Dirceu-O Delúbio deixou claro que não houve caixa 2. Celso Pitta-Vou sair incólume. João Alves-Ganhei 200 vezes na loteria. Roseane Sarney-Vamos fazer do Maranhão o Tigre do Nordeste. Roberto Jefferson (2004) -Não há acordo financeiro entre o PT e o PTB. Collor-Vou acabar com

os Marajás. Sarney (2009) – Não sei o que é ato secreto. Aqui ninguém sabe. José Serra (2009)-Vou cumprir o mandato de prefeito até o final. Sergio Cabral (2013)-O governador usa helicópteros para cumprir os compromissos.

ELEIÇÕES & JAPÃO: Voto facultativo e antecipado; sem horário eleitoral gratuito; a última mudança da regra eleitoral foi em 1945; não há título de eleitor e nem tribunal eleitoral; sem urna eletrônica, eleitor escreve o nome do candidato; o candidato tem que pagar uma ‘luva’ – de valor proporcional ao cargo pleiteado e ao número de eleitores do seu distrito. Se sua votação não atingir o número mínimo previsto ele perde o dinheiro. (Imagine essa regra no Brasil)

SERGIO CRUZ: O ex-deputado, jornalista e escritor lança seu 8º livro “Campo Grande – 150 Anos de História’, uma coletânea de dados e fatos conhecidos. Ao seu estilo revela ter recorrido a várias fontes bibliográficas para abordar o que julgou interessante aos olhos do leitor. Sergio espera que a obra de 500 páginas estimule o interesse dos profissionais da educação e do público em geral. Parabéns pela ousadia cultural.

ELEIÇÕES & HOLANDA: Monarquia parlamentarista, a Holanda (país sério, 17 milhões de almas), 75 senadores e 150 deputados. Permitido o voto com autorização e por antecedência. O eleitor recebe em casa o cartão de votação e a lista dos candidatos. Eleitores com mais de 70 anos votam até pelos correios. O voto não é obrigatório e o processo não é digital.

MILLÔR FERNANDES: “Honra seja feita, o Brasil não inventou a corrupção, o nepotismo, nem a burocracia pernóstica e prepotente. Tudo foi importado com o descobrimento. Vejam os senhores que falta faz a reserva de mercado. ”

Ponto final: O Brasil existe e insiste. ( Monteiro Lobato)