CoronaVac 75% e AstraZeneca 90%: estudo indica efetividade de vacinas

Um estudo realizado a partir da análise de dados de 60 milhões de brasileiros vacinados entre janeiro e junho deste ano aponta que a as vacinas CoronaVac e a AstraZeneca são efetivas na prevenção de casos graves de Covid-19, hospitalizações e mortes. A pesquisa aponta, porém, que a efetividade de ambas as vacinas cai na faixa acima dos 90 anos e sugere uma dose de reforço para esse público.

 

“A AstraZeneca ofereceu aproximadamente 90% de efetividade contra hospitalização, admissão na UTI e morte, enquanto CoronaVac forneceu aproximadamente 75% de proteção após vacinação”, afirmam os pesquisadores no estudo.

Os dados foram publicados na quarta-feira (25) no formato de pré-print, ou seja, é uma prévia do estudo que ainda não passou pela revisão independente de outros cientistas e também não foi aprovado e publicado em uma revista científica.

O que é efetividade? É possível comparar vacinas?

 

 

É importante saliente a diferença entre os conceitos de taxa de efetividade e eficácia de uma vacina. A taxa de eficácia é medida em condições controladas nos estudos com voluntários, como nos testes de fase 3, enquanto que a efetividade é definida com base em dados da população vacinada.

Especialistas alertam que as taxas de efetividade das duas vacinas não podem ser comparadas para apontar qual é mais eficaz, pois elas foram aplicadas em públicos diferentes e em fases distintas da pandemia.

Estudo mostra efetividade da vacina AstraZeneca, no estudo identificada como Vaxzevria, e da CoronaVac contra internações e mortes por Covid. — Foto: Reprodução
Estudo mostra efetividade da vacina AstraZeneca, no estudo identificada como Vaxzevria, e da CoronaVac contra internações e mortes por Covid. — Foto: Reprodução

Pesquisa conjunta

 

 

A pesquisa atual sobre a vacina na população contou com o esforço conjunto de pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), da Universidade de Brasília (UNB), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), da London School of Hygiene & Tropical Medicine e da Fiocruz.

Ao todo, o estudo considerou os dados de 60,5 milhões de pessoas, das quais 21,9 milhões (36,2%) de pessoas foram imunizadas com a CoronaVac e 38,6 milhões (63,8%) com a AstraZeneca.

Veja abaixo os dados sobre a efetividade das vacinas:

CoronaVac

 

 

Efetividade em indivíduos de todas as idades e com o esquema vacinal completo (duas doses da vacina).

  • 54,2% apresentaram risco menor de infecção pelo coronavírus;
  • 72,6% menor risco de hospitalização;
  • 74,2% menor risco de admissão na UTI;
  • 74% menor risco de morte;

 

AstraZeneca

 

 

Efetividade em indivíduos de todas as idades e com o esquema vacinal completo (duas doses da vacina).

  • 70% apresentaram menor risco de infecção;
  • 86,8% menor risco de internação;
  • 88,1% menor risco de admissão na UTI;
  • 90,2% menor risco de morte;

 

Nos dois casos, a efetividade da vacina cai em indivíduos que não completaram o esquema vacinal e tomaram apenas uma dose da vacina.

Efetividade na população idosa

 

 

Dos 60,5 milhões de brasileiros que participaram da pesquisa, 26,8 milhões de pessoas (44,4% do total) tinham 60 anos ou mais.

Segundo os pesquisadores, os resultados foram semelhantes em todas as faixas etárias, com exceção do grupo acima de 90 anos.

Enquanto a redução no risco de hospitalização e morte em indivíduos completamente vacinados com CoronaVac entre 60 e 89 anos foi de 84,2% e 76,5%, respectivamente, esse percentual para 32,7% e 35,4% em pessoas acima dos 90 anos.

O mesmo se observa com a vacina feita pela Fiocruz. A taxa de efetividade contra hospitalizações (94,2%) e morte (93,3%) cai para 54,9% e 70,5% em maiores de 90 anos, respectivamente.

Em especial para esse grupo, os pesquisadores recomendam que seja aplicada uma terceira dose da vacina.

 

 

 

“Ambas as vacinas demonstraram eficácia contra a Covid-19 grave pessoas com até 80 anos. Nossos resultados sugerem que indivíduos com 90 anos ou mais podem se beneficiar de um terceira dose ou dose de reforço”, afirmam os pesquisadores.

Fonte G1