AMPLA VISÃO: Eleições de 1970 e 1974: personagens e reflexos

AUDADES: Quem chegou ao nosso Estado após 1978 naturalmente desconhece os nomes da constelação política da época e dos fatos agregados. Neste recesso parlamentar  aproveito para abordar as duas últimas eleições  havidas antes da criação do MS. A pauta visa também publicitar os protagonistas do período em que o Sul do antigo Mato Grosso tinha a maioria da população e da representação política como se pode verificar dos quadros abaixo.

DEU ARENA!: Mato Grosso (uno) – 1970 – a Arena elegeu 16 deputados estaduais e o MDB 2: Cecílio Jesús Gaeta (4.952 votos) e Cleómenes da Cunha (4.244).  Os demais (Arena) por ordem de votação:  Maçao Tadano (10.476 votos); Vicente Vuolo (10.436); Nelson Almeida (9.283); Benedito Canelas (8.987); Oscar Soares (8.842); Alexandrino Marques (7.970); Ruben Figueiró (7.408); Valdomiro Alves Gonçalves (7.381); Ivo Cersósimo (6.767); Levy Dias (6.525); Joaquim Nunes Rocha (6.438); Venício da Silva (6.421); Antônio Lins (6.226); Afro Stefanini ( 6.056); Carlos Albanese (6.043) e Londres Machado (5.826).

DEPUTADOS FEDERAIS (6)  eleitos naquela eleição ( a penúltima antes da divisão do Mato Grosso): José Garcia Neto –Arena – (32.390 votos); Ubaldo Barem – Arena – ( 23.592 votos); Marcílio Lima – Arena – (22.942 votos); Emanuel Pinheiro – Arena – (21.476 votos); Gastão Muller – Arena – (17.325 votos); João (Totó) da Câmara – Arena – (14.741 votos).

SENADO:  Eram 543.670 eleitores no pleito de 1970, apurados apenas 397.073 votos. Eleitos: Filinto Muller  – Arena – (Suplente Italívio Coelho) com 170.365 votos e Saldanha Derzi – Arena – (Suplente João Ponce de Arruda) com 146.257 votos.  Derrotados: Plínio Martins – MDB – (Suplente Bezerra Neto) com 80.451 votos.  Com a morte de Filinto em 11/07/1973, assumiu Italívio Coelho, exercendo o mandato até final de 1978.

ELEIÇÕES ESTADUAIS-1974: Eleitos (24) por ordem de votação: Ruben Figueiró  (Arena) (18.022 votos) ; Cecílio Gaeta (MDB) 12.222; Londres Machado (Arena) 11.240; Nelson Ramos (Arena) 11.240; Sergio Cruz (MDB) 11.148; João Filgueiras (Arena) 10.686; Oscar Soares (Arena) 10.206; Antônio C. da Costa (Arena) 10.189; José Amando (Arena) 9.832; Oscar Ribeiro (Arena) 8.990; Paulo Saldanha (Arena) 8839.

CONTINUANDO: Horácio Cersósimo (Arena) 8.838; Milton Figueiredo (Arena)  8.793; Leite Schimidt (Arena) 8.735; Afro Stefanini ( Arena)  8.351;  Cristino Cortes ( Arena) 7.899; Airton dos Reis (Arena) 7.100; Edson Pires (Arena) 7.066; Henrique P. de Freitas (MDB) 7054; Ari L. de Campos (Arena) 6;919; Carlos R. Albanese (Arena) 6.889; Valter Pereira (MDB) 6.136; Cleomenes da Cunha (MDB) 5401; Carlos Bezerra (MDB) 4.144.

CÂMARA E SENADO -1974:  Eleitos por ordem de votação: Ubaldo Barém (Arena) 24.838 votos; Benedito Canelas (Arena) 24.521; João Nunes Rocha (Arena) 24.414; Valdomiro Gonçalves (Arena) 23. 077; Vicente Vuolo (Arena) 22.544; Valter de Castro (MDB): 21.676; Gastão Muller (Arena) 21.610; Antônio Carlos de Oliveira (MDB) 19.731. Para a única vaga do Senado foi eleito Antônio Mendes Canale (Arena) derrotando Vicente Bezerra Neto – MDB – assumindo assim o mandato em fevereiro de 1975.

PRESIDENTES  da A. Legislativa de Mato Grosso – de 1947 – até a criação de Mato Grosso do sul: 1947 – Virgílio Alves Correa Neto; 1948/49 – Valdir dos Santos Pereira; 1950 – Jary Gomes; 1951 – Clóvis Ribeiro; 1952 – Rosário Congro; 1953 – Benedito Vaz Figueiredo; 1953 – Júlio Mario Abbot de Castro Pinto – 1954; Antônio Célio M. Spinelli – 1955; Rachid Mamed – 1956/57; Vicente Bezerra Neto – 1958; Wilson Dias de Pinho – 1959/60; Manoel de Oliveira Lima – 1961/63; Licínio Monteiro da Silva.

CONTINUANDO: 1962; Edyl Pereira Ferraz – 1964; Walderson Moraes Coelho – 1965; Renê Barbour – 1969; José Cerveira – 1970; Nelson Almeida – 1970/71; Waldomiro A. Gonçalves – 1973/75; Nelson Almeida – 1975/77; Paulo Saldanha – 1977/79 e Cleómenes da Cunha (vice presidente) que assumiu a presidência em dezembro de 1979 devido a renúncia de Paulo Saldanha, já eleito deputado estadual no MS.

GARCIA NETO: Natural de Rosário do Catete (SE); Prefeito de Cuiabá (1955/58) (UDN); vice governador de Fernando C. da Costa (1961/66) (UDN); deputado federal em 1967 e 1970 (Arena); eleito governador em 1974 (Arena); em 1978 renunciou e concorreu ao Senado pelo MDB, derrotado por Benedito Canelas (PDS). Em 1982 tentou de novo o Senado pelo MDB e perdeu para Roberto Campos (PDS). Nomeado diretor da Eletronorte em 1983, exerceu o cargo até 1988, quando encerrou o ciclo político desfiliando do MDB. Faleceu em Cuiabá em 2009 aos 87 anos de idade.

ANTONIO M. CANALE:  Natural de Miranda (MS); Deputado estadual (PSD) 1950 e 1954; nas eleições de 1958 ficou na suplência de deputado federal;  prefeito de Campo Grande de 1963/67(vice Nelson Trad); Senador em 1975 a 1982; Suplente ao Senado em 1983; presidente da Sudeco em 1985; tomou posse  no Senado em 1987 na vaga de Marcelo Miranda; foi o 1º Secretário e não concorreu a reeleição; de 1991 a 1995 ele foi Consultor Geral do Senado , Faleceu em 2006 aos 83 anos de idade.

JOSÉ FRAGELLI:  Natural de Corumbá (MS), ex-promotor de justiça, professor, deputado estadual entre 1947 a 1953, deputado federal de 1955 a 1959, governador  de Mato Grosso de 1970/74 e senador de 1980 a l987 ( no lugar de Pedrossian nomeado governador), presidindo o Senado nos dois últimos anos de mandato. Ocupou a presidência da República por 9 dias no Governo Sarney. Nos 40 anos de política integrou a UDN, Arena, PDS, PP e MDB. Faleceu em 30/04/2010 em Aquidauna aos 94 anos de idade.

ITALÍVIO COELHO:  Natural de Rio Brilhante (MS); filho de Laucídio Coelho,  irmão do ex-prefeito Lúdio Coelho, cunhado do ex-senador Saldanha Derzi e tio do ex-deputado Flavio Derzi. Advogado, eleito  deputado estadual em 1947 pela UDN;  retirou-se da política e assumiu a vice presidência do Banco Financial.  Em 1964 filiou-se filiou a Arena, elegendo-se suplente do Senador de Fillinto Muller. Com a morte de Filinto em 1973 assumiu o cargo. Em 1982 tentou o Senado pelo PDS e foi derrotado por Marcelo Miranda (MDB). Veio a falecer em 21/09/2005, aos 87 anos, em Campo Grande.

CASSIO L. BARROS: Pela fidelidade a UDN, atuação na política local e na defesa do Pantanal, o advogado corumbaense (nascido em 1927) foi escolhido vice de Garcia Neto. Assumiu o Governo em 15/08/1978 devido a renúncia do titular para disputar o Senado. Governou neste turbulento período de transição até 14 de março de l979, dando posse a Frederico Campos. Morreu aos 77 anos de idade, em 21/04/2004 na sua Corumbá.

WALDOMIRO GONÇALVES: O deputado por Cassilândia e região do Bolsão foi o único parlamentar a ocupar a presidência da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (  1973 a 1975) e de Mato Grosso do Sul no biênio 1981/82.  Ele também foi deputado federal entre 1975/78 e procurador do Ministério Público Estadual. Waldomiro faleceu em 2016 na capital do nosso Estado.

REGISTROS: Londres Machado é o único político remanescente do antigo Estado  de Mato Grosso que ainda detém mandato eletivo (deputado estadual). Por outro lado seus ex-colegas contemporâneos  de MS. – Antônio Carlos de Oliveira, Cecílio Jesus Gaeta, Cleomenes da Cunha, João Leite Schimdt, Paulo Saldanha, Levy Dias, Sergio Cruz e Valter Pereira não estão exercendo mandados parlamentares ou executivos. Os demais, falecidos.

ARREMATE: Eram outros tempos; longas distâncias, energia elétrica, rodovias e comunicações ruins.  A economia primária, dependente do Governo Federal. Viajar  de automóvel da divisa do Paraná a Cuiabá, por exemplo, era uma epopeia. Atender aos municípios, sem estrutura, exigia sacrifícios dos governantes e políticos. O Mato Grosso saltou dos 38 (na divisão) para 141 municípios. Já o nosso MS. contava com 56 cidades.

ESCOLHAS… O ex-deputado Edson Giroto (PL) (62) decidiu optar pelo anonimato; sai da política para virar agricultor. Uma saída ajuizada.  Já o ex-governador Puccinelli (73) (MDB) pretende  disputar o governo em 2022. Pelo visto, a experiência  humilhante das prisões  não o conduziu a necessária reflexão dos reais valores da vida. Fazer o que?

INSISTO: A engenharia da montagem dos quadros regionais (Estados)  depende, como sempre, das definições em nível federal. De cima para baixo! Há as hipóteses viáveis  e as alucinações.  Mas essa reforma ministerial no Planalto poderá refletir na conjuntura política e influenciar em candidaturas – transformando coadjuvantes em protagonistas inclusive.

CAFÉ AMIGO com Walter Carneiro Jr. ‘cap’ da Sanesul. MS. entrará na história  ao universalizar o sistema de esgoto sanitário.  A meta da empresa é atender em 10 anos cerca de 60 cidades e distritos com a rede coletora de esgoto em casa para que seja possível a destinação correta do resíduo coletado. Vamos ter mais saúde a custo menor. Parabéns Waltinho!

NA INTERNET: 

Na política é sempre é bom deixar um osso para a oposição roer.

O problema é que no Brasil há gente mais americana que os próprios americanos. (Lula)

Todos nós vamos morrer um dia. (Jair Bolsonaro)

Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre. (Rubem Alves)

Uma mentira repetida mil vezes torna-se música eletrônica. (Carlos Castelo)

Cada religião tem suas vantagens: o céu, pelo clima; o inferno, pela vida social. (Max Nunes)