Em 2020, o valor da produção agrícola do país atingiu R$ 470,5 bilhões, 30,4% maior que em 2019. A área plantada totalizou 83,4 milhões de hectares, 2,7% superior à do ano anterior. A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas chegou a 255,4 milhões de toneladas, 5,0% maior que a de 2019. Essas três variáveis foram recordes da série histórica da Produção Agrícola Municipal (PAM), que investiga os principais produtos agrícolas em todos os municípios do país desde 1974.
Juntos, os 50 municípios com os maiores valores de produção agrícola geraram R$ 106,9 bilhões, ou 22,7% do valor total da produção agrícola do país. Vinte deles eram de Mato Grosso, seis da Bahia e seis de Mato Grosso do Sul. Sorriso (MT) manteve a liderança, com R$ 5,3 bilhões, ou 1,1% do valor nacional. A seguir, vieram São Desidério (BA), com R$ 4,6 bilhões, e Sapezal (MT) com R$ 4,3 bilhões.
Entre as culturas agrícolas que mais contribuíram para o recorde da safra 2020 está a soja, com produção de 121,8 milhões de toneladas, gerando R$ 169,1 bilhões, ou 35,0% acima do valor da safra de soja 2019.
A produção de milho cresceu 2,8%, um novo recorde, chegando a 104,0 milhões de toneladas, que geraram R$ 73,949 bilhões, 55,4% a mais do que em 2019. Pela primeira vez desde 2008, o valor de produção do milho superou o da cana de açúcar (R$ 60,8 bilhões).
A safra de café teve forte recuperação frente a 2019, com alta de 54,4% no valor da produção (R$ 27,3 bilhões). Líder do ranking mundial, a produção brasileira de café cresceu 22,9% e somou 3,7 milhões de toneladas em 2020.
MT concentra 20 dos 50 municípios com os maiores valores de produção agrícola
Em 2020, os 50 municípios com os maiores valores da produção agrícola geraram R$ 106,9 bilhões, ou 22,7% do total do país. Destes, 20 pertenciam a Mato Grosso. A Bahia e Mato Grosso do Sul, com seis municípios cada, figuraram na sequência.
O município com o maior valor da produção agrícola foi, novamente, Sorriso (MT): R$ 5,3 bilhões, ou 1,1% do total nacional, com alta de 35,5% ante 2019. Sorriso gerou R$ 1,9 bilhão com a produção de milho, 58,3% a mais que em 2019, R$ 2,8 bilhões com a produção de soja (29,1% a mais) e R$ 454,1 milhões na produção de algodão herbáceo (em caroço).
São Desidério (BA) veio em segundo, com R$ 4,6 bilhões em valor da produção agrícola, alta de 44,6% no ano. Esse município tem o terceiro maior valor de produção de soja no país (R$ 2,5 bilhões), com alta de 76,2% no ano. O algodão, mesmo com retração na produção, gerou R$ 1,6 bilhão, o segundo maior valor entre os municípios produtores de algodão do País.
Na terceira posição no ranking de valor da produção agrícola ficou Sapezal (MT), totalizando R$ 4,3 bilhões, com alta de 26,7% no ano. As principais culturais locais são: algodão, soja, milho e feijão. O algodão herbáceo totalizou 990,2 mil toneladas, com alta de 10,7%, gerando um valor da produção recorde de R$ 2,3 bilhões. Já a produção de soja cresceu 8,0%, chegando a 1,3 milhão de toneladas e colocando o município na nona posição nacional em valor da produção desta leguminosa (R$ 1,5 bilhão).
O recorde de R$ 470,5 bilhões do valor da produção da safra 2020 foi influenciado pela elevada demanda do mercado internacional e pelo câmbio favorável às exportações, colaborando para que houvesse ampliação das áreas plantadas de soja, milho e algodão, mandioca e feijão, bem como maiores investimentos nos cultivos agrícolas. A estiagem severa no início do ano, no Rio Grande do Sul, derrubou a produtividade das lavouras de soja, milho, trigo e outros, mas as condições climáticas foram bastante favoráveis no restante do país.
A área plantada totalizou 83,4 milhões de hectares, com alta de 2,7% frente a 2019. Houve alta de 3,5% na área cultivada com soja, de 3,2% na do milho e de 14,9% na do trigo. Já a área cultivada da cana-de-açúcar recuou 0,9%.
As 10 culturas com maior valor bruto de produção concentraram 85,7% do valor total gerado pela atividade agrícola. Em 2020, o valor gerado pela soja cresceu 35,0%, totalizando R$ 169,1 bilhões, mantendo a liderança no ranking. O milho, pela primeira vez desde 2008, passou para a segunda colocação, à frente da cana-de-açúcar. E o arroz, em decorrência da alta de preços, saltou para a sexta posição do ranking em valor de produção. Já o feijão subiu para o oitavo lugar, à frente da banana. O café é o quarto produto em valor de produção.
Nos últimos 25 anos, o rendimento médio da soja subiu quase 50%, passando de 2.199 quilos por hectare em 1995 para 3.275 kg/ha em 2020. Já a produção de milho cresceu 387,0% no período, atingindo o segundo maior valor de produção entre os produtos agrícolas, graças à alta no rendimento médio, que mais do que triplicou, chegando a 5.695 kg/ha em 2020.
Já a cana-de-açúcar, apesar da redução (0,9%) na área cultivada em 2020, mais que dobrou sua área de cultivo nos últimos 25 anos, permitindo um aumento de 188,2% no volume produzido. O aumento da procura por carros flex e a ampliação da participação do país no mercado mundial de açúcar tiveram forte influência no crescimento dessa cultura.
Valor gerado pela safra de grãos bate novo recorde, atingindo R$ 295,7 bilhões
A safra do grupo dos cereais, leguminosas e oleaginosas de 2020 (255,4 milhões de toneladas) consolidou-se como a maior registrada em toda a série histórica da PAM, que começa em 1974. As condições climáticas favoráveis, que elevaram o rendimento médio de boa parte das culturas, somadas ao aumento das áreas de cultivo, possibilitaram a nova marca: 5,0% superior ao volume colhido no ano de 2019, que já havia sido recorde.
Os principais responsáveis por esse acréscimo foram a soja, com acréscimo de 7,5 milhões de toneladas; o milho, com incremento de 2,8 milhões de toneladas, e o arroz, com ganho de 722,4 mil toneladas. Apenas girassol, aveia, cevada e centeio registraram queda na produção.
O valor gerado com a produção de grãos cresceu 39,3%, atingindo novo recorde de R$ 295,7 bilhões, influenciado principalmente pelos elevados preços das principais commodities agrícolas no mercado internacional. A soja compôs 57,2% do valor total da produção deste grupo.
O Mato Grosso foi o maior produtor de cereais, leguminosas e oleaginosas do País, seguido por Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.
Soja – A produção de soja do país, líder mundial desde 2019, bateu novo recorde em 2020: foram 121,8 milhões de toneladas, 6,5% acima do ano anterior, totalizando R$ 169,1 bilhões, 35,0% a mais do que em 2019.
A safra começou com atraso no plantio, por conta da falta de chuvas no período ideal de semeadura, mas as boas condições climáticas ao longo do desenvolvimento das lavouras favoreceram a cultura, que apresentou um incremento de 2,8% em rendimento médio.
Apenas o Rio Grande do Sul, que era o segundo maior produtor de soja em 2019, apresentou expressiva queda de produtividade (-40,6% no rendimento médio). Mas essas perdas foram amenizadas por mais um ano de crescimento no Mato Grosso (8,8%, totalizando 35,1 milhões de toneladas), o maior produtor nacional, e o Paraná (27,7%, totalizando 20,9 milhões de toneladas), que voltou a ser o segundo maior produtor.
Milho – A produção nacional de milho em 2020 foi recorde na série histórica, chegando a 104,0 milhões de toneladas, com alta de 2,8% ante 2019.
Com preços elevados, os produtores apostaram no cultivo das áreas de milho e soja na safra de verão. Desta forma, a constante queda na área plantada do milho 1ª safra foi estabilizada em 2020, mantendo-se em 4,9 milhões de hectares. Por sua vez, a 2ª safra de milho, com participação de 74,4% na produção total, teve um aumento de 3,0% na produção.
Mato Grosso seguiu em primeiro lugar na produção de milho, com 33,7 milhões de toneladas, quase totalidade colhida durante a 2ª safra, e valor da produção de R$ 19,1 bilhões (alta de 61,6%). Já o Paraná figurou em segundo lugar, com 15,8 milhões de toneladas e valor da produção de R$ 12,6 bilhões (alta de 55,8%). Goiás, na terceira posição, produziu 11,8 milhões de toneladas com valor de R$ 7,6 bilhões (alta de 34,1%).
Sorriso (MT) foi líder dessa cultura no País, com 3,2 milhões de toneladas, seguido por Rio Verde (GO), com 2,2 milhões de toneladas, e Nova Ubiratã (MT), 2,1 milhões de toneladas.
Algodão herbáceo (em caroço) – Em 2020, a produção de algodão herbáceo bateu novo recorde (7,1 milhões de toneladas) com alta de 2,6%. O Brasil segue como quarto maior produtor mundial da fibra e segundo maior exportador, apenas atrás dos Estados Unidos. Com a alta de preços, o valor da produção subiu 19,6% e atingiu R$19,1 bilhões. Com 89,0% da área plantada, Mato Grosso e Bahia lideram a produção de algodão, com valores de produção de R$ 12,8 bilhões (alta de 23,1%) e R$ 4,4 bilhões (alta de 16,3%), respectivamente.
Arroz e feijão – Em 2020, os preços dessa dupla variaram bastante com o isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19, que gerou aumento de consumo e estocagem.
O preço do arroz teve alta recorde entre o segundo e terceiro trimestre do ano. A alta do dólar contribuiu. A produção ficou estável, mas o valor de produção cresceu 32,7%, gerando R$ 11,6 bilhões. O Rio Grande do Sul respondeu por 69,9% da produção nacional de arroz, com 7,8 milhões de toneladas, seguido por Santa Catarina, com 1,2 milhão de toneladas.
O feijão teve alta semelhante de preços e gerou R$ 10,8 bilhões em valor de produção (alta de 44,2%) das suas 3,0 milhões de toneladas (4,4% a mais que 2019). O Paraná, mesmo com queda de 1,8% na produção, continua o principal produtor de feijão do País, totalizando 624,6 mil toneladas, seguido por Minas Gerais, com 553,1 mil toneladas.
Trigo – 2020 foi marcado pela alta de 15,7% na área cultivada do trigo, que totalizou 2,4 milhões de hectares. Com isso, a produção cresceu 13,5%, chegando a 6,3 milhões de toneladas. O valor de produção cresceu 67,0%, chegando a R$ 6,8 bilhões. O Paraná, maior produtor de trigo do país, teve alta de 30,0% na produção, que chegou a 3,1 milhões de toneladas. O Rio Grande do Sul (2,1 milhões de toneladas) veio a seguir.
Café – O Brasil segue como maior produtor de café do mundo. 2020 foi de bienalidade positiva, mas o clima não foi tão favorável quanto o observado em 2018, último ano de safra cheia. A produção cresceu 22,9%, chegando a 3,7 milhões de toneladas, e o valor de produção subiu 54,4%, somando R$ 27,3 bilhões, graças aos preços no comércio internacional. Do total de café produzido, 76,5%, ou 2,8 milhões de toneladas, era do tipo arábica, com valor de produção de R$ 22,6 bilhões, alta de 66,3% frente a 2019.
Minas Gerais foi responsável por 72,2% de todo o café arábica produzido no país, ao alcançar 2,0 milhões de toneladas, crescimento de 38,3% em relação a 2019. O valor da produção de café arábica no estado foi de R$ 16,5 bilhões. São Paulo, segundo maior produtor de café arábica, a produção cresceu 18,18%, chegando a 344,6 mil toneladas e a R$ 2,9 bilhões.
dados IBGE