Entenda: febre e dor no corpo são reações comuns a vacinas contra a Covid-19 e não estão ligadas à eficácia do imunizante

À medida que aumenta o número de vacinados contra a Covid-19, crescem também as reclamações sobre reações adversas leves e moderadas, que afetam cerca de 25% dos vacinados, chegando a 50%.

Os mais comuns são os efeitos locais, como dor no braço e vermelhidão. Os sistêmicos, como febre, dor de cabeça e no corpo, também acontecem com frequência. Em geral, após 48h, essas reações, que não costumam ser incapacitantes, acabam.

Mas o fato de não sentir nada disso não significa que a vacina não vai ser eficaz, ressalta Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações:

— Tem gente que fica encucado se não tiver reação. Será que (a vacina) pegou? Isso não existe. Reação não significa nada em termos de eficácia.

Ficar com o braço dolorido também não prova erro na hora da aplicação, até porque, nos estudos, quando certamente as vacinas foram aplicadas por profissionais experientes, os relatos de efeito local chegaram a 10%. Nesse tipo de situação, Ballalai recomenda uma compressa fria.

Ela também é favorável ao uso de antitérmico para combater dor no corpo e febre:

— Não há contra indicação de fazer uso do paracetamol, listado na bula da AstraZeneca, que é a que costuma dar mais febre — afirma Ballalai, lembrando que a tecnologia da vacina da Janssen, de adenovírus, é a mesma, e as reações, portanto, costumam ser similares.

Já a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Sabin Institute (EUA), desaconselha o uso de antitérmicos. De acordo com ela, há estudos mostrando que o uso de paracetamol, principalmente antes da vacina, diminui a resposta imunogênica.

— O sistema imune trabalha melhor com temperatura elevada, a febre é uma aliada — explica Garrett, salientando que isso não significa que uma pessoa que não tenha tido febre ou tenha tomado um antitérmico não estará imunizada. — Se está muito desconfortável, pode tomar. Mas, se você tolera a febre, não tome para potencializar a reposta.

Segundo ela, a CoronaVac é menos reatogênica, e as vacinas de RNA dão mais reações na segunda dose.

Aguinaldo R. Pinto, professor professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina, faz outro alerta: o uso de anti-inflamatórios é desaconselhado para amainar reações “porque a inflamação é importante para formar resposta imune”.

 

 

*O Globo – Constança Tatsch