Berrante é o nome dado no Brasil pelos tropeiros, desde o período colonial, a um instrumento artesanal de sopro com tradição milenar, feito com chifre de boi, ou de outros animais, e que é muito utilizado na orientação e no comando do trabalho com o gado durante a lida diária dos vaqueiros tanto no campo das fazendas quanto na condução das boiadas pelas comitivas, equipes de peões em cavalos, burros e mulas, conduzindo gado por estradas e vias normalmente rurais.
O Pantanal, por conta de suas particularidades quanto ao terreno, relevo, clima e hidrografia, ainda é um dos poucos redutos da cultura das comitivas, onde peões pantaneiros passam até meses conduzindo boiadas dentro de uma dinâmica ainda pouco conhecida pela maioria das pessoas.
E foi com este intuito, de se resgatar, valorizar e projetar a cultura das comitivas pantaneiras da região de Coxim, município sul-mato-grossense à cerca de 250 quilômetros ao norte de Campo Grande, capital do estado, que no último sábado (21), teve início do I Encontro Folclórico de Comitivas Pantaneiras em Coxim – MS, evento financiado com recursos do Fundo de Investimentos Culturais de Mato Grosso do Sul – FIC/MS, através da Fundação de Cultura do Governo do Estado de
Mato Grosso do Sul.
Assim, às 17h00min de 21 de agosto de 2021, o toque do berrante ecoou na Praça João Ferreira de Albuquerque, em Coxim, pelas mãos e pelo fôlego do peão-pantaneiro Idalino Moreno, boiadeiro experiente do “Grupo 4T”, dando início à programação festiva onde, segundo estimativa da Polícia Militar, cerca de 250 pessoas se fizeram presentes degustando a tradicional matula-pantaneira, cuidadosamente preparada na cozinha folclórica de comitiva pantaneira instalada no evento, além de uma tenda com exposição fotográfica de comitivas do pantanal e outra com atrações musicais de artistas locais, além de um telão com a veiculação simultânea de um vídeo institucional da festividade e tradição das Comitivas do Pantanal da região de Coxim.
De acordo com a organização, coordenada pelo artesão e cozinheiro Júlio Pipoca, o evento respeitou seu plano de biossegurança frente à Pandemia COVID-19, disponibilizando máscaras, álcool-gel e orientações constantes com relação à higienização das mãos e protocolo de distanciamento social durante toda a programação tanto da estreia, no sábado, quanto na sequência, no domingo, informando também que, até o final do evento, que ocorrerá em 26 de setembro, um total estimado de cerca de 3 mil pessoas deverá passar pelo local.
Segundo o elaborador do projeto, o turismólogo Ariel Albrecht, “o fluxo está sendo controlado na praça para que haja uma média diária baixa de pessoas durante as celebrações, favorecendo o monitoramento das atividades, evitando aglomerações e preservando vidas”.
Ainda de acordo com ele, o projeto, elaborado em 2019, quando não havia Pandemia, necessitou passar por uma readequação em 2020 face ao COVID-19. Albrecht explica que o projeto inicial previa três dias e uma grande celebração, com média diária de mil pessoas, mas que, com a
readequação necessária, o mesmo passou a ser programado para acontecer em doze dias,
possibilitando, desta forma, a pulverização do público durante todos os dias do evento, evitando aglomerações e também problemas de ordem sanitária. “É para ter pouca gente mesmo…”, explica ele.
Três comitivas passaram pelo parque do evento durante final de semana, sendo a “Dos Amigos”, como anfitriã, e como convidadas a do “Sertanejo” e a “51”, esta última também conhecida como a “Comitiva do Nenê”.
O prefeito de Coxim, Dr. Edilson Magro, esteve na cerimônia de abertura do evento e ressaltou o papel do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul na promoção e difusão da cultura pantaneira regional bem como no incentivo para a retomada do crescimento econômico do estado neste momento pós-pandemia.