Estudo mostra como clima impactará a soja

Um estudo desenvolvido no Brasil buscou avaliar como as cultivares de soja reagem às mudanças climáticas e traçou a produção da oleaginosa entre 2040 e 2069. Intitulado “Impact assessment of soybean yield and water productivity in Brazil due to climate change”, foi realizado por Evandro Silva, engenheiro agrônomo, doutorando do PPG Engenharia de Sistemas Agrícolas da Esalq e conduzido em parceria com pesquisadores do Instituto Federal do Mato Grosso, da Embrapa e da Universidade Federal de Santa Maria (USFM/RS). A orientação foi do professor Fabio Marin, do departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq.

 

Foram conduzidos nove experimentos em várias localidades do país, com várias cultivares de soja em sistema de sequeiro. A partir de modelos matemáticos, foram simuladas as respostas dessas culturas em condições pré-estabelecidas e a produtividade da soja para 16 zonas agroclimáticas (CZs) estrategicamente selecionadas para representar a produção brasileira. “Nossa intenção foi prever respostas da cultura às estratégias de manejos diversas. Será que os produtores rurais brasileiros vão conseguir fornecer soja para o mundo nas próximas décadas?”, destaca o pesquisador.

No estudo foram isolados os fatores meteorológicos, sendo que os experimentos foram conduzidos de forma a não ter interferência de pragas, doenças ou deficiências de nutrientes. A ideia era estimar o comportamento da soja em determinadas condições e tipos de manejo.

 

Foram simulados os cenários que estimaram como seria a produção de soja entre 2040 e 2069. “Avaliamos como o clima vai impactar na cultura da soja a partir de vinte modelos climáticos globais desenvolvidos em diversos centros de pesquisas ao redor do mundo e além desses também utilizamos dois cenários de concentração futura de CO2”, aponta.

A área sojícola brasileira foi mapeada e os resultados indicam, de forma geral, que haverá uma redução do ciclo da soja em decorrência do aumento da temperatura de 2ºC em média e diminuição do volume de chuva em torno de entre 4,5 e 7,9%. “Os resultados indicam maior risco de quebra de safra, mas ao mesmo tempo, observamos aumento de produtividade com consumo menor de água pela planta, ou seja, são plantas mais econômicas em termos de consumo hídrico”, aponta Silva.

 

O estudo foi publicado no European Journal of Agronomy e pode ser conferido aqui.

AgrolinkEliza Maliszewski