O fator religião pesará nestas eleições?

RELIGIÃO E POLÍTICA: Desembarcaram juntas no Brasil em 1.500. Mas a influência dos evangélicos nos 3 poderes é crescente e provoca reações diversas. A religiosidade será decisiva no pleito nacional e na sucessão estadual?  Até onde pesará na escolha dos candidatos pelos eleitores evangélicos? Influenciará os eleitores de outras seitas? Tudo dependeria do discurso na campanha? Os excessos de evangélicos poderiam gerar preconceito do eleitor católico principalmente?

NO RETROVISOR: Nem todos os políticos evangélicos com mandato foram eleitos com votos exclusivos dos ‘irmãos’. Um alerta por exemplo à pré-candidata ao Governo Rose Modesto, uma liderança nos movimentos cristãos fora do catolicismo. Mas romper barreiras do preconceito é possível como fez Marcelo Crivella (PRB) ao se eleger prefeito do Rio de Janeiro em 2016. “Mas o Rio é o Rio” – diriam.

A PROPÓSITO: Um leitor questiona ironicamente: “nestas eleições vamos debater as  propostas para uma vida melhor ou simplesmente convidados a orar? Neste ritmo corremos o risco de voltarmos ao tempo da Idade Média cujas relações íntimas entre o Estado e a Igreja estão retratadas no livro (e filme) ‘O Nome da Rosa’ (de Umberto Ecco)?”

VATICANO: No Código do Direito Canônico os padres são proibidos de assumir cargos políticos que impliquem participação no exercício do poder civil e nem se filiar a partidos políticos. O clero não deve participar de atividades político-partidárias e nem ceder espaços físicos e meios de comunicação para apoiar candidatos ou partidos políticos.

E AGORA?  Mas o Papa Francisco diz que a Igreja não só pode como deve participar da vida cidadã e incentiva o debate objetivo e transparente com base na sua Doutrina Social. Entende que os cristãos não podem imitar Pilatos lavando as mãos. Lembra ainda que a política está muito suja porque os cristãos não participam dela com o espírito evangélico.

DEPUTADOS & AÇÕES: Paulo Corrêa (PSDB): Missão cumprida na pandemia; anunciou a volta das sessões abertas da Casa ao público no próximo dia 2, obedecidas é claro as regras de segurança contra a Covid-19.   Zé Teixeira (PSDB):  pede ajuda  federal para construção de 3 UBS rurais no município Paranhos; requer ao Governo Estadual a pavimentação em trecho (800 metros) da MS-142 no perímetro urbano de Camapuã. Lucas de Lima (PDT):  Publicada lei de sua autoria dispondo sobre a  o fim da limitação de consultas e sessões  de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicoterapia no tratamento do Autismo. Gerson Claro (PP): Entusiasta pelo agronegócio como fonte de renda aos municípios defende a facilidade do escoamento da produção; pede ao Governo a restauração do trecho da  MS-431 entre a BR-158  e o distrito de São João do Aporé, em Paranaíba.    Pedro Kemp (PT):   Usou da tribuna para discorrer sobre a decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) que considerou o julgamento  do ex-presidente como parcial e injusto; ainda criticou o indulto outorgado ao deputado Daniel Silveira.

BARÃO DE ITARARÉ: Crítico do Governo Vargas, foi sequestrado e levou uma surra.  De volta ao jornal afixou aviso na porta: “entre sem bater”. Candidato a vereador no Rio de Janeiro quando faltava água e vendiam leite adulterado, adotou o lema: “Mais água, mais leite. Mas menos água no leite”. Agradou e se elegeu.  Em 1947 o TSE cassou seu mandato. No seu último discurso lascou: “Um dia da caça, os outros dias da cassação. Deixo a vida pública para entrar na privada. ”

‘DOSSIÊ’: Dados disponíveis no site da Câmara: Deputado federal pelo PSB em 2007/11 Ciro Gomes não apresentou um único projeto, faltou quase a metade das sessões (um dos 10 mais faltosos) recebendo o salário integral. Também figurou na ‘farra das passagens’, um escândalo famoso.  Mas ele não acordou do sonho (pela 4ª. vez) de chegar ao Palácio do Planalto.

OUTROS TEMPOS! Quem não se lembra dos comícios e suas figuras folclóricas na plateia? O bêbado alegre, por exemplo, era uma delas. Mas as novas leis e a internet sepultaram o evento que atraia multidões custando caro com os shows artísticos, foguetório, ‘comes/bebes’ e brindes. Junto com as carreatas, os comícios serviam como demonstração do prestígio dos candidatos para influenciar os eleitores indecisos.

SEM RUMO:  PSDB nacional justifica a fama de indeciso como dizia o ex-governador Quércia (MDB). A sigla não se impõe na terceira via e o pré-candidato João Dória se perde em palavras e ações. Dias após Lula (PT) dizer que ‘Dória não tinha passado, presente e nem futuro político”, o líder tucano declara que ‘respeita o ex-presidente petista’. Perdeu o amor próprio.

EM CRISE:  O PSDB e seu rosário de problemas: o caso escabroso do deputado Aécio Neves e a JBS; as consequências das malfadadas prévias nacionais; a saída de Geraldo Alckmin, a renúncia de João Dória ao Governo Paulista são alguns deles. Aliás Dória parece aquele capitão do navio prestes a afundar – preocupado primeiro em salvar a própria pele. Danem-se os passageiros!

AÇÕES & PARLAMENTARES: José C. Barbosa (PP): Na sessão do dia 26 usou a tribuna virtual para criticar a administração municipal do prefeito Alan Guedes, de Dourados, classificando-a de “extremamente deprimente…fria e distante.  Lídio Lopes (Patri): Sancionada pelo Governo Estadual a lei de sua autoria que institui o Dia do Krav Maga a ser celebrado anualmente em 10 de março. A norma foi publicada no Diário Oficial.  Capitão Contar (PRTB):  Autor de 418 proposições em 2021; cumpriu agenda em Ponta Porã reunindo-se com comerciantes e proprietários rurais da fronteira.  Antonio Vaz (REP): Sancionada lei de sua autoria instituindo a Semana de Incentivo a Participação da Mulher no Processo Eleitoral; está na linha de frente de ação unisocial contra a fome com o objetivo de auxiliar as famílias vulneráveis em decorrência da pandemia.   Paulo Duarte (PSB): Autor de Projeto de Emenda à Constituição prevendo a concessão de Licença Maternidade para mulheres ocupantes de cargo eletivo no MS;  protocolou no MPE representação contra a Flexpark pedindo devolução aos usuários dos valores pagos à empresa após o fim do contrato de concessão de estacionamento junto a prefeitura da capital.

 REGISTRO: A atuação da maioria de nossos deputados federais, após a criação do MS, passou despercebida. Dos 8 atuais – o deputado Fábio Trad (PSD) é que tem conseguido maior visibilidade nacional pelas ações e preparo. Continuará membro titular (desde 2018) da CCJ e Cidadania (a mais importante) e integrando as comissões que defendem os direitos da mulher, do idoso e dos deficientes.

MÉRITOS! É difícil ter espaço naquele labirinto de poder onde habitam políticos experientes de representatividade partidária maior que do MS. No caso de Fábio, ele tem sido protagonista em episódios que exigem conhecimento jurídico, ganhando  projeção na mídia nacional. Como diz o deputado Londres Machado (PP): “um deputado precisa ser especialista em alguma área. Caso contrário passará despercebido na Câmara”.

CARONAS: Em todas as eleições há 2 tipos de candidatos: Primeiro, os que possuem luz própria graças ao prestígio pessoal, currículo e ações no espaço onde vivem. Segundo,  os dependentes  da força do partido e do grupo político – do que de seus méritos pessoais. Neste caso a carreira política tende a ser de curta duração. São os políticos de um só mandato. Passam, ninguém percebeu e nem sentiu a falta.

DAY AFTER: Os efeitos da Covid se fazem notar nos mais diferentes segmentos da sociedade e no seu dia a dia. Além do comércio, escolas, indústria e prestação de serviços, também entidades tradicionais como Maçonaria, Lions, igrejas e clubes recreativos sentem as consequências financeiras deste longo período de ausência social. Hora de repensar posturas. O dinheiro encurtou.

REDEAS CURTAS: Viagens de férias, troca de carros e móveis, reforma da casa e programas em restaurantes de final de semana, nem pensar! A classe média da iniciativa privada revendo o estilo de vida. Dos planos de saúde para a fila do SUS. Alguns nem reclamam; estão dando graças a Deus, felizes, por escaparem da Covid. Vale a vida, com ou sem grana.

AÇÕES LEGISLATIVAS:  Neno Razuk (PL): A pedido de vereadores de Juti pede ao Governo ajuda na instalação da Casa de Apôio em Dourados para atender os pacientes em busca de atendimento médico especial; questiona os valores cobrados pela Energisa em Água Clara cuja população está revoltada. Evander Vendramini (PP): É seu o projeto que tramita na Casa obrigando hospitais e clínicas públicos e particulares a manter um fisioterapeuta nas Unidades de Terapia Intensiva. Amarildo Cruz (PP):  Graças ao seu projeto virou lei o tema Educação Fiscal que foi incluído nos componentes curriculares das escolas da Rede Estadual de Ensino do MS.  Mara Caseiro (PSDB): Parabenizou na tribuna duas mulheres que denunciaram assédio sexual no trabalho; ainda na tribuna virtual defendeu a Licença Maternidade às mulheres exercendo mandato classista tendo em vista que a legislação atual é omissa neste sentido.  Marçal Filho (PP): Em Douradina fez a entrega de veículo 0/km para transporte de pacientes carentes de assistência médica. O prefeito Jean Fogaça agradeceu lembrando de várias obras e investimentos na cidade com recursos destinados pelo deputado.

CUIDADO!  Os candidatos precisam  cultivar a paciência para suportar as provocações encomendadas ou não. Nunca é demais lembrar que as câmeras dos celulares registram som e imagem com qualidade. Aliás, circula nas redes sociais o entrevero entre o pré-candidato Ciro Gomes (PDT) e alguns jovens que o provocaram gritando ‘Bolsonaro – mito’.  O jogo é bruto!

O RETORNO:  Finalmente a Assembleia Legislativa estará voltando às sessões presenciais com o ingresso livre. Mas algumas ausências serão notadas: dos deputados cabo Almi (PT) e Onevam de Matos (PSDB) e dos colegas de imprensa:  Guilherme Filho, Pierri Adri, os fotógrafos Valdenir Rezende, Toninho Souza e Oscalino Resende – vítimas da Covid. Mas a vida segue.

PONTO FINAL:

 No Brasil a política se resume em não deixar a onça com fome, nem o cabrito morrer de fome. (Stanislaw Ponte Preta)