Carne bovina: exportação recorde e arroba com preços estáveis

Há uma linha de equilíbrio entre a escassez de gado pronto para abate e a escala da indústria frigorífica. Melhor dizer, a indústria frigorífica exportadora. Outros elementos, também de forte importância, podem ser definidos por uma semana de grande agitação no varejo – com os consumidores finais no país, também a confirmação dessas “escalas” mais redondas, dos preços firmes e, nas exportações de julho, a demanda que recaía sobre a Argentina, migrando para os parques industriais brasileiros (o governo do país vizinho suspendeu as exportações de carne bovina para garantir o consumo interno, o que já prejudica muito a cadeia produtiva).

Os preços da arroba em Mato Grosso do Sul seguem bem estabelecidos no intervalo de R$ 305,50 até 310,50 para o pagamento à vista, e valores entre R$ 308,00 e R$ 312,00 para 30 dias. Pouca coisa muda, fator que mostra pouca competição por matéria-prima na indústria, resultado direto da gestão das plantas dos grandes grupos empresariais em todo Brasil, para administrar o abate da pouco oferta. A expectativa de agitação no mercado varejista de carnes é grande e é muito interessante observar como o varejo vai se comportar frente ao preço final para o consumidor.

As exportações de carne bovina no mês de julho foram excelentes. O maior volume diário embarcado em “um julho” da história, com média/dia de 7,56 mil toneladas, que somando os 22 dias uteis do último mês, alcançou o total de 166,29 mil toneladas (-1,77%) comparado a julho/20, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior.

O faturamento foi excelente, com total de US$ 902.596 milhões em julho deste ano, contra US$ 690.895 milhões de julho/20. O motivo é lógico! Preço médio da tonelada em US$ 5,427,7 mil! Alta de 32,98% comparado aos US$ 4.298,4 mil por tonelada, no mesmo período do último ano.

O fato é, mesmo com uma queda já perceptível no preço da carne suína lá na China, a demanda internacional por carne bovina segue muito aquecida pelos chineses. Há uma clara falta de produto no cenário internacional e, julho, contou com a entrada dos Estados Unidos na lista dos principais compradores de carne bovina brasileira.

Claro que a instabilidade comercial criada pelo Governo da Argentina, em mais uma decisão ruim para a produção rural e a economia daquele país, pesaram positivamente para elevação do preço da tonelada da carne bovina. A China, por exemplo, ficou com um fornecedor a menos e, certamente, com preocupações quanto a seriedade do Governo de Buenos Aires.

Quanto ao que se esperar para semana, poucas alterações aguardadas no mercado interno em relação aos pecuaristas. Mas pecuarista, observem, a tonelada da carne bovina alcançar mais de US$ 5.420…

Os motivos são pela valorização real do produto e por falta do mesmo no cenário internacional.

Também, posteriormente, pense na receita em Reais da indústria frigorífica exportadora e, por fim, entenda: ao considerar o “negócio carne bovina”, há muito espaço para elevações da arroba do gado pronto.

 

 

* Fabiano Reis é jornalista, mestre em Produção e Gestão Agroindustrial – CAMPO GRANDE NEWS