Estudo confirma que cães e gatos também podem se infectar com o coronavírus
Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmou que animais de estimação, como cães e gatos, também podem se infectar com o coronavírus.
A pesquisa, que foi publicada pela revista científica internacional Plos One, analisou 21 pacientes com RT-PCR positivo, suas famílias e seus 39 animais de estimação (29 cães e 10 gatos) na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, entre maio e outubro de 2020.
Foram feitas até três coletas em dias diferentes de cada animal, sendo a última coleta repetida cerca de 30 dias da primeira.
Os principais resultados do estudo indicaram que quase a metade destes domicílios apresentavam um ou mais animais de estimação positivos para a doença. Foram nove cachorros (31%) e quatro gatos (40%) infectados ou expostos ao coronavírus.
Estes animais apresentaram o vírus de 11 a 51 dias após o aparecimento dos primeiros sintomas de seus tutores. Entre os cães, três apresentaram dois testes positivos realizados num intervalo de 14, 30 e 31 dias.
O coordenador do estudo, o médico infectologista Guilherme Calvet destacou que 46% dos animais infectados apresentaram sinais clínicos leves e reversíveis, que podiam estar associados a infecção pelo vírus.
“As amostras de sangue determinaram presença de anticorpos contra o Sars-CoV-2 em um cão e em dois gatos”, explicou Calvet.
Até o momento está comprovado que gatos são mais susceptíveis a infecção pelo novo coronavírus do que os cães e podem transmitir esse vírus para outros gatos em condições de laboratório.
No entanto, não está comprovada a transmissão do novo coronavírus dos cães para outros cães, ou para gatos.
Mesmo sendo possível a infecção, os cães e gatos raramente contraem o vírus e dificilmente apresentam doença. Quando doentes, a infecção é de curta duração e o vírus é encontrado geralmente em quantidade muito baixa.
A baixa quantidade de vírus pode ser uma das consequências do fato de que não há comprovação de que cães e gatos possam transmitir naturalmente o coronavírus, ou ser fonte de infecção para seres humanos.
Além disso, foi observado que animais castrados são mais suscetíveis a contrair a doença, e que dividir a cama com o tutor eleva o risco de infecção.
A indicação de Calvet é que as pessoas contaminadas pratiquem o isolamento social inclusive com seus animais de estimação.
Os casos apresentados no artigo foram notificados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil que também notificou os casos na plataforma da The World Organization for Animal Health (OIE).
“Este trabalho é de grande importância, uma vez que não estava claro, no início da pandemia do Sars-CoV-2, se os animais domésticos poderiam se infectar ou transmitir o vírus”, disse o médico.
O que fazer se o seu animal contrair a Covid-19:
- Manipular o animal com a proteção de luvas e máscaras e higienizar as mãos depois do contato;
- Não abraçar, acariciar, beijar ou compartilhar comida com o animal;
- Isolar o animal de outros da casa por 14 dias;
- Se o tutor se infectou com o vírus deve manter o distanciamento do animal e só interagir com ele com máscaras e depois de higienizar as mãos;
- As fezes devem ser recolhidas com uso de luvas, uma vez que podem conter o vírus;
- Não há nenhuma recomendação de uso de máscaras pelos animais e o álcool em gel não deve ser utilizado por eles.
*Correio do Estado – Gabrielle Tavares