Um levantamento feito pelo site Repórter Brasil com dados de empresas de abastecimento de água mostra que, entre 2018 e 2020, laudos apontaram a presença de substâncias químicas ou radioativas, impróprias para consumo, na água em 59 municípios de Goiás. Na soma de todos os estados brasileiros, são 763 cidades. Os laudos usados no estudo foram todos enviados ao Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Siságua), do Ministério da Saúde.
O levantamento dividiu os casos em que houve infração ao limite de segurança em dois tipos: um vermelho mais escuro, que representa a água com substâncias com maiores potencial de gerar doenças crônicas, como câncer; e outro com vermelho mais claro, em que a água apresentou outras substâncias que geram riscos um pouco menores à saúde, embora também sejam nocivas.
No bloco vermelho escuro, são 17 cidades em Goiás: Americano do Brasil, Aloândia, Alvorada do Norte, Amaralina, Aruanã, Chapadão do Céu, Formosa, Luziânia, Maurilândia, Montividiu, Nerópolis, Padre Bernardo, Rio Verde, Rubiataba, São Luís de Montes Belos, São João d’Aliança e Senador Canedo.
Já no segundo nível de risco, são 42: Adelândia, Água Fria de Goiás, Anicuns, Araçu, Alto Paraíso de Goiás, Amorinópolis, Araguapaz, Arenópolis, Arraias, Aurilândia, Baliza, Bela Vista de Goiás, Bom Jesus de Goiás, Brazabrantes, Britânia, Caiapônia, Caturaí, Cavalcante, Córrego do Ouro, Cristalina, Cumari, Edéia, Doverlândia, Firminópolis, Hidrolândia, Iporá, Itajá, Itapirapuã, Itauçu, Ivolândia, Jataí, Jussara, Mimoso de Goiás, Monte Alegre de Goiás, Mozarlândia, Piracanjuba, Planaltina, Porangatu, Posse, Serranópolis, Turvânia e Uruana.
Em Rio Verde, que está na cor mais escura, o Mapa da Água afirma que o município possui “quatro substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer” e “uma substância que também gera riscos à saúde”. Jataí, que também apresenta risco, mas menos grave, tem “uma substância que gera riscos à saúde” na água, segundo o levantamento.
A capital Goiânia, por sua vez, não entrou na lista dos que excederam o limite. Segundo o levantamento, “todas as substâncias estavam dentro do limite de segurança”. Destaca-se: existe uma quantidade considerada segura, conforme especialistas, de doses diárias de substâncias químicas e radioativas para consumo.
Contudo, acima do limite essas substâncias aumentam o risco de câncer, mutações genéticas, problemas hormonais, nos rins, sistema nervoso, fígado, etc
Testes na água
Os testes foram realizados em todo o País – com dinheiro público. Só em Goiás, foram 33.914. Destes, 234 ficaram acima do limite nos últimos três anos.
Vale citar que, dos 5.570 municípios do Brasil, 2.645 não fizeram testes de substâncias químicas e radioativas. Foram 2.161 que realizaram e estavam dentro do limite e 763 que passaram esse limite – quanto mais testa, mais problemas são verificados.
Dessas cidades que apresentaram substâncias impróprias na água acima do limite, 51% indicaram subprodutos do tratamento; 2% radioativos; 5% agrotóxicos; 35% inorgânicos e 7% orgânicos.
Ou seja, segundo a pesquisa, os principais responsáveis pela contaminação da água no Brasil são as substâncias geradas pelo tratamento (51%). São os “subprodutos da desinfecção”, que surgem da interação do cloro com com elementos como algas, esgoto ou agrotóxicos.
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