Dois professores de futebol acusados de abusar de dezenas de meninos com idades entre 12 a 17 anos foram presos pela Polícia Civil de Mato Grosso no último fim de semana, em Cuiabá.
Os suspeitos mantinham duas escolinhas de futebol na capital mato-grossense, onde treinaram mais de 200 garotos de 2012 até hoje. Dez dos alunos já prestaram depoimento formal à polícia e confirmaram os abusos, que aconteciam nos alojamentos da escolinha e até em locais públicos longe da vista do público, como matagais e descampados.
A Polícia Civil estima que mais de 50 adolescentes podem ter sido molestados, em troca de presentes, dinheiro ou promessa de um futuro próspero no mundo futebolístico.
Tempos depois, porém, esta vítima acabou por morrer em uma troca de tiros com um policial rodoviário federal, e a investigação voltou à estaca zero, conforme explica o delegado responsável pelo caso, Eduardo Botelho.
Ao longo deste ano, porém, uma nova denúncia chegou à polícia, que passou a ouvir mais alunos dos treinadores, detectando a prática massiva de abuso em que ambos teriam incorrido.
“Os dois possuíam contato diário com diversas crianças e adolescentes em razão da atividade por ambos empreendida, restando evidenciado que eles se aproveitavam da relação de proximidade com certas vítimas para constrangê-las à prática de atos libidinosos diversos mediante o fornecimento de certos ‘presentes’ ou ainda sob falsas promessas de encaminhamento para grandes clubes de futebol localizados no Estado de São Paulo”, explicou o delegado.
Churrascos sexuais e parceria para o abuso
Gesiel Gomes foi aluno de César Patini. Com o passar do tempo, os dois teriam se tornado parceiros na exploração sexual e abusos dos menores.
Outros três adolescentes além daquele que morreu, todos menores de 14 anos, foram localizados e confirmaram que foram vítimas de abusos sexuais em troca de presentes, dinheiro, e se tornarem famosos no mundo do futebol.
Os menores contaram à polícia que após os treinos, Patini promovia churrascos em sua casa, onde também matinha uma loja de fachada de artigos esportivos. Lá, o suspeito teria oferecido camisetas de times as vítimas em troca de favores sexuais.
O delegado informou que a prisão foi antecipada, em razão da suspeita de que os dois agressores se preparavam para fugir de Cuiabá. Além disso, os suspeitos, ao tomarem conhecimento da investigação policial, passaram a buscar contato com as supostas vítimas, a fim de demovê-los da ideia de depor á polícia.
“A prisão é de 30 dias e nesse intervalo serão empreendidas diligências visando a identificação da totalidade de vítimas de abuso sexual por parte dos suspeitos, número este que deve aumentar demasiadamente, visto que ambos possuem mais de 200 alunos nesta cidade”, finalizou o delegado Botelho.
Os professores responderão por crimes de estupro e exploração sexual. “Além de manter a relação sexual pura e gratuitamente, eles também mantinham a relação em troca de presentes, como chuteiras e camisas”, disse o delegado Eduardo Botelho.
Na última semana, a Polícia Civil de Mato Grosso passou a intensificar as investigações de crimes sexuais para efetuar prisões de pessoas suspeitas de crimes contra crianças e adolescentes, em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual, 18 de Maio. O dia é um marco no enfrentamento às formas de violência contra os direitos da criança e do adolescente e foi escolhido em alusão a morte da menina Araceli, de 8 anos, assassinada após ser vítima de abuso na cidade de Vitória, no ano de 1973.
Fonte: UOL