MS quer priorizar 3ª dose para idosos no lugar de vacinar todos os adolescentes

Imunidade de idosos tem reduzido recentemente e faz com que seja discutida possibilidade de dose de reforço

Em coletiva nesta manhã (17), o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, afirmou que Mato Grosso do Sul pretende priorizar a aplicação de uma terceira dose de reforço, de quaisquer imunizantes, para idosos, em detrimento à vacinação de adolescentes e crianças, contra a covid-19.

O titular da SES (Secretaria Estadual de Saúde) justifica que pessoas mais velhas, mesmo vacinadas com duas doses, têm apresentado redução na imunidade e voltaram a ser o principal grupo de risco da doença. “Hoje, está invertendo a lógica da morte de idosos, inclusive, idosos que já tenham completado o ciclo vacinal. Estamos num dilema”, pontuou.

Resende ressaltou pedido feito ao Ministério da Saúde, para permitir esse tipo de vacinação, mas disse que ainda não houve resposta.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), não há evidências científicas concretas, até agora, que comprovem a real necessidade e eficácia de uma nova aplicação de vacina. A entidade se posicionou sobre o assunto ao dizer que é iniciar a vacinação de toda a população antes de cogitar esse tipo de reforço, de forma a evitar o surgimento de novas variantes e garantir o mínimo de proteção a todos os indivíduos.

Na coletiva, o secretário estadual também defendeu que o intervalo entre as doses da Pfizer seja reduzido a 21 dias, ao invés de três meses, e que vacinas da Coronavac possam ser utilizadas em pessoas com menos de 18 anos. Vale destacar que, até o momento, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) só permitiu Pfizer a crianças e adolescentes.

Adolescentes – Na última semana, a pasta permitiu que municípios, que já tivessem vacinado com pelo menos a primeira dose todos os adultos, aplicassem vacina em adolescentes, de forma gradativa, a iniciar pelos 17 anos. Nesta terça-feira, por exemplo, Campo Grande tem vacinado população acima de 15 anos.

Questionado sobre a priorização, ele destacou que as doses não foram encaminhadas exclusivamente a esse grupo, mas que foi permitida vacinação de jovens, devido à falta de população adulta para ser vacinada em, pelo menos, 55 cidades sul-mato-grossenses. “Mato Grosso do Sul conseguiu [vacinar] toda sua população acima dos 18 anos. São raros os municípios que não fizeram isso nesse momento”.

Geraldo Resende disse que esse reforço da imunização de idosos, que têm apresentado declínio na imunidade, além da continuidade da cobertura vacinal com pelo menos uma dose, só será possível se o governo federal continuar a distribuir doses suficientes ao Estado.

Segundo ele, o Ministério da Saúde defende que não há defasagem nas doses encaminhadas, mas ainda não foi encaminhada resposta oficial. “Vamos verificar a resposta e se for preciso novo ofício, inclusive, se a gente possa contestar essa resposta, haveremos de fazê-lo ainda hoje”, garantiu.

Procurado nesta manhã via e-mail, a pasta federal não respondeu questionamentos da reportagem. Mato Grosso do Sul, que foi o terceiro estado brasileiro que mais recebeu vacinas, em relação a sua população total, já vacinou com pelo menos uma dose quase 65,7% de sua população total e imunizou 37,6%.

 

 

Por Guilherme Correia, Campo Grande News