No dia do Cerrado entenda porque o segundo maior bioma da América do Sul corre risco de extinção

No dia 11 de setembro é comemorado o Dia Nacional do Cerrado. O objetivo dessa data, instituída desde 2003 é conscientizar a população sobre a importância da conservação do cerrado, que é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de aproximadamente 2.050.00 km2. Cerca de 22% do território nacional. O Cerrado, em área contínua, percorre por 11 estados brasileiros, inclusive em Goiás e o Distrito Federal.

Mais de 220 espécies da flora têm uso medicinal e mais 416 podem ser usadas na recuperação de solos degradados, como barreiras contra o vento, proteção contra a erosão, ou para criar habitat de predadores naturais de pragas. Mais de 10 tipos de frutos comestíveis são regularmente consumidos pela população local e vendidos nos centros urbanos, como os frutos do Pequi, Buriti, Mangaba, Cagaita, Bacupari, Cajuzinho do cerrado, Araticum e as sementes do Barú.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, do ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas. A fauna tem aproximadamente 199 espécies de mamíferos conhecidas, a avifauna compreende cerca de 837 espécies e os números de peixes (1200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios, são animais vertebrados que vivem entre o meio aquático e o ambiente terrestre, como o sapo (150 espécies) são elevados. De acordo com estimativas recentes, o Cerrado é o refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos.

Além dos aspectos ambientais, o Cerrado tem grande importância social. Muitas populações sobrevivem dos recursos naturais produzidos por esse bioma, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras, vazanteiros. Juntas, essas comunidades fazem parte do patrimônio histórico e cultural brasileiro, que detêm um conhecimento tradicional de sua biodiversidade.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, apesar do reconhecimento da importância biológica do Cerrado, de todos os hotspots mundiais (lugares que apresentam uma grande riqueza natural e uma elevada biodiversidade, mas que, no entanto, encontram-se ameaçados de extinção ou que passam por um corrente processo de degradação), esse bioma é o que possui a menor porcentagem de áreas sobre proteção.

Gato do mato. Animal comum no cerrado.
Legado Verdes do Cerrado. Crédito: Luciano Candisani.

Para o diretor da Reservas Votorantim, David Canassa, especialista em Sustentabilidade, Gestão de Empresas e Meio Ambiente, o dia 11 de setembro é um marco fundamental para se mostrar a importância de conhecer as conservas do Cerrado.

“A biodiversidade do Cerrado ainda precisa ser mais conhecida pela população brasileira. Muitas pessoas não tiveram a oportunidade de ter acesso às espécies mais comuns de plantas e animais nativos. Embora tenhamos a atenção muito mais voltada para a preservação da Amazônia, principalmente por conta das mudanças climáticas, temos que ter consciência de que o Cerrado é visto como o “celeiro do mundo” e a “caixa d’água” do Brasil. O Cerrado, por sua localização geográfica central, representa um elo entre os diversos biomas brasileiros, o que gera influências na biodiversidade e no clima do país”, afirmou.

O gestor ambientalista acredita que a reprodução de mudas pode ajudar na conservação das espécies ameaçadas do Cerrado. “Esse é o motivo pelo qual criamos o Centro de Biodiversidade do Legado Verdes do Cerrado, que tem capacidade para 200 mil plantas. No local são cultivadas 50 espécies diferentes, entre elas, aroeira, angico, baru, canela-de-ema, pitomba, guariroba, pequi e ipê. As plantas produzidas atendem à demanda de parceiros da Reserva, instituições e proprietários rurais, além de prefeituras em projetos de recuperação da flora e paisagismo urbano. O Legado conta também com um banco de sementes que reúne 2,9 milhões de amostras de 30 espécies para projetos de recuperação de nascentes e reflorestamento do Cerrado”, concluiu.

DM.com.br

Steffany Pouso