Além das doses pediátricas da Pfizer, a Coronavac vai integrar as fabricantes autorizadas a imunizar as crianças e adolescentes contra a Covid no país. Em Mato Grosso do Sul, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) dispõe de estoque de 13,7 mil doses da Coronavac, que deverá garantir o início imediato da vacinação.
Mato Grosso do Sul tem população de 301.026 crianças com idades entre 5 e 11 anos. Deste público, 11.369 já receberam a primeira dose da vacina pediátrica da Pfizer. O estado já recebeu dois lotes de doses, com 18,3 mil vacinas cada para a imunização dos menores, somando 36,6 mil doses. A expectativa é que a liberação acelere a imunização do grupo. Para isso, é preciso ocorrer apenas a liberação do Ministério da Saúde, que publicará portaria autorizando a vacinação. São exatas 13.730 doses da vacina, pioneira na imunização no país, liberada para uso emergencial desde 17 de janeiro de 2021 e em MS, iniciada a vacinação em 18 de janeiro de 2021.
Vale lembrar que, de acordo com o aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), as doses da Coronavac vacinarão pessoas com idades de 6 a 17 anos – crianças com 5 anos seguirão tomando o imunizante da Pfizer. A liberação da vacina para este público foi unanime, com todos os cinco diretores sendo favoráveis.
Coronavac para crianças e adolescentes
A Anvisa decidiu nesta quinta-feira (20) autorizar a aplicação da vacina CoronaVac em crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos, incluindo um veto ao uso em pessoas com baixa imunidade, os imunossuprimidos.
Conforme o G1, a decisão foi tomada na análise do segundo pedido apresentado pelo Instituto Butantan para liberação do imunizante contra a Covid para crianças. O Butantan buscava licença para imunizar a faixa a partir de 3 anos, mas a agência optou por aguardar até que mais estudos sejam apresentados sobre crianças abaixo dos 6.
O primeiro pedido do Butantan foi enviado em julho de 2021 e foi negado porque os dados dos estudos apresentados naquele momento foram considerados insuficientes. A segunda solicitação foi protocolada em dezembro e, desde então, Anvisa e Butantan realizaram uma sequência de reuniões e mais de 10 estudos sobre o imunizante foram entregues para a agência.
A CoronaVac já é usada ou foi autorizada em crianças de diferentes faixas etárias em pelo menos seis países e em Hong Kong:
- Camboja: começou a vacinar crianças a partir dos 5 anos em novembro
- Chile: aprovada para crianças a partir dos 3 anos em setembro
- China: já começou a aplicar a vacina em crianças a partir dos 3 anos
- Colômbia: começou a aplicar a vacina em crianças de 3 a 11 anos em 31 de outubro
- Equador: aprovada para crianças de 5 a 11 anos em outubro
- Hong Kong: aprovada para crianças a partir dos 3 anos em novembro. A previsão era de que crianças a partir de 5 anos começassem a ser vacinadas nesta semana
- Indonésia: começou a aplicar a vacina em crianças de 6 a 11 anos em dezembro; já vacinava adolescentes de 12 a 17 anos
Idade e baixa imunidade
A mudança na faixa etária e a restrição ao uso em pessoas com baixa imunidade foi defendida na análise de Gustavo Mendes, gerente de medicamentos da Anvisa.
“Por que 6 a 17 anos? Porque são os dados que nós temos com maior informação e maior sugestão de desempenho. Esses dados são do Chile, dos estudos de efetividade do Chile. Isso também é corroborado pelos pareceres das sociedades médicas”, disse o gerente de medicamentos.
Ao sugerir o veto ao uso em imunossuprimidos, Mendes não apontou risco de efeitos adversos, mas sinalizou que essas crianças têm condição de saúde diferente que exige uma proteção ainda maior.
“As crianças imunocomprometidas precisam de uma atenção especial, principalmente no que diz respeito à eficácia. (…) O estudo do Chile não tem essa divisão, não dá para saber o impacto disso nas doses aprovadas .Com os dados que temos no momento ainda não temos certeza de que a CoronaVac vai garantir a proteção mínima necessária para esse publico”, complementou Gustavo Mendes.
Crianças e adolescentes imunossuprimidos têm como alternativa a vacina da Pfizer, aprovada sem restrição de público para a partir dos 5 anos.
Sem necessidade de receita médica em MS
O Governo de Mato Grosso do Sul autorizou os municípios a vacinar crianças entre 5 e 11 anos sem a necessidade de receita médica. A exigência é que apenas os pais ou responsáveis — com o documento da criança — compareçam com elas nos postos de vacinação do SUS (Sistema Único de Saúde).
Conforme Resende, no momento da vacinação, o adulto responsável deverá estar com documentos de identificação da criança, como a carteira de vacinação e a certidão de nascimento ou documento de identidade, por exemplo. No último dia 27 de dezembro, conforme apurou a reportagem, houve uma reunião com representantes dos 79 municípios — em convocação extraordinária — para discutir a questão. Dessa forma, o que antes era apenas uma opinião do secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, foi discutido e referendado na CIB (Comissão Intergestores Bipartite).
A Pfizer pediátrica
A autorização concedida pela Anvisa veio após análise técnica criteriosa de dados e estudos clínicos conduzidos por laboratório. Segundo a equipe técnica da Agência, as informações avaliadas indicam que a vacina é segura e eficaz para o público infantil, conforme solicitado pela Pfizer e autorizado pela Anvisa.
*Midiamax – Mariane Chianezi