O preço do milho, hoje, está excelente. Inclusive subiu mais R$ 1 da semana retrasada para a semana passada. Estava cotado na faixa dos R$ 34 a saca, quase um recorde. Daqui até a colheita da safrinha, porém, (o milho está sendo semeado atualmente no Estado) esse preço certamente não irá se manter. Na verdade, poderá cair dentro de mais algumas semanas, tão logo o produto cultivado no Rio Grande do Sul, principalmente, mas também o do Paraná, chegue ao mercado. Nos estados do sul o milho é plantado e colhido antes do que em Mato Grosso do Sul e no Centro-Oeste como um todo.
E em quanto vai estar cotado o milho safrinha quando a colheita terminar e o produtor da região tiver que vender?
Difícil de dizer hoje, porém, de acordo com pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste, de Dourados, as cotações do milho, irrigado ou de sequeiro, terão que estar acima de R$ 23,07 a saca ou R$ 24,75, dependendo de cada um dos sistemas estudados. Isso representaria uma diferença superior a R$ 10 por saca das cotações atuais.
Quando for vender o que colher de milho, o produtor sabe que o preço poderá estar acima ou abaixo do utilizado no estudo. Sendo assim, a renda líquida e o ponto de nivelamento podem variar em função das alterações dos preços praticados no momento da comercialização.
De acordo com as conclusões a que chegaram os pesquisadores, as análises de viabilidade realizadas podem auxiliar os produtores na comparação com os resultados por ele alcançados em suas lavouras.
Feita a comparação, o produtor de milho safrinha poderá optar por minimizar os custos de produção ou por maximizar a produtividade de sua lavoura. “O primeiro passo para que isto aconteça é o planejamento da atividade, utilizando tecnologias compatíveis com o potencial de suas propriedades; devem também elaborar os custos de produção e acompanhar a evolução dos preços do produto no mercado. Saber dimensionar a atividade é tarefa essencial para o sucesso”, argumentam os autores do estudo.
FORMAÇÃO DOS CUSTOS
Foram levadas em consideração no estudo as quantidades de insumos usados, as operações agrícolas realizadas, as atividades de gestão da propriedade, as produtividades esperadas; os ganhos estimados e a eficiência produtiva a ser atingida, tanto em lavouras de milho de sequeiro quanto lavouras irrigadas.
E na análise de viabilidade econômica dos sistemas estudados foram considerados os preços dos fatores e dos produtos vigentes no mês de outubro de 2015.
Calcular os custos de produção nas atividades agrícolas é praticamente uma obrigação para o produtor. Para ter sucesso em sua empreitada ele precisa estar ciente do que vai gastar e das possibilidades de ganho com a produção.
Na região sul de Mato Grosso do Sul, o cultivo do milho é tradicionalmente praticado na safrinha de outono-inverno sob condições de sequeiro, sendo semeado em sucessão à soja cultivada no verão.
Nesse sistema produtivo, as frustrações de safras em decorrência da falta de chuvas são frequentes e, em consequência disso, nos últimos anos tem aumentado o interesse dos produtores pelo uso da irrigação.
No sentido de auxiliar o produtor, o estudo feito pelos pesquisadores Alceu Richetti, Daniltou Flumignan e Alexsandro dos Santos Almeida avaliou economicamente a viabilidade da cultura do milho safrinha a ser cultivado no ano de 2016, em condições de sequeiro e irrigado, na região sul de Mato Grosso do Sul.
Nos custos de oportunidade incluíram-se a remuneração do fator terra (representada pelo valor do arrendamento) e a remuneração do capital de custeio de investimento (juros de 6% ao ano, por um período de 5 meses).
INDICADORES DE EFICIÊNCIA
O custo total médio por saca é obtido dividindo-se o custo total pela produtividade estimada de 5.100 kg por hectare nas condições de sequeiro e 7.200 kg por hectare na condição de irrigação. De acordo com as estimativas, nas condições de sequeiro, o custo total médio é de R$ 23,07 por saca de milho híbrido simples convencional em cultivo solteiro. De R$ 23,43 por saca no milho híbrido simples convencional consorciado com B. ruziziensis. De R$ 23,37 por saca no milho safrida híbrido Bt consorciado com B ruziziensis. E de R$ 24,75 por saca no milho híbrido Bt+RR em cultivo solteiro. No milho irrigado, o custo total médio é de R$ 23,31 por saca. Da mesma forma, o custo total por tenelada de grão produzid varia de R$ 384,56 a R$ 412,45 nos sistemas sequeiro e R$ 388,53 no sistema irrigado.
De acordo com o estudo realizado pela Embrapa Agropecuária Oeste, considerando-se a produtividade média esperada de 5.100 kg por hectare, independente do sistema de produção praticado em condições de sequeiro, e de 7.200 kg por hectare no sistema irrigado, e o preço médio do milho estimado para a safra 2016, de R$ 23,78 por saca de 60 kg, a receita bruta obtida é de R$ 2.021,30 por hectare nos sistemas de sequeiro, e de R$ 2.853,60 no irrigado. A renda líquida obtida, por hectare, após a remuneração de todos os fatores, será negativa apenas no milho Bt+RR em cultivo solteiro, variando entre R$ -82,22 e R$ 60,06 nos sistemas de sequeiro e de R$ 56,18 no sistema irrigado. Esses resultados indicam que a produção de milho sarinha na safra 2016, mantendo-se os atuais níveis de preços (R$ 23,78 por saca de 60 kg), será economicamente favorável nos sistemas com milho safrinha convencional solteiro, convencional consorciado, Bt consorciado e Bt irrigado.
A taxa de retorno para o empreendedor, que consiste na relação renda líquida e custo total, apresenta-se negativa apenas para o milho Bt+RR e positiva nas demais modalidades de custo apresentadas, variando de -3,91% a 3,06% nos sistemas de sequeiro e de 2,01% no sistema irrigado. Isso significa que, para cada R$ 1,00 gasto com a cultura do milho safrinha de 2016, o produtor terá retorno financeiro, variando entre R$ 0,04 e R$ 0,03 nos sistemas sequeiro e de R$ 0,02 no sistema irrigado.
Mantendo-se os níveis de preços de quando o estudo foi realizado (outubro 2015), a produção do milho safrinha convencional em cultivo solteiro, do convencional consorciado e do Bt consorciado e do Bt irrigado, para a safra 2016, será eficiente, enquanto a do milho Bt+RR será ineficiente. Essa relação, porém, é alterada de acordo com as flutuações de preço do mercado do milho.
Correio do Estado – Maurício Hugo