O principal impulsionador do aumento da produtividade do milho norte-americano nos últimos 15 anos foram as alterações climáticas provocadas pelo aquecimento global, que aumentou a janela de cultivo, diminuindo o tempo de frio e aumentando a época de clima temperado. É o que aponta um novo estudo publicado no PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences), dos Estados Unidos.
O chamado “Cinturão do Milho”, que se estende pela Estendendo-se pela região central dos EUA, é responsável por mais de um terço do milho do mundo e produz 20 vezes mais do que era possível em 1880 em apenas o dobro da área de terra. Grande parte desse aumento se deve à adoção da biotecnologia e da mecanização, bem como a revolução digital nos últimos tempos.
No entanto, é inegável que o clima mais ameno nessa região está potencializando muito o aumento do rendimento do milho norte-americano: cerca de 80 libras adicionais por acre ao ano. Esse novo fator não significa necessariamente boas notícias, alertam os cientistas, porque essas mesmas alterações climáticas estão tornando o mais quente – o que pode alterar as condições no Cinturão do Milho no futuro.
“Teremos que ser muito criativos para manter os rendimentos altos”, afirmou Patricio Grassini, cientista agrícola da Universidade de Nebraska-Lincoln, que foi um dos autores do novo estudo.
Temporadas um pouco mais longas, principalmente na primavera – época crucial em que as plantas florescem –, e períodos mais longos de clima temperado durante o período de “enchimento do kernel”, o tempo após a formação dos grãos, ajudaram os agricultores a aumentar seus rendimentos ao longo dos anos, diz o novo estudo.
Nathan Mueller, pesquisador agrícola da Colorado State University que não esteve envolvido no novo estudo, adverte que as condições climáticas amenas que ajudaram o milho provavelmente não serão permanentes. “Se o clima continuar a aquecer, como esperado, pode chegar em breve um momento em que as condições temperadas se tornem sufocantes, secas e tempestades se intensifiquem e os sistemas climáticos se tornem menos previsíveis, todos os efeitos listados como possibilidades reais” detalha em artigo da National Geographic.