Covid-19: Vacinação volta a priorizar grávidas e puérperas

O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira que gestantes e puérperas (mulheres até 45 dias pós-parto) sem doenças prévias voltam a ser prioridade do Programa Nacional de Imunização (PNI) para receber vacina contra a Covid-19. Essa orientação está presente em nota técnica da pasta, que orienta o uso da CoronaVac ou da Pfizer nesse grupo.

 

A vacina da AstraZeneca continua suspensa para essas mulheres, já que utiliza a tecnologia do vetor viral — a mesma da Janssen, aplicada em dose única, que também não será adotada no grupo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orientou na terça que ambos não fossem utilizados nessas mulheres, já que há risco de trombose, ainda que em casos extremamente raros. Mas as grávidas que já receberam a vacina da AstraZeneca vão completar a imunização com a mesma vacina, segundo o ministro.

A suspensão, recomendada pela Anvisa, foi anunciada em maio após a morte de uma gestante de 35 anos, que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) após receber a primeira dose da Covishield. Após investigar o caso, o ministério concluiu que o óbito, ocorrido no Rio de Janeiro, tem possível relação causal com o imunizante.

 

Segundo a secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Melo, 313.235 gestantes já se vacinaram contra a Covid-19 em todo o Brasil. Desse total, a mais aplicada foi a da Pfizer, com 201.452 doses, seguida da CoronaVac (63.581) e da AstraZeneca (40.202). A reportagem questionou a pasta se o quantitativo se refere à primeira ou à segunda dose e aguarda resposta.

Entre essas mulheres, houve 439 eventos adversos: 415 não graves e 24 graves, dos quais quatro resultaram em morte. Segundo o ministro Marcelo Queiroga, três óbitos não tiveram relação causal com a vacina. Para receber o imunizante, as mulheres devem apresentar prescrição médica.

Intercambialidade de doses

O cardiologista também criticou a mistura de vacinas, já adotada em diversos países a partir de estudos que demonstram eficácia. Queiroga também afirmou que a medida não está autorizada no Brasil:

— Não é recomendado. Não há evidência científica acerca de intercambialidade de vacinas na gestante, portanto vamos manter a orientação do Programa Nacional de Imunização.

 

O ministro criticou a decisão de estados e municípios que decidiram a aplicar a segunda dose de Pfizer em mulheres que haviam recebido a Covishield, da Universidade de Oxford com a AstraZeneca. A cidade do Rio de Janeiro autorizou, no fim de junho, a aplicação de segunda dose de Pfizer em gestantes que já haviam iniciado o esquema vacinal com a AstraZeneca. Já no Ceará, a decisão se estendeu a puérperas.

— Os senhores secretários estaduais e secretários municipais de saúde que, por acaso, queiram modificar essa orientação do PNI, não devem fazer por conta própria, devem fazer após aprovação do grupo intergestor do Programa Nacional de Imunização, apoiado pela Câmara Técnica. É claro que os secretários municipais ou estaduais têm autonomia, mas não pra mudar o cerne do que é discutido na política tripartite.

 

 

O Globo – Melissa Duarte