Enem 2021 só deverá ser aplicado no ano que vem
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 deverá ser aplicado só em janeiro de 2022. A informação foi dada por Danilo Dupas Ribeiro, presidente do órgão responsável pela prova, ao Conselho Nacional de Educação (CNE).
Procurada pelo G1, a presidente do CNE, Maria Helena Guimarães de Castro, confirmou a informação. Segundo ela, Ribeiro afirmou que há problemas no orçamento para a realização da prova e que uma portaria deverá ser publicada nesta sexta-feira (14) sobre o tema.
A edição anterior do Enem, a de 2020, também foi aplicada fora do ano previsto. A pandemia fez com que a prova fosse adiada para janeiro de 2021.
Ribeiro é presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação (MEC) responsável pela prova. O CNE é o órgão que assessora o MEC na elaboração de políticas nacionais.
Uma portaria publicada nesta quarta-feira (11) com as metas globais do não inclui a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, considerado o maior vestibular do país.
Nesta semana, uma portaria publicada com as metas do ano para o Inep não previam a realização do exame, somente “planejamento e preparação técnica”. Segundo o documento, elas foram elaboradas a partir da análise do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA).
Questionado, o Inep informou que “trabalha” junto ao MEC para “realizar o Enem”, sem dar mais detalhes (leia mais abaixo). O G1 havia questionado novamente às 16h25 desta quarta se a edição 2021 do Enem tem a realização garantida neste ano, mas não obteve retorno.
Outras provas feitas pelo Inep constam entre as metas com a descrição de “exames realizados“, como o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras) e Exame Nacional de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).
Também estão previstas a realização do Censo do Ensino Superior e da Educação Básica.
Em 2020, as metas globais foram publicadas no Boletim de Serviço Eletrônico do Inep em 6 de março. Em outubro, uma nova portaria foi publicada excluindo a realização do Enem naquele ano. O exame foi adiado devido à pandemia.
Em 2019, a portaria com as metas do Inep foi publicada em 28 de fevereiro no “Diário Oficial da União”, e incluia a realização do Enem.
Realização do Enem 2021
Questionado sobre a realização do Enem, o Inep enviou nota em que diz: “O Ministério da Educação e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) trabalham para realizar o Enem em 2021. O edital referente aos pedidos de isenção da taxa de inscrição já foi inclusive publicado. O sistema será aberto para solicitações de isenção na próxima semana, em 17 de maio.”
O edital ao qual o instituto se refere informa o prazo para pedir isenção, mas não estipula data da prova ou quando as inscrições serão abertas. À época, a assessoria de comunicação do Inep informou por telefone ao G1 que ainda não havia uma data precisa porque estava avaliando os cenários da pandemia.
Servidores do Inep ouvidos pelo G1 afirmam que as metas globais estão seguindo o orçamento disponível, e que poderá ser revisto se houver liberação de créditos. A rigor, avaliam, a aplicação deveria estar entre elas.
‘Asfixia’ no orçamento da educação
A redução orçamentária que atinge o Ministério da Educação está colocando em xeque o funcionamento do ensino superior público.
Em 11 anos, orçamento do MEC para as universidades federais caiu 37%, se considerada a correção da inflação. A queda ocorre nas despesas discricionárias, que excluem o pagamento de salários e aposentadorias.
O vice-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Rocha, afirmou que “não dá para manter” o funcionamento com o orçamento destinado à instituição. Já o reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcus David, afirmou em entrevista em abril que “a ciência e a tecnologia acabaram”. A Universidade de Brasília (UnB) informou que o caixa de recursos para investimentos em 2021 está zerado e que só há recursos de custeio, que são as despesas obrigatórias.
Por Elida Oliveira, G1