Descoberto milho que se auto-fertiliza: Fim dos nitrogenados?

Foi descoberto na região de Sierra Mixe, no México, uma variedade de milho que captura nitrogênio no ar, dispensando assim o uso de fertilizantes. A novidade foi apresentada no Congresso Aapresid 2021, realizado na Argentina, por Alan Bennett, professor e pesquisador da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

O nitrogênio (N) é nutriente essencial para as plantas, e constitue 78% da atmosfera. Até agora apenas as leguminosas eram conhecidas por terem a capacidade de capturar e usar a molécula por meio da simbiose das raízes com bactérias. Para outras culturas, sempre foi necessário suprir N por meio do uso de fertilizantes inorgânicos, produzidos a partir de combustíveis fósseis – que consomem até 2% do suprimento total de energia do mundo e produzem gases de efeito estufa.

De acordo com Alan Bennett, na região mexicana de Sierra Mixe essa variedade de milho descoberta sobrevive em solos deficientes em N. De acordo com o cientista, esse milho cresce a uma altura de mais de cinco metros e exibe extensa formação de raízes aéreas em cada nó.

Segundo ele, ao contrário da maioria das variedades modernas de milho, em que a formação de raízes aéreas cessa após a transição para a fase adulta, a formação de raízes aéreas no milho de Sierra Mixe continua por muito tempo. Isso produz de três a quatro vezes mais raízes aéreas que secretam quantidades significativas de mucilagem (rica em arabinose, fucose e galactose) quando há umidade.

A equipe de pesquisa, liderada por Alan Bennett e Allen van Deynze, da UC Davis, apontou que essa variedade incomum do cereal obtém entre 29% a até 82% de seu nitrogênio do ar, sendo fixado por bactérias diazotróficas presentes na mucilagem das raízes aéreas.

“Embora estejamos muito longe de desenvolver uma característica semelhante de fixação de nitrogênio para o milho comercial, este é o primeiro passo para orientar pesquisas futuras sobre essa aplicação. A descoberta pode levar a uma redução do uso de fertilizantes nitrogenados e seus problemas associados, e também abre as portas para uma melhoria significativa no potencial genético, na sustentabilidade dos sistemas produtivos e na segurança alimentar desses países”, concluiu Bennett.

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