Conta de luz tem aumento de 5% em julho e agosto terá novo reajuste
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou ontem reajuste de 52% na bandeira vermelha patamar 2. A partir de julho, a taxa adicional cobrada nas contas de luz passará de R$ 6,24 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) para R$ 9,49.
Na prática, o consumidor paga mais que o valor referido, pois ainda impactam as taxas estaduais e municipais sobre a conta de luz.
Em Campo Grande, o aumento real sentido será de 5% na conta de energia elétrica já no mês que vem.
“O aumento da bandeira tarifária vai causar impacto de 5% nas contas. E pode ser maior dependendo da faixa de consumo e impostos”, explica a presidente do Conselho de Consumidores da Área de Concessão da Energisa MS (Concen), Rosimeire Costa.
O impacto deve ser ainda maior para agosto e nos próximos meses, já que a agência vai rever os parâmetros para cálculo da bandeira.
“Eles decidiram projetar um valor para cobrir o deficit para 2021. Aumentou 52% agora em julho e vamos pagar esse valor de R$ 9,49. Ficou acertado também que eles abrirão para audiência pública para flexibilizar o reajuste. O que pode fazer com que agosto tenha um novo valor. Até a semana que vem, essa flexibilização pode ser aprovada”, avalia Rosimeire.
Técnicos da Aneel haviam calculado que a cobrança extra na bandeira vermelha patamar 2 deveria ficar entre R$ 11,50 e R$ 12 para cobrir os custos da contratação de térmicas durante a maior crise hídrica dos últimos 90 anos.
Com a falta de chuvas entre junho e setembro, os principais reservatórios das usinas hidrelétricas do País sofrem com a seca, e as usinas térmicas passam a ser acionadas para garantir o abastecimento.
Conforme já adiantado pelo Correio do Estado, a energia gerada por termelétricas é 13 vezes mais cara que aquela gerada por hidrelétricas. Enquanto a energia térmica custa R$ 1,5 mil por megawatt [MW], a energia das hidrelétricas custa R$ 114 por MW.
TAXAS
O consumidor da Capital sentiu, além do aumento das bandeiras, a reajuste anual de 8,9% em 2021. Em janeiro, a bandeira tarifária vigente era amarela, e o morador de Campo Grande que consumiu 300 kWh no mês pagava R$ 297. Já em julho, com a bandeira vermelha patamar 2 reajustada, esse mesmo consumidor pagará R$ 354.
Ainda considerando o comparativo entre janeiro e julho, aquele que consome 600 kWh por mês pagou R$ 612 no primeiro mês do ano e agora desembolsará R$ 726 – aumento de 18% ou R$ 114.
Já aquele que utiliza 200 kWh mensalmente pagou R$ 192 em janeiro e vai pagar R$ 228 no próximo mês.
O cálculo considera o valor do kWh já com todos os tributos embutidos: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) recolhido pelo Estado, Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (Cosip) pelo município e PIS/Cofins pelo governo federal.
“Quando a gente fala que a cada 100 kWh pagaremos R$ 9,49 não é bem esse valor, porque ainda vai carregar os tributos e contribuições das três esferas do governo”, contextualiza Rosimeire.
Ainda de acordo com a presidente do Concen, se as tarifas locais, como o ICMS e Cosip, diminuíssem, os consumidores teriam uma queda nos valores.
Conforme dados da Aneel, o custo de 1 kWh seria de R$ 0,69 caso fosse livre das bandeiras tarifárias e dos tributos que incidem na conta. Com isso, um consumidor que utiliza 200 kWh por mês pagaria R$ 138, enquanto que com as taxas vigentes pagará R$ 228 no mês que vem.
Já para quem consome 600 kWh, o valor sem tributos ficaria em R$ 414, enquanto que com todas as taxas o desembolso chegará a R$ 726 em julho.
BANDEIRAS
A mudança nos valores das bandeiras foi aprovada e apresentada pelo diretor-geral da Aneel, André Pepitone. Ele sugeriu uma alteração no parâmetro dos cálculos, que passa a incorporar todos os cenários previstos para os próximos meses.
Em decorrência da crise hídrica, as estimativas apontam para os piores cenários.
“A gente não está promovendo aumento porque gosta ou porque quer, é uma realidade. O custo está aqui, está presente, o que estamos decidindo é o que fazer com esse custo. Se apresento agora, se apresento depois. Se apresentar depois, vou ter esse custo corrigido pela Selic (a taxa básica de juros)”, afirmou ao Estadão.
A agência também aprovou reajuste nas bandeiras amarela e vermelha patamar 1. Pela proposta, a taxa cobrada quando a agência acionar a bandeira amarela aumentará 39,5%, de R$ 1,343 a cada 100 kWh para R$ 1,874.
Já a bandeira vermelha 1, passará de R$ 4,169 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos para R$ 3,971 – redução de 4,75%.
Fonte: Correio do Estado – Súzan Benites