Medida para garantir abastecimento interno pode impactar no Brasil
Depois da China foi a vez da Rússia anunciar que vai limitar as exportações de fertilizantes por um período de pelo menos seis meses. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro Mikhail Mishustin, na quarta-feira (3) e vale a partir de dezembro.
A medida e justificada como forma de garantir o abastecimento interno e proteger os agricultores locais. “Para evitar uma escassez de fertilizantes, reflexo da alta de preços do gás natural e, portanto, um aumento de preços dos alimentos na Rússia, o governo está temporariamente restringindo a exportação de fertilizantes nitrogenados e compostos à base de nitrogênio, por instrução do presidente”, disse o primeiro-ministro, segundo a nota divulgada no site do governo.
O país vai impor cotas para as exportações de fertilizantes complexos em 5,35 milhões de toneladas e de nitrogenados em 5,9 milhões. A restrição deve impactar diretamente no Brasil, que compra alto volume dos russos, especialmente cloreto de potássio. De janeiro a setembro foram importadas 2,62 milhões de toneladas de KCl russo, ou 29% do total que chegou aos portos nacionais.
Segundo análise da consultoria americana StoneX, em boletim divulgado aos clientes, o maior impacto para o Brasil ocorrerá na importação de nitrogenados, sobretudo a de nitrato de amônio (NAM), já que os russos são o único fornecedor brasileiro desse insumo, sendo resposnáveis por 98%. “Avaliando as estatísticas de exportações russas, concluímos que a medida repercutirá em redução média de 8% na oferta de nitrogenados do país [para o mercado global] e de 3,5% na de fosfatados formulações complexas”, informou a consultoria StoneX. O Brasil importa da Rússia cerca de 20% dos nitrogenados, sendo somente de ureia 1,07 milhão de toneladas.
Agrolink –Eliza Maliszewski