Acusado de torturar e estuprar a ex-namorada por cerca de 4 horas, um assistente farmacêutico de 31 anos foi “perdoado” por júri popular pelo crime de tentativa de homicídio. Para os jurados, “não houve a intenção de matar”, embora a vítima tenha relatado as horas de horror.
Depois do caso ter sido remetido a um juiz, já que em júris são analisados apenas acusações de crimes dolosos contra a vida, o homem foi condenado a 12 anos de prisão por cometer contra a vítima lesão corporal grave e pela violência sexual.
Tudo começou depois que a vítima decidiu, em 13 de abril de 2019, atender a ligações de número privado. Ela sabia que se tratava do ex, ligando incessantemente e queria pedir que ele parasse. Ela relata que os dois tiveram relacionamento de 1 ano e 4 meses muito conturbado pelo excesso de ciúmes do homem.
Consta na denúncia que naquele mesmo dia, o homem invadiu a casa da ex, em Paranaíba, pulando o muro e passou a madrugada trancado com ela. Ele obrigou a mulher a destravar o celular e quando descobriu que ela estava conversando com outros homens, entre 2h e 6h, ele agrediu-a com tapas e socos, puxões de cabelo, a esfaqueou e tentou asfixiá-la.
Durante a sessão de tortura, o farmacêutico também tentou fazer sexo com a mulher. O estupro ficou comprovado pelas lesões deixadas na vagina da vítima depois que o agressor tentou masturbar a ex com os dedos.
A mulher só conseguiu escapar depois que o algoz decidiu levá-la até a casa da mãe dele e no local, com uma faca na mão, foi impedido por parentes de continuar as agressões.
Trâmite processual – O farmacêutico foi a júri no dia 16 de outubro do ano passado, mas os jurados entenderam que “não houve intenção de matar”, desclassificando o crime para lesão corporal grave.
Sentenciado por juiz, ele recebeu pena total de 11 anos de reclusão, sendo 2 anos e 4 meses pela lesão e 8 anos e 8 meses pelo estupro, em regime fechado e sem direito de recorrer em liberdade.
Tanto MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que faz a acusação, quanto a defesa do réu recorreram, mas desembargadores 1ª Câmara Criminal do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) decidiram pelo aumento da pena pela agressão sexual para 10 anos 8 meses e 18 dias de reclusão, conforme publicado no Diário da Justiça desta quarta-feira (5).
Os nomes da vítima e autor não foram divulgados porque o processo tramita em segredo de Justiça.
Por Anahi Zurutuza – CAMPO GRANDE NEWS