O Promotor de Justiça Marcos Alex Vera permanecerá na coordenadoria do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) até a conclusão da operação Coffee Break, que investiga um suposto esquema de compra de votos de vereadores pra cassar o prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal. A informação foi confirmada na tarde desta segunda-feira (28), em entrevista coletiva na sede do Ministério Público Estadual (MPE), pelo Procurador-Geral de Justiça adjunto Paulo Cezar dos Passos. Marcos Alex entregou o cargo na semana passada.
Passos afirmou que Marcos Alex só deixará o cargo depois que forem ajuizadas as “medidas judiciais dos envolvidos na operação” Coffee Break. O Promotor-Geral adjunto explicou que o substituto no cargo de coordenador do Gaeco ainda não foi definido, mas que provavelmente será algum integrante que compõe o grupo. “Vamos passar por um período de transição entre o promotor Marcos Alex e o próximo coordenador, que nós estamos deliberando, e que provavelmente será um dos membros que integram o Gaeco. O que já foi deliberado é que o próximo coordenador não irá atuar nas investigações, ele irá simplesmente atuar como coordenando os demais promotores que atuam na investigação e fazendo as análises que o Gaeco acaba determinando”, enfatizou Passos.
Passos revelou na coletiva que Marcos Alex já havia pedido para deixar a coordenadoria em dezembro de 2014, por motivos pessoais. Entretanto, foi mantido no cargo a pedido de Passos, que julgou necessária sua permanência na função.
Marcos Alex não participou da entrevista. Ele está de férias e deve voltar ao trabalho no dia 7 de janeiro. Em nota, o coordenador do Gaeco disse que as investigações da Coffee Break são complexas e que seus resultados levarão os envolvidos a responder judicialmente por suas condutas. Ele ainda falou sobre os ataques que sofreu na última semana “por alguns, que tem atuado de forma desleal e sorrateira” para “desqualificar a investigação e os investigadores e confundir a opinião pública”. A nota foi lida na íntegra por Passos na coletiva.
Passos destacou que as investigações da Coffee Break devem ser concluídas em até 60 dias. E, segundo ele, para evitar divergências, todas as informações sobre a operação serão repassadas apenas pela assessoria do MPE.
Entenda o caso
Na semana passada, a Procuradoria-Geral de Justiça anunciou a saída de Marcos Alex da coordenação do Gaeco. Ele teria pedido exoneração depois de entregar o relatório a operação Coffee Break. O relatório de Marcos Alex sugere o indiciamento de 23 pessoas. São 13 vereadores, Gilmar Olarte, o ex-prefeito Nelson Trad Filho, o ex-governador André Pucinelli e o empreiteiro João Amorim.
Manifestação
Manifestantes se organizaram pelas redes sociais e outros meios de comunicação para fazer um abraço solidário na sede do Gaeco, em Campo Grande, no domingo (27) em apoio ao promotor Marcos Alex que teria entregue o cargo à Procuradoria-Geral de Justiça.
Cerca de 100 pessoas de diferentes segmentos da sociedade estiveram no ato cívico. Os participantes cantaram o hino nacional durante o abraço e depois saíram em carreata e passaram pela casa do ex-governador André Puccinelli (PMDB), prefeitura de Campo Grande e Câmara Municipal.
Com um holofote, várias pessoas incitaram à indignação pela saída do promotor que esteve à frente da operação Coffee Break que investigou o suposto esquema de compra de votos que resultou cassação do mandato do prefeito Alcides Bernal, em março de 2014. Essa investigação surgiu a partir da operação Lama Asfáltica, que investigou desvio de recursos públicos de obras do governo do estado.
G1 MS