Imagens feitas por uma moradora de Aruanã, no oeste de Goiás, mostram o Rio do Peixe, que é afluente do Rio Araguaia, muito seco, já com vários barrancos de areia, e a água batendo apenas nos calcanhares da mulher. Ela atravessa o leito de uma ponta a outra a pé.
Segundo o delegado Luziano de Carvalho, chefe da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), a gravação chegou à corporação na sexta-feira (24), mas retrata um problema que vem se agravando gradativamente ao longo dos anos.
“O Rio do Peixe está caminhando para isso há muito tempo. […] Há 27 anos já falava que o Araguaia iria secar e o pessoal está assustando agora com os afluentes”, alertou Luziano.
Outras imagens que assustam foram feitas nos últimos quatro meses pela Dema e mostram lagos em Montes Claros e Paraúna. No primeiro, é possível ver gado no local onde havia água. Já o segundo mostra um lago que foi drenado e se tornou uma grande área de terra e areia.
“Os drenos são feitos para secar a área. Produtores rurais drenam lagos, por exemplo, para fazer área de pastagem, mas não é lugar disso! É lugar de água! Desse jeito, estamos destruindo o ecossistema”, lembrou.
Ainda de acordo com ele, há investigações em andamento para identificar e punir os responsáveis por crimes ambientais, além de forte trabalho de conscientização. No entanto, Luziano observa que, apesar dos esforços, a destruição tem sido mais rápida e maior do que os agentes conseguem prevenir e reparar.
“Nós fizemos um trabalho no Rio Araguaia com a população, os produtores, recuperamos dezenas de nascentes, mas o ‘grito’ [trabalho de recuperação] não consegue ser do tamanho da ganância, ela fala mais alto”, ponderou.
O delegado também disse que pediu laudos periciais que mostrem a relação de causa e consequência entre a drenagem de água para criação de pasto e danos permanentes no meio ambiente.
“O dreno de nascentes e lagos causa o rebaixamento do lençol freático. Temos laudos que mostram isso. O que temos que fazer para recuperar? Alguns apontam danos irreversíveis, mas eu não concordo. Acredito que a natureza pode ser melhor avaliada”, completou.
Ainda de acordo com Luziano, os inquéritos podem responsabilizar até 20 fazendeiros com propriedades na região do Rio Araguaia.
Por Vanessa Martins, g1 Goiás