O cigarro eletrônico ou vape é considerado por especialistas como maléfico à saúde pulmonar, com possibilidade de provocar danos em curto e longo prazos. O produto é de comercialização proibida no Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas ganha novos formatos, cores e ‘sabores’ a cada dia para conquistar, principalmente, os mais jovens. Pneumologistas ressaltam que, apesar de banido no Brasil, o comportamento ganha adeptos entre aqueles que começam a fumar por curiosidade e outros que desejam frear o hábito.
O médico pneumologista Ramiro Dourado ressalta, porém, que engana-se quem pensa que os dispositivos são inofensivos à saúde. Para ele, entre os principais males estão as doenças respiratórias. “O cigarro eletrônico causa desde sintomas leves respiratórios como tosse, falta de ar e dor no peito; até doenças graves como a Evali que pode levar a insuficiência respiratória e morte”, afirma.
O especialista alerta que os riscos apresentados pelo consumo do vaper são iguais ou mais severos que os esperados pelo uso do cigarro tradicional.
“As altas temperaturas que o vapor gerado pelo cigarro eletrônico pode alcançar, o uso da nicotina na sua composição, o uso de diversas substâncias que quando aquecidas geram substâncias cancerígenas, a falta de regulamentação para a produção e comercialização, a falta de estudos sobre os efeitos a longo prazo são alguns dos diversos os fatores que fazem do cigarro eletrônico tão prejudicial à saúde”, explica Dourado.
Consequências a curto e longo prazo
A também pneumologista, Roseliane de Souza Araújo reforça o cuidado que deve se ter em relação as substâncias do cigarro eletrônico.
“O vape e dispositivos eletrônicos utilizam substâncias aromatizantes, na sua maioria, relacionados a corantes e saborizantes artificiais que, quando em contato com a mucosa da via aérea, provocam uma reação inflamatória que pode ser descontrolada e levar a diferentes níveis de lesão pulmonar permanente”, afirma.
Conforme o pneumologista, Ramiro Dourado o ideal é não consumir o produto. “Mas, caso já se encontre com sinais de dependência é preciso procurar o médico para tratar o vício e auxiliar na cessação do tabagismo”, alerta.
O médico destaca que, as consequências do uso do cigarro eletrônico são notadas a curto prazo. “Já dá para perceber o aparecimento de doença como bronquite e Evali, além do risco de dependência da nicotina. A longo prazo, apesar de faltarem estudos, crê-se que esses usuários podem desenvolver doenças respiratórias como enfisema e câncer de pulmão”, completou.
Cigarro eletrônico ajuda a parar de fumar?
Sobre esse tema, os especialistas dizem trocar o eletrônico pelo convencional pode não ser uma boa estratégia. Os cigarros eletrônicos possuem uma quantidade menor de substâncias tóxicas do que os cigarros analógicos. No entanto, eles não são inofensivos, tampouco “saudáveis”. O especialista Ramiro Dourado explica que o usuário do dispositivo eletrônico é considerado tabagista dentro da medicina.
No caso de auxiliar no tratamento contra o vício do cigarro tradicional, o pneumologista reforça que não há orientação nesse sentido. “Não existe recomendação da Sociedade Brasileira de Pneumologia para o uso de cigarro eletrônico no tratamento do tabagismo. Hoje já existem opções terapêuticas seguras, eficazes e disponíveis no SUS para tratar o tabagismo”, conclui.
Para a pneumologista, Roseliane de Souza Araújo todos os dispositivos que utilizam produto do tabaco contêm nicotina e até o momento não existe um cigarro que não faça mal à saúde. “Não recomendamos cigarro eletrônico para parar de fumar. O tabagismo envolve uma série de mecanismos de dependência, seja física, psicológica, comportamental. Ninguém para de fumar fumando”, alerta.
Fonte: Mais Goiás