Queima do bagaço e da palha de cana gera em MS mais energia do que consumo residencial do estado

As usinas sucroenergéticas de Mato Grosso do Sul disponibilizaram para o Sistema Interligado Nacional (SIN) em 2021, 2,3 milhões de megawatts hora (MWh) de energia elétrica cogerada a partir da queima de subprodutos do setor, como o bagaço e a palha da cana-de-açúcar.

A quantidade foi superior ao consumo residencial nos 74 municípios do estado atendidos pela concessionária Energisa MS no ano passado, a 2,1 milhões de MWh.

Em relação ao consumo total em toda a área de abrangência da concessionária em Mato Grosso do Sul em 2021, 6,045 MWh, o volume produzido pelas indústrias de etanol e açúcar representou 38,3%.

Segundo a Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), das 17 plantas sucroenergéticas do estado, 11 (64%) estão exportando energia para o Sistema Interligado Nacional (SIN).

Em Mato Grosso do Sul, 11 usinas sucroenergéticas exportam o excedente de energia cogerada para o SIN; — Foto: Anderson Viegas/g1 MS
Em Mato Grosso do Sul, 11 usinas sucroenergéticas exportam o excedente de energia cogerada para o SIN; — Foto: Anderson Viegas/g1 MS

 

Em 2021, do total disponibilizado para o SIN, 830,9 mil MWh passaram pela rede conectada ao sistema da Energisa MS. Esse volume corresponde a 13,7% do consumo na área de abrangência da empresa no estado.

“Vemos de forma positiva o aumento da matriz de energia elétrica em Mato Grosso do Sul. Temos várias usinas termoelétricas em que a principal fonte é a biomassa, como as sucroenergéticas. Isso evidencia o desenvolvimento do estado e contribui para o atendimento das novas demandas, além de gerar emprego e renda. As fontes de biomassa, além disso, são importantes para a descarbonização e sustentabilidade, contribuindo para reduzir a emissão de poluentes”, ressalta o gerente da área de Planejamento e Orçamento da Energisa MS, Antonio Matos.

 

Gerente da área de Planejamento e Orçamento da Energisa MS, Antonio Matos — Foto: Energisa MS/Divulgação
Gerente da área de Planejamento e Orçamento da Energisa MS, Antonio Matos — Foto: Energisa MS/Divulgação

Segundo o presidente do conselho deliberativo da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), Amaury Pekelman, a cogeração de bioeletricidade tem se destacado muito por conta de sua sustentabilidade.

“A bioeletricidade gerada a partir da biomassa da cana traz ganhos ambientais e econômicos. Se trata de uma fonte de energia limpa e renovável que proporciona segurança energética e contribui para a redução das emissões de gases que causam o efeito estufa, reforçando a participação das usinas que operam no estado em programas como o RenovaBio”, ressalta.

 

Pekelman reforçou ainda que a utilização desta fonte de energia estimula a geração de empregos e novos investimentos no estado. Ressaltou também que é uma opção que complementa na matriz a energia produzida pelas hidrelétricas, sendo alternativa no período de pouca chuva, quando os reservatórios destes empreendimentos sofrem com a redução do volume de água.

Outro ponto ressaltado pelo presidente do conselho da Biosul é o da economia com a estrutura de transmissão da energia cogerada pelas usinas sucroenergéticas, já que como elas se localizam mais próximas aos centros consumidores.

Consumo do estado

 

Segundo a Energisa, o segmento residencial é o maior consumidor de energia elétrica em Mato Grosso do Sul. Veja abaixo a distribuição estratificada do consumo na área da concessionária em 2021:

  • Residencial 35%
  • Industrial 23%
  • Comercial 19%
  • Rural 11%
  • Outras Classes 11%

 

Recorde de consumo

 

 

O novo recorde de consumo de energia em Mato Grosso do Sul foi registrado às 22h do dia 15 de fevereiro deste ano, pela Energisa, 1.213 MW. A quantidade superou em 26 MW a máxima histórica anterior. A diferença é suficiente para abastecer toda a região de Aquidauana.

Desse número, 36% do consumo foi de residências, 19% de estabelecimentos comerciais, 24% de locais industriais e 22% de consumo rural e demais classes.

“Esse aumento condiz com o esperado, tendo em vista o crescimento do estado e as altas temperaturas que se apresentam entre setembro e março; logo não há risco de não atendimento a esta demanda, pois todo o nosso sistema elétrico está planejado para uma capacidade bastante superior aos nossos picos históricos”, afirma Fernando Corradi, gerente de Operação da Energisa.

 

Segundo a concessionária, o novo recorde trouxe uma informação que demonstra alteração nos hábitos de consumo no estado.

Em anos anteriores o pico de carga, conforme a Energisa, era próximo às 14h (o recorde anterior foi registrado às 14h30), mas com o crescimento da instalação de painéis solares ocorreu uma alteração dessa elevação de consumo, que foi para o período noturno.

Por Anderson Viegas, g1 MS