Decreto de emergência do governo ajuda produtores rurais a reduzir prejuízos em função da estiagem

O decreto de situação de emergência nas 79 cidades do Estado, em função de seca e estiagem, está ajudando os produtores rurais a reduzir prejuízos nas lavouras e granjas, pois serve de ferramenta para que possam acionar o seguro agrícola e renegociar parcelas de financiamento. A ação do governo é elogiada e comemorada pelos produtores.

Nesta semana o governador Reinaldo Azambuja reuniu-se com os presidentes da Famasul,  Marcelo Bertoni, e da Aprosoja, André Dobashi, onde diante deste quadro preocupante decidiu reconhecer a situação de emergência.

“Este monitoramento é feito desde dezembro sobre a seca prolongada no Estado, por esta razão fizemos este decreto, que vai ajudar muito o setor produtivo, que está tendo grandes prejuízos. Assim o produtor poderá acionar o seguro, buscar ampliação do pagamento de suas dívidas, abrindo a oportunidade de alguma renegociação. Ainda facilita para que o poder público possa auxiliar nesta dificuldade da escassez de água nas propriedades”, disse o governador.

Na região de Dourados, o agricultor João Merlo, de 68 anos, contou que terá uma perda de 50% da lavoura prevista de soja, em função da falta de chuva nos últimos meses.

“Comparando com o ano passado, nesta lavoura tivemos um tempo mais quente e sem chuvas, por isso teremos uma perda em volta de 50% da produção (soja). Este decreto do governador é importante para reconhecer esta situação (estiagem) e assim podemos correr atrás do seguro e outros termos legais”, destacou.

Ele destacou que o grande objetivo dele é “produzir em fartura” e não precisar recorrer a estas outras ferramentas burocráticas. “Fazemos tudo certo, plantamos na época correta, temos todos os cuidados necessários na lavoura, mas não podemos fazer chover. Por isso é importante este apoio do governo”.

Merlo disse que está fazendo a avaliação geral das perdas em sua propriedade. “Trabalho desde criança na lavoura, há 35 anos com soja, é se trata de uma cultura resistente, mas que precisa de umidade. Plantamos a várzea em setembro e o espigão em outubro”. Ele já faz o levantamento dos prejuízos para acionar o seguro agrícola.

O agrônomo e consultor agrícola, Haroldo Pradella, destacou que na região de Dourados em função da estiagem a soja está madurando 20 dias antes da época adequada. “Uma lavoura que tinha potencial para 60 ou 70 sacas por hectare, hoje vai produzir em torno de 30 ou 35. Prejuízo por volta de 50%”.

Ainda destacou que o decreto de emergência é uma ferramenta importante neste momento. “Isto fortalece e ajuda o produtor na hora de buscar o contato com as seguradoras em função das perdas, assim como a negociação com os agentes financeiros, nos casos em que o produtor não consegue honrar seus compromissos e precisa renegociar”.

Também citou que o mês de dezembro foi o pior mês para a produção de soja deste ano, já que teve temperaturas altas prolongadas, com poucas chuvas. “Sem umidade a planta não aguenta. Se o tempo melhorar o produtor pode recuperar uma parte (produção), mas apenas de forma parcial, os plantios de setembro são os mais afetados”.

Decisão correta

Para o presidente do Sindicato Rural de Douradina, Cláudio Pradella, o Governo do Estado agiu na hora certa ao decretar situação de emergência. “Fez o que era correto, já que a situação estava ficando precária. Já temos lavoura com quase 100% perdida e outras com perdas pela metade. O decreto é bem-vindo, pois temos que nos apegar a alguns recursos legais para sobreviver. A agricultura precisa deste apoio”.

Ele ponderou que chegou muitas reclamações dos produtores no final de 2021, devido esta situação. “A queixa é geral, porque se planta a lavoura de forma correta, mas falta o principal que é a chuva. Aqui a maior parte da produção é de soja, e infelizmente foi um péssimo fim de ano, pois sem chuvas foi um desespero”.

O presidente da Aprosoja-MS (Associação Brasileira dos Produtores de Soja), André Dobashi, destacou que a safra de soja do Estado está em período de enchimento de grãos, e que já se percebe que nos municípios de solo arenoso, onde a semeadura foi feita de forma antecipada, já tem uma produtividade prejudicada. “Alguns até já tem produtividade zero. Vamos a campo fazer este levantamento in loco, para apresentar a real situação deste impacto da seca na produção”.

Leonardo Rocha, Subcom
Foto: Saul Schramm