“Paz em Ribas já era”, dizem moradores sobre expansão econômica da cidade

A 98 quilômetros de Campo Grande e com pouco mais de 25 mil habitantes, Ribas do Rio Pardo sempre foi conhecida pelos ares de cidade pacata que esbanjava tranquilidade, no entanto, segundo moradores da região, com a expansão econômica da cidade, resultado da chegada de uma nova indústria de celulose, “a paz no município já era”.

Há 20 anos, a comerciante Nadir Madalena dos Santos, de 32 anos, vive em Ribas do Rio Pardo. De lá para cá, ela conta que muita coisa melhorou, apesar disso, aponta

que houve piora em diversos setores. “Hoje está melhor para os negócios, mas priorizo minha tranquilidade e paz que hoje já não tenho mais. Com toda violência que a gente tem visto, dá até saudade da Ribas antiga”, relata.

Ao Campo Grande News, Nadir conta que teve até de mudar a rotina de caminhada que fazia diariamente pela manhã, sempre às 5h. “Parei porque o que se vê é um monte de homem na rua e eu tenho medo. Inclusive, há cerca de duas semanas furaram um homem quase ao lado do meu bar”, pontua.

O início da construção de uma fábrica da Suzano aumentou a circulação de pessoas na cidade em razão das contratações de pessoal para as obras. Além disso, triplicou o número de empresas abertas.

“Muitos bares foram abertos, até uns improvisados em frente a casa de moradores. É muito homem bebendo e sempre sai briga.  Antes não tinha isso. Agora, todo mundo fica apreensivo”, pontua o vigilante Rafael Martins, de 37 anos.

Ele explica que, antes da chegada da Suzano, roubos e furtos eram os crimes mais comuns porque muita gente estava desempregada. Agora, a realidade é outra. “O pessoal sempre está bebendo nesses bares e sempre sai agressão e até esfaqueamento”, revela.

Aos 51 anos, a professora  Rosângela Paiva da Cruz não teve muita sorte. Há 1 ano, a educadora saiu do Acre para morar em Ribas, justamente pela paz que o local oferecia. “Às 18h não tinha ninguém na rua e era uma paz. Hoje já não é mais assim e em cada esquina tem um bar e um monte de homem bebendo”, descreve a moradora que também deixou de caminhar pela manhã por medo da nova realidade.

 

 

Além dos bares que atendem a clientela fiel, a professora conta que também aumentou a quantidade de casas de prostituição. “Foram abertas até em bairros mais familiares, o que antes não se via”, aponta.

Veterano nas redondezas, o marceneiro Antônio Franklin de Brito, de 65 anos, chegou à cidade em 1982. Até hoje, mora com a esposa no município, que já não é o mesmo. “Aumentou o movimento na cidade, o trânsito está mais pesado, mas sinto que o número de policiais nas ruas também aumentou, ou seja, tem coisas para o bem e para o mal”, analisa.

Na noite de ontem, crime brutal chocou a cidade e é comentário em todas as casas. Aos 32 anos, Daniela Luiz, e o filho dela, um adolescente de 14, foram mortos a facadas pelo ex-marido da vítima, identificado como João José Furtado Nunes, de 32 anos. A mãe de Daniela também foi esfaqueada e segue internada na Santa Casa de Campo Grande. Todo o crime foi presenciado por uma criança de 4 anos, que correu em direção à rua em busca de socorro.

Por Clayton Neves e Mirian Machado, –  CAMPO GRANDE NEWS