A Polícia Militar e a Polícia Rodoviaria Federal (PRF) realizaram uma operação conjunta e desmantelaram uma quadrilha de assalto a bancos de alta periculosidade, conhecida como “novo cangaço”, em Varginha, no Sul de Minas Gerais, neste domingo (31). Vinte e cinco criminosos morreram em confronto com as polícias durante a operação, e vários ficaram feridos.
O confronto ocorreu em duas chácaras da cidade. Na primeira, 18 criminosos, foram mortos quando atacaram os policiais. Na segunda chácara, foram sete mortos. O grupo estava armado com um arsenal de guerra, explosivos e coletes a prova de balas.
“Posso adiantar que esta é a maior operação referente ao ‘novo cangaço’ no país. Muitos infratores fariam um roubo a banco, provavelmente na data de amanhã ou hoje, e foram surpreendidos pelo nosso serviço de inteligência integrado com a PRF. Foi uma ação conjunta que resultou na apreensão de um grande armamento, além de explosivos e coletes à prova de balas que eram utilizado por esses infratores” informou a capitão Layla Brunela, porta-voz da PMMG.
Uma coletiva de imprensa será realizada em Varginha, ainda neste domingo, para repassar mais informações sobre a operação. “O que temos até agora é que houve essa grande apreensão e vários criminosos estão sendo socorridos e, assim que eu chegar a Varginha, eu repassarei detalhes dessa operação” conclui a capitão.
Quadrilha estava com grande arsenal de armas de alto calibre e explosivos
A PRF informou, por meio de nota, que “a quadrilha possuía um verdadeiro arsenal de guerra sendo apreendidos fuzis, metralhadoras ponto 50, explosivos e coletes à prova de balas, além de vários veículos roubados. Foram arrecadados ainda diversos “miguelitos” (objetos perfurantes feitos com pregos retorcidos usados para furar os pneus das viaturas policiais)”.
Vídeo: em Varginha, bandidos mortos tinham arma antitanque, fuzis e explosivos
Dentre o armamento apreendido está uma arma de calibre .50, utilizada pelas forças armadas. “Ela tem uma munição antitanque de alta energia. Nossos policiais correram muito risco de morte por conta desses infratores. Graças a Deus uma ação de inteligência em sintonia da PM com a PRF, uma ação muito importante que mostra a sinergia no estado de Minas fazendo com que esse arsenal fosse apreendido e os policiais que trocaram tiros numa posição privilegiada mantendo-se incólumes, isso é uma notícia importantíssima”, afirmou o tenente-coronel Flávio Santiago, chefe da assessoria da PMMG.
Grupo tinha uniformes e estava com galões de gasolina
A quadrilha tinha também uniformes, carregadores das armas prontos para o crime e estavam com uma série de galões de gasolina. O arsenal de armas apreendido com os criminosos está sendo contabilizado.
“Eles tinham uniformes e vestimentas próprias que seriam utilizadas por esses infratores, coletes balísticos, joelheiras, coturnos, até mesmo algumas roupas camufladas. Os carregadores das armas, todos já municiados e em condições de resposta, foram apreendidos desta maneira. Armamentos de todos os calibres, fuzis, escopetas calibres .12, miguelitos que são usados para poder furar o pneu de viaturas, vários galões de combustível, explosivos e tem material chegando a todo tempo”, informou a porta-voz da Polícia Militar, capitão Layla Brunela.
Segundo ela, a polícia não comemora as mortes e a ação foi pela segurança dos militares. “Um arsenal bélico capaz de fazer frente às nossas guarnições, (eles) entraram em confronto com nossos policiais militares e tiveram a resposta devida. Queremos evitar de toda maneira o confronto, não vamos comemorar nenhuma morte, não é a intenção da Polícia Militar, nem da Polícia Rodoviária Federal, mas uma ação precisa do trabalho conjunto das polícias. Ações como essa sempre serão pautadas dentro da legalidade e aqui só fizemos responder o risco que nossos policiais militares sofreram”, complementou a capitão.
Nenhum policial e nenhum civil ficaram feridos na ação. “Graças a Deus, os policiais passam bem e por uma ação de inteligência junto com a PRF. Não é à toa que Minas Gerais é o Estado mais seguro do Brasil”, conclui o tenente-coronel.
Polícia Civil vai investigar caso
A Polícia Civil informou que uma equipe está deslocando para a cidade de Varginha para realizar os trabalhos de perícia e dar apoio à investigação. Mais informações serão repassadas em momento oportuno.
‘Novo cangaço’: entenda o que é o crime que mobilizou a PM em Varginha
O “novo cangaço” é um grupo especializado em assalto a bancos que usa armamento com potencial de guerra e provoca terror em cidades do interior de Minas Gerais com tiroteios e confrontos com a Polícia Militar. Os assaltos acontecem geralmente no Sul de Minas Gerais.
Os principais “cabeças” desses crimes são de São Paulo e alguns tem ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). O Estado mineiro é rota dessas quadrilhas que agem principalmente no Sul de Minas e também no Triângulo Mineiro que fazem limites com o estado paulista.
Nos últimos quatro anos, esse tipo de crime caiu 92% em Minas, segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG). Os números mostram que, de janeiro a junho deste ano, aconteceram quatro ataques a bancos com explosivos. No mesmo período de 2016, houve 157. E, naquele ano todo, foram 252.Em 2018 foi criada uma Delegacia Especializada em Investigação e Repressão ao Roubo a Banco.
Em 2017 um policial militar e um vigia foram mortos em um assalto a banco em Santa Margarida, na Zona da Mata. Os criminosos chegaram à cidade fortemente armados.
Policial e vigilantes são mortos em Santa Margarida
Cerca de 30 homens assaltaram os bancos do Brasil e da Sicoob em Santa Margarida, na Zona da Mata de Minas Gerais, em julho de 2017. Os criminosos assassinaram o cabo Marcos Marques da Silva, de 36 anos, que cruzou com eles em uma esquina. Eles também mataram o vigilante do Banco do Brasil, Leonardo José Mendes, de 53 anos, que foi atingido com tiros na cabeça, mesmo tentando se render. Os criminosos estavam fortemente armados e em caminhonetes.
Homens cobertos com máscaras de palhaços e com coletes a prova de balas invadem Itamonte
Um grupo com, pelo menos, 20 suspeitos fortemente armados, usando máscaras de palhaço e coletes a prova de balas invadiram a cidade de Itamonte, no Sul de Minas Gerais, em 2014 e provocaram um terror no local. Em confronto com a PM, nove bandidos morreram. Todos eram suspeitos de assaltos em outras cidades do Sul de Minas.
Quadrilha explode caixas eletrônicos e leva terror a Jacuí, no Sul de Minas
Oito suspeitos de explodirem caixas eletrônicos levaram terror à cidade de Jacuí, no Sul de Minas Gerais, no dia 8 de abril deste ano. Eles circularam pela cidade com metralhadoras dando tiros para o alto e trocaram disparos com militares. Um suspeito morreu.
De acordo com a Polícia Militar, os criminosos chegaram à cidade em dois carros, um veículo foi para frente de uma agência do Banco do Brasil e o outro ficou próximo ao quartel da polícia. Eles usaram dinamite para explodir os caixas e, logo após o crime, saíram atirando pela cidade na tentativa de intimidar os policiais.
Três criminosos morrem em Brumadinho
Com mais de três quilômetros de extensão, a rua Presidente Vargas, no centro de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, concentra oito agências bancárias de sete bancos diferentes. E foi justamente nessa via que aconteceu a explosão da Caixa Econômica Federal, no dia 14 de agosto deste ano. Três dos suspeitos morreram no tiroteio com os militares, em frente à agência bancária. Durante a tentativa de fuga, dois criminosos invadiram uma casa, que fica a cerca de 500 metros do banco e fizeram uma família de refém – pai, mãe e filha –.
Em São Paulo
Sete integrantes do Novo Cangaço são mortos em Campinas
No dia 18 de março de 2018, a Polícia Militar de São Paulo matou sete suspeitos de integrarem uma quadrilha do novo cangaço que em Campinas, interior do Estado. Os suspeitos foram interceptados em uma estrada e não acataram a ordem de parada. Eles trocaram tiros com a polícia. O grupo pretendia cometer um assalto em Joanópolis, também no interior do Estado.
Araçatuba vive terror com ataque de grupo
Homens fortemente armados invadiram e atacaram pelo menos três agências bancárias do centro de Araçatuba em agosto deste ano. Um homem teve a perna amputada após passar de bicicleta próximo a um artefato explosivo. Dois suspeitos foram detidos. A quadrilha tinha cerca de 15 integrantes e provocou terror na cidade.
O Tempo