Secretário de MS diz que não tem vaga de UTI em hospital particular

O secretário estadual de Saúde, Nelson Tavares, afirmou que a falta de vagas em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) não é situação apenas nos hospitais públicos, mas também na rede privada. Por causa desse problema, um idoso de 62 anos morreu ao esperar por oito horas uma vaga de UTI no Hospital Universitário de Campo Grande nesta segunda-feira (22).

“Porque o privado também não tem disponível. Esse paciente, absolutamente, se dependesse de uma solicitação na área privada que fosse salvar a vida dele, isso teria sido feito”, explicou o secretário.

Secretário de Saúde explica que recorre à vaga zero em casos graves (Foto: Reprodução TV Morena)
Secretário de Saúde explica que recorre à vaga zero em casos graves (Foto: Reprodução TV Morena)

Sebastião Nogueira da Silva foi internado na manhã de domingo em Costa Rica, município distante 338 quilômetros da capital de Mato Grosso do Sul, e por causa de uma insuficiência respiratória, teve de ser transferido.

A confusão começou quando o paciente chegou ao HU depois de quatro horas de viagem. O hospital mostrou à família o documento negando o pedido da Secretaria Municipal de Saúde para transferir o paciente. Mas a família tinha o mesmo documento, emitido poucos minutos depois, autorizando a mudança para a capital.

“Isso acontece por um desrespeito das duas centrais de regulação, principalmente a estadual em que isso ocorre quase que diariamente”, afirmou a diretora técnica do HU, Ana Lúcia Lyrio.

O Tião da Pipoca lutava contra o câncer de sangue e passou mal. Em casos graves como do Sebastião, o paciente é transferido para uma UTI mesmo sem vaga aberta. Segundo o secretário, é a transferência sem vaga garantida. Na prática era para ser uma exceção, mas tem se tornado regra.

“Mesmo que não se tenha vaga aqui em Campo Grande que é a referência dele, a Central autoriza o transporte. Eventualmente, nessas quatros horas você consegue viabilizar uma vaga. Se não conseguir viabilizar uma vaga, o lugar mais seguro para o paciente ficar é na ambulância”, pontuou o secretário.

Hoje no HU são 34 pacientes internados no corredor. Alguns em camas hospitalares, outros em macas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que não são devolvidas porque o paciente precisa ficar nelas. Tem pessoas doentes até em cadeiras esperando por um leito.

Pedido
Às 9h30 de domingo foi feito o pedido de vaga à Central de Regulação. Às 10h48 saiu o número da senha e às 11h a resposta: a transferência não foi autorizada, mas, mesmo assim, o paciente foi transferido por estar em situação de vaga zero.

Um outro documento entregue para a família do paciente mostra que a transferência de Costa Rica para Campo Grande foi autorizada para central de regulação de Mato Grosso do Sul às 11h16 (de MS) de domingo (21).

O paciente morreu na madrugada de segunda-feira (22), no Hospital Regional, para onde foi transferido após ficar oito horas dentro de uma ambulância em frente ao HU à espera de vaga em UTI.

Segundo informações da família da vítima, Sebastião Nogueira da Silva, de 62 anos, precisava de internação por conta de uma insuficiência respiratória aguda.

Macas do Samu são retidas por falta de leitos no HU de Campo Grande (Foto: Reprodução TV Morena)
Macas do Samu são retidas por falta de leitos no HU de Campo Grande (Foto: Reprodução TV Morena)

Inquérito policial
Enquanto aguardava liberação de vaga, a família do paciente foi até a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Piratininga para denunciar o caso por volta das 22h30 de domingo.

Um boletim de ocorrência por omissão de socorro foi registrado e o delegado de plantão, Hoffman D’ávila, foi até o hospital verificar a denúncia. No local, ele informou que não ficou caracterizada a situação de omissão de socorro, já que o paciente recebeu atendimento e conseguiu a transferência em seguida.

Ainda conforme o delegado, Sebastião teve uma parada cardíaca enquanto aguardava dentro da UTI móvel no hospital. Caso a ambulância fosse desligada ou ficasse sem gasolina, os equipamentos que mantinham o paciente estabilizado parariam de funcionar.

“Nesse caso, se for instaurado inquérito, a delegacia competente que fará a investigação terá que apurar a relação do nexo causal da morte com a omissão de socorro”, finalizou o delegado.

 

 

G1 MS