Além de medidas de biosseguridade, especialistas destacam coleta adequada de amostras para sucesso do diagnóstico da doença, que tem alta morbidade.
Com presença em diversos países, a Influenza Suína é endêmica e motivo de preocupação nos grandes produtores de suínos, como Brasil, Estados Unidos, Rússia e China. “Sua ocorrência resulta de uma série de fatores, com destaque para o ambiente e a genética. A fácil propagação merece alerta o ano todo, mas principalmente em momentos de queda das temperatura como o atual, quando os registros de casos crescem vertiginosamente”, informa Danielle Gava, médica veterinária da Embrapa, em apresentação durante webinar da Biomin sobre o tema.
Segundo Danielle Gava, entender a estrutura do vírus e realizar o correto diagnóstico é fundamental para o controle da doença, assim as medidas adequadas podem ser implantadas a tempo, além de ser mais eficazes. “Duas proteínas são importantes para o modo de ação da Influenza: a hemaglutinina e a neuraminidase. A primeira está situada na camada mais externa do vírus, o envelope, e é responsável pelo reconhecimento e ligação do vírus às células do sistema respiratório. Enquanto isso, a neuraminidase remove o ácido da célula e permite que o vírus recém-sintetizado consiga invadir a próxima célula. Por isso, ela também faz parte do envelope do vírus”.
A Influenza Suína apresenta sinais clínicos como a gripe em humanos. Os animais manifestam febre e coriza, mas seu diagnóstico não pode ser determinado apenas pelos sintomas: é preciso realizar a coleta de amostras da forma adequada e no momento ideal.
Após a exposição ao vírus, é comum que o animal apresente febre alta nas primeiras 24 horas. Com 48 horas, ele está no pico da excreção viral: momento ideal para detecção da doença a partir da secreção nasal ou fluído oral. “Entre 6 e 8 dias, inicia-se o processo da eliminação do vírus do organismo e as amostras coletadas não apresentam a mesma precisão na identificação da Influenza. Entre 10 a 14 dias, ocorre o pico da soroconversão, quando os anticorpos passam a ser detectados. O declínio da infecção começa a partir da 9ª semana”, explica a médica veterinária da Embrapa.
Augusto Heck, gerente técnico de suínos da BIOMIN, relata outros sintomas de alerta para os suinocultores. “Considera-se febril o animal com temperatura de 39,5ºC ou mais; mas 42ºC é uma característica comum dos que já estão contaminados. Outros sintomas que podem ser percebidos são secreção ocular e tosse muito forte, chamada paroxística. Ela pode até causar vômitos devido à intensidade”.
Heck destaca que Influenza Suína é uma das principais causas de pneumonias virais na suinocultura e em muitos sistema atinge 100% da taxa de morbidade nos suínos, ou seja, todos animais expostos se contaminam e cursam a doença. O conhecimento do seu modo de ação nos últimos anos tem levado a importantes descobertas sobre as melhores formas de enfrentá-la de forma rápida e eficaz.
“A resposta para o controle e a prevenção da Influenza estão atreladas ao estabelecimento de medidas rígidas de biosseguridade: observar as boas práticas de produção, como boa higiene, ventilação das instalações, limpeza e desinfecção das instalações entre lotes. Atenção especial aos animais novos que entram no rebanho, especialmente as fêmeas de reposição, além de evitar o contato de suínos com outras espécies e pessoas que manifestarem sinais clínicos de gripe, com estado febril. A vacinação tanto dos animais quanto dos profissionais envolvidos no processo de produção também é fundamental para garantir o alto status sanitário da granja e a saúde das pessoas”, completa o gerente técnico da Biomin.